sábado, 1 de novembro de 2008

... as gordas com... "furacão deslindado"???...

... de porta em porta!!!...

… de porta em porta,

o tempo
chora,

zumbe o vento,
irrequieto,

aqui, bem perto,

uma nuvem derrama lágrima,
que avassala,
que confunde, cala,
inunda,
terra, casa,
tristeza que… se instala,

ramos secos, amarelados,
nas folhas que vão caindo,
extensos braços,
esvaindo
seus estertores,
algumas dores,

longos tapetes amaciados,
por tantos lados,

olhos cerrados… finos traços,
mais sossegados,
furtivos gestos,
quando… inquietos!!!...

… outonal,
para nosso mal,
já fomos, já passou,
vida que não finou,

encanecidos,
frontes enrugadas,
mais pensativos,
mentes paradas,

obsessivas, na contemplação,
doce visão,
não esquecidas,
o vento sopra,
a chuva cai,
a folha vai,

o tempo… traça,
de porta em porta,
enquanto geme, enquanto chora,

não pára… vai embora,
deixa pelo chão,
fofa camada,
folhas caídas,
imensidão,
vidas sentidas,

nuvens… esvaídas,

cinzentos que são
os pensamentos,
nestes momentos!!!... Sherpas!!!...

... dia de "derby"!!!...




… dia de derby, dia de craques,
dia de fintas, de ataques,
dia louco, radiante, estonteante,
dia de estádio, de gritos, de claques,
dia de fúria, extravagante,
entre verdes, encarnados,
semeados por tantos lados,
torcidas, bebidas… postados,
bem sentados, aguardando,
nervosos, ansiosos, deslocados,
alegres, ruidosos, vão andando,
embandeirados, disfarçados,
nas estradas, quando em carros,
cachecóis esvoaçando… ao vento!!!...


… sorrisos abertos, expectantes,
dia de festa, o que lhes resta,
produto raro, ingresso caro,
não há choro, não há lamento,
o que se leva, tal como dantes,
futebol, cervejola, o que não presta,
doce ilusão, mais que paixão,
incerteza, desemprego, imprecisão,
dia de bola, dia de craques,
de fintas, de defesas, de ataques,
ir ou não ir, na televisão,
gasto ou não gasto… indecisão!!!...

… grande ou pequeno, alinhado,
devidamente equipado,
uma fé, uma inclinação,
dor que sente, aperto de coração,
triste ou contente, quando, de repente,
num salto enorme, com emoção,
quase não come, tão pouco sente,
aquela fome, numa jogada arriscada,
que dá um golo, mesmo à tangente,
colocando à frente, o mais que tudo,
o melhor de todo o Mundo,
verde, encarnado,
o mais amado,
dia de bola, dia de craques,
dia de defesas, dia… de ataques!!!...

… café bem cheio, televisão aberta,
ambiente carregado, pouca conversa,
copo que se ergue,
bebida que se bebe,
estádio repleto, bem composto,
lá, no local, na catedral,
bem sentadinho, no assento, no posto,
olhos que não despegam,
que seguem a jogada,
quase não vêem, não enxergam,
ambiente que arrasta, bola parada,
apito que agita,
multidão que grita,
como uma onda,
quanta cor, colorida,
uma paragem, bola redonda,
um vencedor, vai de vencida,
naquela pausa, naquela vida,
naquela visão, curta… imprecisa,
não definida!!!... Sherpas!!!...

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

... as gordas com... badaladas!!!...

... estou em picos!!!... (antiga)

…já o tinha escrevinhado, há uma semana mas, não o editei, porque estava…como o tinha referido, em picos, meus amigos!!!...Já regressado, compensado, de baterias carregadas, ou descarregadas, consoante o ângulo, retomo este cantinho, este meu espaço, onde me debruço, onde leio, onde vejo, onde penso, em comunhão…esta ilusão, esta paixão, na vossa companhia…a de todos!!!...

…estou em picos, ansioso…com nervoso miudinho!!!...É sempre assim quando, antes duma viagem, antevejo, o que desejo, concebo o que não vejo!!!...Para mim, viajar, sempre foi uma satisfação, um elo de ligação, entre mim e a minha mulher, comungamos do mesmo prazer…uma grande vontade de ver, de partilhar com outros, a nossa vida, o nosso ser, de nos enriquecermos com experiências únicas, vividas, nestas idas, nestas partidas, noutras terras, noutras paragens!!!...Está em nós, somos assim!!!...Tanto que eu gostaria que, estas sensações, nas viagens que realizamos, nos contactos que partilhamos, lá fora, à nossa custa, do nosso bolso, com custo…lá de vez em quando, não fosse meu privilégio, de tão poucos como eu, antes um lugar comum, tão vulgar em cada um, em todos…como natural!!!...

