... reposição de COISAS minhas, actuais e antigas, algumas fotografias!!!... Sherpas!!!...
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
... terra ressequida!!!...
…terra ressequida, gretada,
castanha, acinzentada… sem verdes,
sem cores, desesperada,
sem pasto, sem flores,
entristecida, sem viço,
silenciosa, sem ruído,
sem grito,
sem pujança, desesperança,
com sol, com vento,
numa fúria, numa dança,
lúgubre evento,
falha… num elemento,
mais que vital,
essencial,
sangue redentor,
líquido salvador,
água, que não cai,
que se esvai,
que se aguarda,
terra seca, cansada… gretada!!!...
…terra de pastoreio,
sem pasto, vazia… gretada,
ansiosa, sedenta,
contemplativa,
céu azul, sol inclemente,
permanente,
nuvem esparsa…que passa,
não se condói…não chora,
vai embora,
gado esfomeado,
rios que não cantam,
erva precisa, tom esverdeado,
campos que… não encantam,
desesperam,
esperam,
aguardam… sedentos,
secos,
terra gretada, sequiosa,
água…preciosa!!!...
…maldição…esta triste situação,
que se arrasta,
que permanece… que não passa,
seca… carestia,
há quanto tempo… se não via,
vida, sem vida,
expectante,
trabalho que… se não lida,
chuva que não cai,
nuvem que passa, que vai,
atmosfera… constante,
sol aberto, brilhante,
céu azul… permanente,
tristeza… de tanta gente!!!... Sherpas!!!...
castanha, acinzentada… sem verdes,
sem cores, desesperada,
sem pasto, sem flores,
entristecida, sem viço,
silenciosa, sem ruído,
sem grito,
sem pujança, desesperança,
com sol, com vento,
numa fúria, numa dança,
lúgubre evento,
falha… num elemento,
mais que vital,
essencial,
sangue redentor,
líquido salvador,
água, que não cai,
que se esvai,
que se aguarda,
terra seca, cansada… gretada!!!...
…terra de pastoreio,
sem pasto, vazia… gretada,
ansiosa, sedenta,
contemplativa,
céu azul, sol inclemente,
permanente,
nuvem esparsa…que passa,
não se condói…não chora,
vai embora,
gado esfomeado,
rios que não cantam,
erva precisa, tom esverdeado,
campos que… não encantam,
desesperam,
esperam,
aguardam… sedentos,
secos,
terra gretada, sequiosa,
água…preciosa!!!...
…maldição…esta triste situação,
que se arrasta,
que permanece… que não passa,
seca… carestia,
há quanto tempo… se não via,
vida, sem vida,
expectante,
trabalho que… se não lida,
chuva que não cai,
nuvem que passa, que vai,
atmosfera… constante,
sol aberto, brilhante,
céu azul… permanente,
tristeza… de tanta gente!!!... Sherpas!!!...
... tecnológicos!!!...
... olhando para um brinquedo,
como se criança fosse,
embevecido com o conhecimento,
em dado momento,
tudo que o Bill nos trouxe,
sucedâneo continuado,
caixas, caixotes, caixinhas mais pequeninas,
que falam, cantam, soam,
maravilhas que nem imaginas,
com um toque, com um clique,
em determinada posição,
figura que se retém,
que nos enleva, que nos vem,
filme barato que se envia,
causa espanto, alegria,
torna maior a emoção,
aposta que rende milhão,
está na moda, é mania,
loja de assistência,
elementos que se perfilam,
doce presença, triste ausência,
sombras que vão, que vêm,
senhas que retiram,
chamamentos impessoais,
ali se quedam, se viram,
se reviram,
nervosos, todos iguais,
dependentes de trivial engano,
facturação estranha, algum dano,
esperas monumentais,
pagando reparações colaterais,
gabinete que se cerra, porta que ludibria,
um ir e vir,
um entrar e sair,
rostos sérios, convictos,
perante quem se não fia,
metidos até ao pescoço, adictos,
dança que revolteia
neste Mundo que se apequenou,
doirada gaiola, cadeia,
quão pequeno ficou,
aldeia global, tão perto,
mal que se leva com jeito,
comichão que alvoroça,
detrito, pequeno defeito,
anuição que faz troça,
brinquedo que se traz na mão,
com voz sem alma, coração,
metálica,
tanta afeição, tanta prática,
com gestos, manuseios,
sem rebuço, com receios,
espectáculo como recreio,
aparente evolução,
na fala, na música, revolução,
na imagem que retém,
no vídeo que se envia... a alguém!!!... Sherpas!!!...
domingo, 30 de novembro de 2008
... barragem!!!...
