terça-feira, 28 de outubro de 2008

... exaustos!!!...

… exaustos, doentes, com fome,
espalhados pelos cantos,
sem encantos,
deitados, rendidos,
perdidos,
tolhidos pelo medo, pelo frio,
numa manhã de intensa neblina,
um lamento, uma tosse, um arrepio,
com mar parado,
velas caídas, imensa cortina,
ruídos, sempre os mesmos,
consoante a ondulação,
mais leves, espaçados,
ao invés, por ali… no convés,
barcaça da aventura,
quanta dor, amargura,
noutros momentos, os dos tormentos,
raios, chuvas, ventos
soprando por todos os lados,
na tempestade que não deu descanso,
silêncios, medos,
marulhar intenso, feroz,
oceano que altera a sua voz,
pavores que os ultrapassam,
quantos monstros, visões,
os reduzem, assombram,
quantos gritos, quantas rezas, maldições,
noite de sofrimento, já passada,
acalmia repentina,
que se abate com a neblina,
velas caídas, imensa cortina,
rendidos, exaustos,
caídos por… todos os lados!!!...

… um entreabrir de olhos, um som que se entranha,
um espanto, incredulidade, corpos que se erguem,
perdidos, no meio da intensa neblina,
quanto se estranha,
um outro, mais alargado, prolongado,
caras que se interrogam, não mexem,
no mar espelhado, ali parado,
sem vistas, cortadas por densa cortina,
agitação, enquanto se erguem,
alguns sussurros, interrogações,
a brisa matinal vai soprando, de mansinho,
afasta a escura solidão, aquele vazio,
vai desfazendo todos os receios,
uma enseada se desenha, um recorte tão fino,
areal extenso, branco, de sonho,
sombreado por arvoredo espesso,
que Paraíso, doce lugar, belo cantinho,
extasiados, contemplam com devaneios,
onde se encontram, seu destino,
pergunta que faço, me ponho,
quando sofrido, doente, faminto,
recordo os meses… penso,
desde que partimos daquela praia lusitana,
vida rude, agreste… espartana!!!...

… arreiam os botes, marinhagem com remos,
desconfiados, receosos, lá vão,
alguns, ainda assim não tenham surpresas,
levam armas, precavidos que são,
olhos perspicazes esquadrinham a praia,
olham o denso matagal,
alongam seu olhar,
perdem-no no longínquo horizonte,
nos altos montes, nas serranias
que têm defronte,
receios e devaneios, em confronto,
vão remando, pensando,
encalham no areal, puxam o bote,
dão uns passos na orla, tocam no arvoredo,
dão uma corrida, dão um grito entalado na glote,
ficam parados, indecisos,
perante um magote de gentes estranhas,
com folhas, com penas,
com paus aguçados, sem roupas apenas,
surpresos também,
que chega, que vai, hesita, medita,
logo avança, se acerca!!!...


… dois grupos, dois Mundos,
olhares, toques, gestos,
meio inquietos, sorrisos manifestos,
bem acolhida aquela vinda, perdidos e confusos,
perplexos quedaram,
olharam, olharam,
grupos distintos, grupo tão nu,
por ali… ficou!!!...


… serão homens, serão Deuses,
cautelas, certezas,
receios, por vezes,
exaustos, com fome, doentes,
no meio daquelas gentes,
ali, nos confins do Mundo,
chegaram com nada,
ficaram… com tudo!!!... Sherpas!!!...

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