…quando miúdo, há muitos e muitos anos, quando a vida era uma miséria, quase como agora, recordo e lembro que, na minha terra, havia cerca de três ou quatro automóveis e…a camioneta da carreira, a que chegava à mesma hora…pelo meio do dia, às 12, mais minuto, menos minuto, era um acontecimento, para mim, para os da minha idade, para os graúdos!!!...Sentia cá dentro, muito no fundo, um desejo enorme de partir…conhecer um pouco do Mundo!!!...O tempo foi passando e o meu pai comprou um Balila, um Ford antigo, negro, com manivela e tudo!!!...Quando, aos fins-de-semana, o meu saudoso progenitor se decidia dar um passeio, com os cunhados…comigo e com os meus irmãos, éramos três, logo pela madrugada, ainda o sol estava dormindo, partíamos!!!...Com conversas variadas dos adultos, com birras e querelas, entre os manos…lá íamos!!!...Quando o Sol nascia, estremunhado, era fatal, virados para o dito, em grupo, o primeiro chichi da viagem, na primeira paragem, com risos, mais bem dispostos…já sem sono, acordados!!!...Passámos por muitas terras, fomos ao norte, fomos ao sul, estivemos em Lisboa…tivemos muitas avarias, vários furos!!!...Talvez daí…me venha esta vontade, de andar, de correr, de viajar…quando posso!!!...

…tive a sorte de juntar o meu destino com a mulher que me acompanha, desde há muito, participe das mesmas ideias, quanto a deslocações, não em grupo… como gostamos, um com o outro, de camioneta, em tempos, de comboio, de carro, com tendas de campismo, em parques…de avião, mais tarde, pela distância mas, aqui ao pé, pela Europa…ilhas, portuguesas e espanholas, tudo isto depois duma passagem obrigatória, a minha, pelo continente africano, como soldado forçado, numa guerra injusta, como todas elas…as irracionais, as das brutas feras!!!...Nunca atirei um tiro contra um meu semelhante…pelo que me congratulo, sou dos que pensam que o ser humano é um monumento tão belo, tão precioso, que atentar contra ele, é uma selvajaria, uma hediondez, uma barbárie, ao invés dos beatos, dos que batem com a mão no peito e, ao mesmo tempo, são favoráveis às ditas!!!...Enfim, a hipocrisia e a mentira campeiam e eu, por mais que tente…não os compreendo!!!...Nunca atravessei o charco, nem para os Brasis, nem para os States …sinto pena!!!...Natural que já não o faça!!!...

…ao invés da maior parte dos meus patrícios, alentejanos da minha terra, fui um sortudo, um fulano que usufruiu, deste modo…naturalmente!!!...Ultimamente, tenho visto, aplaudo mas…é pouco, não chega, simples migalhinhas, grupos de idosos, de terreolas pequenas que… por iniciativa das autarquias, lá vão dar uma voltinha de avião até ao País vizinho, ao Porto ou ao Algarve, tanto faz!!!...Um rebuçadinho aos que, por motivos vários, falados e repetidos…nunca tinham saído do largo, do adro, do banco, do poial duma porta qualquer, sentados, vendo a vida passar!!!...É positivo mas peca…por pouco e tardio!!!...Em contrapartida, à custa do erário público, do nosso bolso, dos que pagamos impostos…quantos caretas, quantos políticos, eleitos ou não, os do topo, os da mediania, não fazem, do seu dia-a-dia, como normal, usual, vulgaríssimo até…esse desporto, viajar!!!...Bem instalados, com todo o conforto…de borla, fazendo do Povo, um pacóvio, um estarola!!!...Minudências e…extravagâncias!!!...

…estou em picos, ansioso…com nervoso miudinho… vou viajar!!!...Quando possam, quando se mentalizarem nessa, façam o mesmo!!!...Entretanto, para que todos possam fazer o mesmo, vou exigindo mais equidade, mais equilíbrio…mais justiça social!!!...O sol, quando nasce…é para todos!!!...Desde pequeno, quando virado para ele, no início duma viagem qualquer, a fazer o meu chichi, com o meu pai e o meu irmão que, queira ou não, penso assim e…lamento, choro, tenho pena, grito e berro, expectante que…o sol da madrugada, não seja um auguro esperançoso, mais risonho, especialmente, para os menos afortunados…os postos de lado!!!...Mas, quem sou eu???...Abraço do Sherpas!!!...

... espécie de Cinderela!!!...