… barragem, imenso paredão que contém,
pára caudal, quando detém,
obra do homem que desfaz a obra de Deus,
junta todo o rio, num aperto sem concerto,
parando destino, caminho,
deixando correr de mansinho,
tirando proveito, gerando força,
energia que acumula, distribui,
postes bem altos com cabos
partindo para tantos lados,
repartindo suas feituras, gota a gota,
mais além,
fazendo correr ribeiros imensos,
caudais mais pequenos,
transformados, lagos parados,
construção de Mundo novo
dando energia a todo um Povo!!!...
… aldeia submersa, paisagem de sonho
outrora vale formoso, frondoso,
recanto de aves diversas, berços, espaços,
casas ainda não abandonadas, assim as recordo,
quase dormido, continuo, não acordo,
me ponho
numa anterioridade, interioridade, repouso,
recordação que se mantém,
olhando aquelas águas
espelhadas, luminosas, lambidas pelo sol,
pelos ventos escassos,
acalmia de fim de Verão,
Setembro,
numa sonolência que me torna mole,
sensível ao que me atormenta,
aceitando a inclemência da evolução,
quando me lembro,
muito antes daquele extenso lençol,
imensa mole,
junto ao molhe,
paredão de cimento, barragem
que parou o curso, impediu a passagem,
das muitas gotas que transformou,
energia bruta que se controlou,
distribuiu por fios, por cabos,
para… tantos lados!!!...
… como cursos de rios ou ribeiras atalhados, emparedados,
vidas plenas de energia, sóis e esperanças,
quantas crianças,
no seu desabrochar risonho,
ainda pouco cimentadas,
livres como num sonho,
assim o intuímos porque, já fomos,
tempos recuados, não tão evoluídos,
quando pensamos, nos pomos
tristonhos pelo que vamos vendo,
mortos, feridos,
barragens constantes, contínuas de bombas,
aços, estilhaços que lhes barram o curso normal duma vida,
paragens forçadas, maus encontros que têm,
energia contida,
paredes que se atravessam, que contêm
aquela impulsão, numa explosão que detém
tanta energia, pequenas gotas,
lágrimas que se derramam, choram
quadros que se desenham, pequenas pontas
que se destroçam,
se não olham, quando atalhas,
quando apontas,
não te importas,
longe dos teus pensamentos,
filhos e filhas que tens,
guerreiro que plana nos céus, bem alto,
máquina perfeita de destruição,
carregando num simples botão,
quanta morte, quanta corrente, quanta gente,
gotas de energia permanente,
sujeitas a explosão,
mortas assim… num repente!!!... Sherpas!!!...
pára caudal, quando detém,
obra do homem que desfaz a obra de Deus,
junta todo o rio, num aperto sem concerto,
parando destino, caminho,
deixando correr de mansinho,
tirando proveito, gerando força,
energia que acumula, distribui,
postes bem altos com cabos
partindo para tantos lados,
repartindo suas feituras, gota a gota,
mais além,
fazendo correr ribeiros imensos,
caudais mais pequenos,
transformados, lagos parados,
construção de Mundo novo
dando energia a todo um Povo!!!...
… aldeia submersa, paisagem de sonho
outrora vale formoso, frondoso,
recanto de aves diversas, berços, espaços,
casas ainda não abandonadas, assim as recordo,
quase dormido, continuo, não acordo,
me ponho
numa anterioridade, interioridade, repouso,
recordação que se mantém,
olhando aquelas águas
espelhadas, luminosas, lambidas pelo sol,
pelos ventos escassos,
acalmia de fim de Verão,
Setembro,
numa sonolência que me torna mole,
sensível ao que me atormenta,
aceitando a inclemência da evolução,
quando me lembro,
muito antes daquele extenso lençol,
imensa mole,
junto ao molhe,
paredão de cimento, barragem
que parou o curso, impediu a passagem,
das muitas gotas que transformou,
energia bruta que se controlou,
distribuiu por fios, por cabos,
para… tantos lados!!!...
… como cursos de rios ou ribeiras atalhados, emparedados,
vidas plenas de energia, sóis e esperanças,
quantas crianças,
no seu desabrochar risonho,
ainda pouco cimentadas,
livres como num sonho,
assim o intuímos porque, já fomos,
tempos recuados, não tão evoluídos,
quando pensamos, nos pomos
tristonhos pelo que vamos vendo,
mortos, feridos,
barragens constantes, contínuas de bombas,
aços, estilhaços que lhes barram o curso normal duma vida,
paragens forçadas, maus encontros que têm,
energia contida,
paredes que se atravessam, que contêm
aquela impulsão, numa explosão que detém
tanta energia, pequenas gotas,
lágrimas que se derramam, choram
quadros que se desenham, pequenas pontas
que se destroçam,
se não olham, quando atalhas,
quando apontas,
não te importas,
longe dos teus pensamentos,
filhos e filhas que tens,
guerreiro que plana nos céus, bem alto,
máquina perfeita de destruição,
carregando num simples botão,
quanta morte, quanta corrente, quanta gente,
gotas de energia permanente,
sujeitas a explosão,
mortas assim… num repente!!!... Sherpas!!!...
... bardadi... (antiga)
Bardadi i suma malgeta: i ta iardi; (ii) Bardadi i malgos, ma i sertu (= a verdade é como a malaguete: ela arde)
… fui expedicionário, não por vontade própria, como já o tenho escrito bastas vezes… impuseram-me dois anos de estadia na Guiné, em tempo de colonialismos, não participei na guerra, não dei um tiro, sequer, não fui herói forçado, como alguns, simples furriel miliciano, acantonado em determinado local, fazendo parte da engrenagem da altura, cumprindo com o dever que me foi ofertado, obrigação, aflição… maldição, falta de informação, tal como tantos, quase todos os da minha geração!!!... Por lá estive, por lá me mantiveram, de mim… fizeram o que quiseram!!!... Enquanto estive, fui vendo, fui avaliando, fui estudando o ambiente local, as gentes, os costumes, a vida pequenina dos donos daquelas terras, sem vida nenhuma, insignificantes, reduzidos ao mais ínfimo, como nascidos e criados, possuidores naturais… postos de lado, utilizados pelos senhores, os ocupantes, os descobridores do que já existia, abusados até à exaustão, uns… revoltados, os turras ou terroristas, outros… coniventes, por conveniência, por pobreza, por comodismo, subserviência, simplesmente!!!...
Bibus na cora, ki-fadi mortus (se os vivos choram, que dizer dos mortos)
… por vezes, quando parado, perante determinados factos, os noticiados, os exaltamentos que saltam para as páginas dos jornais, provenientes de certas gentes, apelidadas de nacionalistas, simples e feros xenófobos, réstias de todo um passado de má memória, nódoa aviltante da nossa história, sou levado a recordar, como se nada!!!... E, lá do fundo, recordo, como se fora hoje… com clareza, com discernimento, figuras com as que me cruzava, com quem falava, pessoas como eu, de cor diferente, com pior sorte, povo oprimido, calcado, de várias etnias, com suas crenças, com seus modos de vida, tão nobres, tão distintos dos nossos… empobrecidos, ultrajados, mais que abusados, na altura!!!... Nunca fui de humilhar, sempre respeitei, sempre gostei de falar, de me enriquecer com os conhecimentos de outros, especialmente dos que, de raças distintas, mais me podiam oferecer!!!… Ainda hoje, quando tenho ocasião, faço-o com gosto, dá-me satisfação… tal contacto, não o rejeito, agradeço-o, naturalmente!!!... Não sou, nunca fui racista, não me considero superior, nem inferior… simples ser humano, ao mesmo nível, tal e qual!!!...