…espécie de Cinderela,
durante o dia, uma vergonha,
abuso, maus tratos… peçonha,
beleza disfarçada, uma tela,
perfeita, sem mácula,
uma estrela… andrajosa,
está bom de ver,
podem crer, de tão formosa,
enteada, um ter de ser,
escrava, bem escravizada,
bela e fogosa,
um trapo, um desfazer,
mau bocado… sempre a varrer,
a esfregar, a limpar, a coser,
sempre a dar, o corpinho ao manifesto,
sem um queixume, sem um protesto,
pobre da Cinderela,
tão fogosa, sem mácula… tão bela!!!...

… passam-se dias, meses… anos,
com montes de enganos,
como uma Cinderela,
escravizados, com maus bocados,
com Pátria… tão madrasta,
que contrasta,
entre filhos, enteados,
borra a pintura,
que amargura,
quando engana, quando ludibria,
quando desafia,
num logro que continua,
à luz do Sol, à luz da Lua,
permanentemente,
como quem mente,
duma maneira… indecente,
pobre e bela… Cinderela,
nunca mais chegas, com tua beleza,
a formosa e casta… princesa!!!...

… a do conto, a da estória,
durante o dia… abusada,
com madrinha dilecta, diligente,
com toque de varinha de condão,
revirava… ia-se embora,
em carruagem apropriada,
outra gente,
com magia, com ilusão,
ao longo da noite, na escuridão,
era beleza, sem igual,
com trapinhos adequados,
com sedas, com cetins, com doirados,
com sapatinhos… a condizer,
era um regalo ver,
num baile elegante, um espanto,
uma paixão, um encanto,
um sapato que se perde,
um achado,
um repente, a Lua que se vai,
o Sol que… se ergue,
quase, mau bocado,
quem se levanta… também cai!!!...

… tão caídos que estamos,
pobres de nós, Cinderelas,
que mal nos encontramos,
sem Lua, sem estrelas,
desmandos,
sem sapatinhos ligeiros,
transformados em bananas,
com padrastos, com madrastas,
anos e anos… inteiros,
sem varinhas, sem magias, sem fadas,
tratados… com devaneios,
mal arroupados, uns frangalhos,
caminhando por atalhos,
longe da boa vida,
a que nos foi prometida,
sem príncipe de encantar,
aqui… neste lugar!!!...

… é, falta-nos o sapatinho,
um pé delicado, a condizer,
um príncipe, uma promessa,
uma harmonia, um hino,
um toque de varinha, um querer,
uma procura que… não cessa,
para fazermos como a Cinderela,
tão fogosa, cândida e bela,
um trapo… posto de lado,
um caminho aberto, amplo… encontrado,
magia, pura magia,
com planos… com tecnologia???...

… por enquanto somos… Cinderela,
na Pátria formosa e bela,
com madrastas e padrastos,
com restos e… muitos cacos!!!... Sherpas!!!...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

... de borla... é mais barato!!!...

... escravos modernos!!!...




... recôndito que é muito meu,
acordado, rendido nos braços de Morfeu,
incessantemente,
procuro resposta adequada,
razão lógica sobre o que me aflige,
enraivece, atinge,
rasga, como relâmpago inesperado em noite escura de trovoada,
toda esta pasmaceira,
cegueira colectiva,
que não convida,
esconde, mistifica realidade incomodativa
no cerne do que conheço,
gregário que se comprime,
aborreço,

insisto, com teimosia que me caracteriza,
inferniza,
depauperos que me envergonham,
centauros informes que vomitam centelhas incandescentes,
monstruosas criaturas que se pespegam sobre inocentes,
distinção que inferioriza,
escravização de multidões,
raças que sossobram sob jugo desses ferozes,
carnes que minguam, esqueletos que sobressaem,
lágrimas que não correm,
vidas que caem,

quantos vivos, nascidos já mortos,
morrem constantemente,
são gente, são mundos,
aflição permanente,
pesadelos que me agastam, profundos,
postos, repostos,
luminescências fantasmagóricas gritantes,
alienação, perseguição constante,
quadros tão vis, degradantes,

incontrolável,
arrastado perante o que vou vendo,
crente adversário da adversidade,
não disfarço,
não prometo,
berro por dentro,
sonho com Fénix renascida das cinzas do descontentamento,
alinho palavras ácidas, agrestes, ventanias gélidas, repentinas,
tento alterar realidade,
alteio o que se não louva, louvável,
caritativo, amável,
por dádiva, por feito gravado nos recôncavos orbitais das retinas,
palavras, actos que engrandecem,
se não agradecem,
compreendem,
tão natural face ao que está mal,
tanto triste na Terra, tanta penúria de Natal,