Bolta di mundu i rabu di punba (=as voltas que o mundo dá são como as asas da pomba)
… aquele pobre negro, já idoso, magro… com uma tesoura de cortar relva na mão, sentado numa lata de cerveja, todos os dias o via, no mesmo sítio, naquele relvado que o ocupava, que teimava em crescer, como obsessão, como ocupação, profissão dum elemento, do grupo dos coniventes, dos acomodados, dos mais pobres… não revoltados, pela idade, pela miséria, dependente, como tantos outros, imagem que se não esfuma, que teima em me assolar, que me persegue, desde quando tinha vinte e poucos anos, expedicionário, forçado… por terras da Guiné/Bissau, ao longo dum mau bocado, ainda o recordo, me lembro das conversas mantidas com ele, numa mistura de dialectos com um português arrevesado, mal compreendido, mal falado pelo dito, intentado por mim, no conhecido crioulo… melhor meio de transmissão de pensamentos, de palavras, nas muitas e muitas conversas com ele, com outros compatriotas dele, numa fome incontida de saberes, são passados tempos imensos, os que me impeliam a isso, ao respeito, ao entendimento, à compreensão, à exaltação daquele povo amigo, irmão… agora, emigrantes em Portugal, tal e qual!!!...
Burguñu i ma morti (=a vergonha é pior do que a morte)
… ainda recordo, quando com a voz embargada pela emoção, o tal velhote, o que cortava relva com uma tesoura enorme, sentado numa lata de cerveja… ripava duma carteira velha e gasta, como ele, mostrava… com laivos de orgulho, (???...) com humildade, com subserviência, o cartão de cidadão português, de segunda claro, imitação barata do B.I. do português Continental, tal como o dinheiro, tão diferente, como tantas outras coisas mais, tempos de Amílcar Cabral, de Nino Vieira, revolucionários e guerrilheiros, terroristas a tempo inteiro, com caminhos nossos conhecidos, um… assassinado, outro… Presidente, expulso, em bolandas, com intenção de… novamente!!!...
Dinti mora ku lingu, ma i ta daju i murdil (= os dentes moram com a língua, mas às vezes eles a mordem)
… recordo os homens grandes, as músicas cabo-verdianas, as coladeiras, as mornas, as festas nas tabancas, os batuques, (… roncos!!!...), os Balantas, os Bijagós, os Fulas, os Mandiga, os Mandjaco, os Papel… entre outros, que nunca me maltrataram, sempre me aturaram!!!... Não fui guerreiro, não senti ódio, não fui opressor, fui expedicionário forçado, de mim… fizeram o que quiseram, como curioso, convivi, vivi, aprendi, compreendi, aceitei como iguais, nada mais!!!... Recordo as paisagens, o mato, a bicharada variada, os trovões, as chuvadas, as carências imensas daquelas gentes, o paludismo que sofri, a mosquitada, a humidade intensa, os frutos tropicais, a colónia mais miserável… entre todas as outras, com guerra, sem ser guerreiro… nunca dei um tiro, sequer… recordo as minhas pequenas tolices, próprias da idade, quando fardado!!!...
BICO FINO É SÓ PA NHÓS - Coladeira
(Vuca Pinheiro)
Story of a Capeverdean immigrant that still prefers the
quiteness and the simple life of the Islands as oposed
to the wildness and the uniqueness of the imigration.
LUTCHINHA - Voz
ZÉ RUI - Voz
Ami sintado na baranda
na ‘squina d’nha pensamento,
num silêncio simâ convento,
ta contâ voltas di catavento.
Coragem irmon, é si quês flâ’m,
ba pa ‘strangêro vivê bo vida,
aventura ‘m tem na sangue,
coragem ca ta faltâ’m.
Li na ‘strangêro
ês montâ’m, ês pô’m barbitcho,
Destruí’m nhas fantasias,
fazê’m cêga co dinhêro.