inversão do cataclismo que se avoluma,
intempérie sempre presente,
em qualquer recanto se arruma,
vítimas que se atolam, incontáveis,
conversas intermináveis, sorrisos que são precisos,
bebidos, babados,
começos acabados,
convencidos, perdidos,
seguros, incertos,
dispersos nos majestáticos encontros,
recontros que são contos,
passados infindáveis,
viajados em mirabolante caminhada de enganos,
entretenimento dos descontentes inumeráveis,
reuniões de falsários,
escondidas em armários
dores, chagas, pavores, fomes,
doenças, mortes escabrosas,
imagens, escândalos, personagens faltosas,

são líderes, são chefes, são claques, são gangues,
dementes conscientes, irracionais que se postam,
arrimam, colocam,
peroram, apostam,
pequenos vaidosos, diversos pândegos e pategos como antes,
repetição de erros, afinação duma situação,
coitados que são,
tão poucos, tão loucos na imensidão,
tratados, convénios,
tão falhos, ingénuos,
canalhas convictos, delongas na solução,
impérios que se formam, blocos tão extensos,
dinheiros apensos,
tristezas que fazem montanhas de mortos,
são mentes, são corpos,

soluços que sinto no peito,
convulsos na raiva que se transmuta em choro imperfeito,
sentidos num deserto de pensamentos,
vácuo tão denso que me tolda,
não molda,
converte em grito que sinto,
escancaro boca que reabro, não reprimo,
ecoa no alto da montanha, no leito do rio,
no mar do Norte, tão frio,
estremeço estruturas de barro,
lamas que escorrem, misturam no chão,
viscosidades que vertem conteúdos abjectos
sobre os menos dilectos, não afectos,
indiferentes
a essas gentes,

são almas, são mentes, são corpos,
são mortos,
nesta nova era que se espera,
a da suprema... escravidão!!!... Sherpas!!!...

... corais!!!...



... alegria incontida,
vertem-se lágrimas como pedras preciosas,
brilham quando caem,
jorram
cúmulos de tesouros de toda a vida,
transformam
como por magia,
processo de pura alquimia,
não resistindo à tentação,
em ametistas, topázios, diamantes, corais,
raridades esquisitas, formosas,

pérolas negras
brilhando na opacidade,
sofrimento de quem não sente,
rir continuado, alarve,
satisfação plena que goza,
manifestação própria de gente ornada por momentos,
repentes que alteram os sentidos,
convertem sentimentos,

riqueza de quem possui,
intui,
arca com conteúdo tão profundo
não rui,
ergue arcos, castelos
tão belos,
riqueza incomensurável,
eternidade que sustenta, mantém,
quando dá o que se tem,
derramando o que mais nos custa,
incalculável,
quase assusta,
inenarrável,

milagre, transformação,
panelões gigantescos,
colheres, apetrechos desmesurados,
fumegantes,
recipientes variados,
sensação,
como gigantes,
poder absoluto tão diferente,
contenção,
fantasia, obscuros calabouços,
construção
medieval num Merlim de Camelot,
lenda que se construiu

adequada para qualquer época,
anuência num imenso complô
fraternal, maternal, filial,
abissal,

somos tão poucos,
quando moucos,
quando loucos,
preciosidades que nos deslumbram,
acusam,
encobrem habilidades quando partilhamos,
não enganamos,
damos!!!... Sherpas!!!...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

... as gordas com... Barack Obama!!!...

... gota!!!...




... gota de água na torneira,
pinga que não pinga, cai que não cai,
pequeníssima parte de lago, de ribeira,
pedaço de nuvem que caiu
no chão,
sob calor intenso do Sol se vai,
evapora,
como lágrima que seca quando se chora,
pinga que não pinga,
cai que não cai,

sustentação dum sentimento,
manifestação,
amostragem do que se sente,
gota que se solta dum corpo,
que se mantém inerte,
que não verte,
que se nota, se aponta
quando desponta,
retenção
do que tem dentro do cano, do recipiente,

reboluda, uniforme,
brilhante, incipiente,
hesitante no seu trajecto, periclitante,
pedacinho dum gigante,
barragem extensa que se espraia,
cumulação de tantas gotas,
juntas, inundando vale, mais que prontas,

regando terras, pequenas esferas que se atropelam,
contidas por paredão,
encaminhadas ou não
dependendo da intenção,

choro desatado, emoção,
gotinhas que deslizam por faces juvenis,
adolescentes, infantis,
quereres absolutos, entregas,
dores, refregas,
espasmos de quem muito sofre,
soluços, gemidos, esgares,
carpimentos por quem falece,
algo que nos falta, que nos cobre,
enluta corpo, alma, desgraça,
tragédia que não esquece,
que perdura, não passa,

de mansinho,
pinga que não pinga,
cai que não cai,
lágrima que se solta, sai,
esparrama no solo,
deixando alívio, consolo,

equilibrada na torneira,
gota maravilhosa que resiste,
insiste,
lá está, ao longo de muitas horas,
a desoras,
esquecida num tem-te que não tem,
dependente de alguém,

coisa bela que reluz,
induz,
faz lembrar parte maior,
lago, ribeira, barragem,
amostragem,
pequeníssima parte,
com arte,
doce encanto, certo rubor,
reflexo dum entorno,
chama da lareira,
esplendor numa torneira,
fulgor!!!...

... gota, também é doença,
mal dos bem comidos,
excesso de purinas, quando se pensa,
que faz inchar, massacra
remediados, ricos,
com medicação, passa,
cai que não cai
quando nos vem, vai que não vai,
gota diferente
que ataca essa gente,
ácido úrico cumulativo,
com esta, me fico,

seguindo o seu caminho
na cara duma criança,
doença que vem, nos alcança,
parada numa torneira,
quase... sem eira nem beira!!!... Sherpas!!!...

... exaustos!!!...

… exaustos, doentes, com fome,
espalhados pelos cantos,
sem encantos,
deitados, rendidos,
perdidos,
tolhidos pelo medo, pelo frio,
numa manhã de intensa neblina,
um lamento, uma tosse, um arrepio,
com mar parado,
velas caídas, imensa cortina,
ruídos, sempre os mesmos,
consoante a ondulação,
mais leves, espaçados,
ao invés, por ali… no convés,
barcaça da aventura,
quanta dor, amargura,
noutros momentos, os dos tormentos,
raios, chuvas, ventos
soprando por todos os lados,
na tempestade que não deu descanso,
silêncios, medos,
marulhar intenso, feroz,
oceano que altera a sua voz,
pavores que os ultrapassam,
quantos monstros, visões,
os reduzem, assombram,
quantos gritos, quantas rezas, maldições,
noite de sofrimento, já passada,
acalmia repentina,
que se abate com a neblina,
velas caídas, imensa cortina,
rendidos, exaustos,
caídos por… todos os lados!!!...

… um entreabrir de olhos, um som que se entranha,
um espanto, incredulidade, corpos que se erguem,
perdidos, no meio da intensa neblina,
quanto se estranha,
um outro, mais alargado, prolongado,
caras que se interrogam, não mexem,
no mar espelhado, ali parado,
sem vistas, cortadas por densa cortina,
agitação, enquanto se erguem,
alguns sussurros, interrogações,
a brisa matinal vai soprando, de mansinho,
afasta a escura solidão, aquele vazio,
vai desfazendo todos os receios,
uma enseada se desenha, um recorte tão fino,
areal extenso, branco, de sonho,
sombreado por arvoredo espesso,
que Paraíso, doce lugar, belo cantinho,
extasiados, contemplam com devaneios,
onde se encontram, seu destino,
pergunta que faço, me ponho,
quando sofrido, doente, faminto,
recordo os meses… penso,
desde que partimos daquela praia lusitana,
vida rude, agreste… espartana!!!...

… arreiam os botes, marinhagem com remos,
desconfiados, receosos, lá vão,
alguns, ainda assim não tenham surpresas,
levam armas, precavidos que são,
olhos perspicazes esquadrinham a praia,
olham o denso matagal,
alongam seu olhar,
perdem-no no longínquo horizonte,
nos altos montes, nas serranias
que têm defronte,
receios e devaneios, em confronto,
vão remando, pensando,
encalham no areal, puxam o bote,
dão uns passos na orla, tocam no arvoredo,
dão uma corrida, dão um grito entalado na glote,
ficam parados, indecisos,
perante um magote de gentes estranhas,
com folhas, com penas,
com paus aguçados, sem roupas apenas,
surpresos também,
que chega, que vai, hesita, medita,
logo avança, se acerca!!!...


… dois grupos, dois Mundos,
olhares, toques, gestos,
meio inquietos, sorrisos manifestos,
bem acolhida aquela vinda, perdidos e confusos,
perplexos quedaram,
olharam, olharam,
grupos distintos, grupo tão nu,
por ali… ficou!!!...


… serão homens, serão Deuses,
cautelas, certezas,
receios, por vezes,
exaustos, com fome, doentes,
no meio daquelas gentes,
ali, nos confins do Mundo,
chegaram com nada,
ficaram… com tudo!!!... Sherpas!!!...