Bendê’m nha sangue,
ês chinâ’m flâ quel quê torto,
ês dâ’m padja, ês bacinâ’m,
bico quente ês pô’m na môn.
Nhôs cu nhôs nhôs djuntâ mom,
nhôs falâ, nhôs culbitâ,
gato ‘scaldado na lume
tem medo di água quente.
Nhôs tirâ, nhôs pô mas tcheu,
nhôs temprâ, nhôs cozinhâ,
bistí saia di ‘scocês,
paladar di marciano.
Lebâ’m nha terra,
ca bo dexâ’m na ‘strangêro,
nem co Guilda nem co Dollar
djâ’m ‘stâ farto di riola.
Adeus nhas guêntis,
camaradas e patrícios,
quêl groguinha é quê di meu,
bico fino é só pa nhôs.
… outros tempos, aqui recordados… um pouco!!!... Sherpas!!!...
… fui expedicionário, não por vontade própria, como já o tenho escrito bastas vezes… impuseram-me dois anos de estadia na Guiné, em tempo de colonialismos, não participei na guerra, não dei um tiro, sequer, não fui herói forçado, como alguns, simples furriel miliciano, acantonado em determinado local, fazendo parte da engrenagem da altura, cumprindo com o dever que me foi ofertado, obrigação, aflição… maldição, falta de informação, tal como tantos, quase todos os da minha geração!!!... Por lá estive, por lá me mantiveram, de mim… fizeram o que quiseram!!!... Enquanto estive, fui vendo, fui avaliando, fui estudando o ambiente local, as gentes, os costumes, a vida pequenina dos donos daquelas terras, sem vida nenhuma, insignificantes, reduzidos ao mais ínfimo, como nascidos e criados, possuidores naturais… postos de lado, utilizados pelos senhores, os ocupantes, os descobridores do que já existia, abusados até à exaustão, uns… revoltados, os turras ou terroristas, outros… coniventes, por conveniência, por pobreza, por comodismo, subserviência, simplesmente!!!...
Bibus na cora, ki-fadi mortus (se os vivos choram, que dizer dos mortos)
… por vezes, quando parado, perante determinados factos, os noticiados, os exaltamentos que saltam para as páginas dos jornais, provenientes de certas gentes, apelidadas de nacionalistas, simples e feros xenófobos, réstias de todo um passado de má memória, nódoa aviltante da nossa história, sou levado a recordar, como se nada!!!... E, lá do fundo, recordo, como se fora hoje… com clareza, com discernimento, figuras com as que me cruzava, com quem falava, pessoas como eu, de cor diferente, com pior sorte, povo oprimido, calcado, de várias etnias, com suas crenças, com seus modos de vida, tão nobres, tão distintos dos nossos… empobrecidos, ultrajados, mais que abusados, na altura!!!... Nunca fui de humilhar, sempre respeitei, sempre gostei de falar, de me enriquecer com os conhecimentos de outros, especialmente dos que, de raças distintas, mais me podiam oferecer!!!… Ainda hoje, quando tenho ocasião, faço-o com gosto, dá-me satisfação… tal contacto, não o rejeito, agradeço-o, naturalmente!!!... Não sou, nunca fui racista, não me considero superior, nem inferior… simples ser humano, ao mesmo nível, tal e qual!!!...
Bolta di mundu i rabu di punba (=as voltas que o mundo dá são como as asas da pomba)
… aquele pobre negro, já idoso, magro… com uma tesoura de cortar relva na mão, sentado numa lata de cerveja, todos os dias o via, no mesmo sítio, naquele relvado que o ocupava, que teimava em crescer, como obsessão, como ocupação, profissão dum elemento, do grupo dos coniventes, dos acomodados, dos mais pobres… não revoltados, pela idade, pela miséria, dependente, como tantos outros, imagem que se não esfuma, que teima em me assolar, que me persegue, desde quando tinha vinte e poucos anos, expedicionário, forçado… por terras da Guiné/Bissau, ao longo dum mau bocado, ainda o recordo, me lembro das conversas mantidas com ele, numa mistura de dialectos com um português arrevesado, mal compreendido, mal falado pelo dito, intentado por mim, no conhecido crioulo… melhor meio de transmissão de pensamentos, de palavras, nas muitas e muitas conversas com ele, com outros compatriotas dele, numa fome incontida de saberes, são passados tempos imensos, os que me impeliam a isso, ao respeito, ao entendimento, à compreensão, à exaltação daquele povo amigo, irmão… agora, emigrantes em Portugal, tal e qual!!!...
Burguñu i ma morti (=a vergonha é pior do que a morte)
… ainda recordo, quando com a voz embargada pela emoção, o tal velhote, o que cortava relva com uma tesoura enorme, sentado numa lata de cerveja… ripava duma carteira velha e gasta, como ele, mostrava… com laivos de orgulho, (???...) com humildade, com subserviência, o cartão de cidadão português, de segunda claro, imitação barata do B.I. do português Continental, tal como o dinheiro, tão diferente, como tantas outras coisas mais, tempos de Amílcar Cabral, de Nino Vieira, revolucionários e guerrilheiros, terroristas a tempo inteiro, com caminhos nossos conhecidos, um… assassinado, outro… Presidente, expulso, em bolandas, com intenção de… novamente!!!...
Dinti mora ku lingu, ma i ta daju i murdil (= os dentes moram com a língua, mas às vezes eles a mordem)
… recordo os homens grandes, as músicas cabo-verdianas, as coladeiras, as mornas, as festas nas tabancas, os batuques, (… roncos!!!...), os Balantas, os Bijagós, os Fulas, os Mandiga, os Mandjaco, os Papel… entre outros, que nunca me maltrataram, sempre me aturaram!!!... Não fui guerreiro, não senti ódio, não fui opressor, fui expedicionário forçado, de mim… fizeram o que quiseram, como curioso, convivi, vivi, aprendi, compreendi, aceitei como iguais, nada mais!!!... Recordo as paisagens, o mato, a bicharada variada, os trovões, as chuvadas, as carências imensas daquelas gentes, o paludismo que sofri, a mosquitada, a humidade intensa, os frutos tropicais, a colónia mais miserável… entre todas as outras, com guerra, sem ser guerreiro… nunca dei um tiro, sequer… recordo as minhas pequenas tolices, próprias da idade, quando fardado!!!...
BICO FINO É SÓ PA NHÓS - Coladeira
(Vuca Pinheiro)
Story of a Capeverdean immigrant that still prefers the
quiteness and the simple life of the Islands as oposed
to the wildness and the uniqueness of the imigration.
LUTCHINHA - Voz
ZÉ RUI - Voz
Ami sintado na baranda
na ‘squina d’nha pensamento,
num silêncio simâ convento,
ta contâ voltas di catavento.
Coragem irmon, é si quês flâ’m,
ba pa ‘strangêro vivê bo vida,
aventura ‘m tem na sangue,
coragem ca ta faltâ’m.
Li na ‘strangêro
ês montâ’m, ês pô’m barbitcho,
Destruí’m nhas fantasias,
fazê’m cêga co dinhêro.
Bendê’m nha sangue,
ês chinâ’m flâ quel quê torto,
ês dâ’m padja, ês bacinâ’m,
bico quente ês pô’m na môn.
Nhôs cu nhôs nhôs djuntâ mom,
nhôs falâ, nhôs culbitâ,
gato ‘scaldado na lume
tem medo di água quente.
Nhôs tirâ, nhôs pô mas tcheu,
nhôs temprâ, nhôs cozinhâ,
bistí saia di ‘scocês,
paladar di marciano.
Lebâ’m nha terra,
ca bo dexâ’m na ‘strangêro,
nem co Guilda nem co Dollar
djâ’m ‘stâ farto di riola.
Adeus nhas guêntis,
camaradas e patrícios,
quêl groguinha é quê di meu,
bico fino é só pa nhôs.
… outros tempos, aqui recordados… um pouco!!!... Sherpas!!!...
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