terça-feira, 23 de setembro de 2008

... as gordas com... um furacão na economia!!!...

... vou!!!...

… apercebo-me que estou morrendo,
pedacinhos de mim desaparecem lentamente,
escrito que me marcou, ainda vou lendo,
associo a quem escreveu,
flor que se extinguiu, morreu,
lembro quando recordo,
ainda choro,

maneira de viver pouco decente,
porque não uma vida permanente
para os que tanto deram,
ensinaram,
fizeram de nós o que somos,
obras que não ficaram arrumadas na prateleira,

folheadas em certas alturas,
com gosto,
grande desgosto,
ausência repentina, partida para outro espaço mais justo,
passagem rápida por cá,
buscando um canto mais selecto
para os dilectos,
não crendo na ressurreição,
vida para lá desta,
tão curta, tão modesta,
ingrata quando não reconhece
quem parte, quem falece,
outros destinos, outros projectos,

estrelas se iluminam em Universo distante,
perenes porque se não apagam,
ali quedam estáticas, portentosas,
agregadas, luminosas,
depois desta curta transição,
passagem
na luta insana pela Terra,
voragem,
um passinho de gigante,
continuidade,
pensamento meu doutra realidade,

pedaço a pedaço fico despido dos meus orgulhos,
conhecidos de longa data
albergados nesta morada,
memória que tenho,
não abstenho,

guardo com afeição
o que me deram, ainda dão,
corpo que se extingue, chama que se apaga,
dor intensa quando se pensa,
cortejo fúnebre,
glória que não desejou,
figura que permanece,
acabou,
visualizo em meu juízo,
tenho prazer quando o faço,
homem com feitos perfeitos,
não esquece,

na lavra da escrita, intuição,
não me martirizo,
passo,
repasso,
folheando páginas de livro que escreveu,
entristeço,
melancólico, lembro
o que lhe ouvi enquanto o via falando,
gesticulando,
mestre que partiu para algum lugar desconhecido,
depois de vivo,
já morto,
na sepultura deposto,
mágoa, desgosto,

junto doutros que já partiram,
me reduzem,
matam pedaço a pedaço,
se reúnem em terras de ninguém,
mais além!!!... Sherpas!!!...

... olhos tapados!!!...

… tapo os olhos com as mãos,
tento reter visão que se me depara,
colorido pujante, cheiroso, naquela álea do jardim
onde me perco, seduzido,
permaneço estático,
o tempo passa,
vou caminhando por fim

pelo meio de tantos irmãos,
rebentos que desabrocham por todos os lados,
flores que abrem suas pétalas viçosas,
insectos nos seus mundos diminutos,
borboletas que volteiam, pousam delicadamente,
revoada de aves por entre arvoredos,
sons, os mais variados,
jardim pletórico, enriquecido,
tão perto, tão longe, tão esquecido,
expondo, inocente, seus segredos,
quase perdido,

recanto de encanto, prazeres partilhados de quem se mostra,
se deixa ver,
de quem olha à cautela,
pensativo, cativo por tanta coisa bela,
num sem querer,
só por e para ver,

oculto minha presença
como parte ingrata dum quadro mágico,
insignificante, perante,
quase intruso que se adentra, apático,
quase rasgo incomodativo,
degradante, naquela harmonia que se não ofusca,
aceita, deleita, completa,
não afecta,
alteia, rebusca
composição dimensionada,
quase imóvel, parada,
variada,

flora redundante, envolvente,
convidados para repasto,
néctares dos Deuses,
embriagantes odores descubro quando passo,
viventes menores, revezes,
logo após porta que atravesso de repente,
dela me desfaço,

cacofonia medonha se abate,
chega, me trespassa, me devassa,
ruído de automóveis, gentes,
pregões, discussões,
risadas despropositadas, gargalhadas,
desperto,
encaro outro Mundo, tão diferente,
choro amargura do que me não tenta,
regresso
ao outro universo,
volto à fantasia que me delicia,
escancaro os olhos por aquela vegetação luxuriosa,
indolente, preguiçosa,

aprecio seus vassalos, dependentes,
convidados de festim tão vasto,
baile intenso sob folhas, pétalas delicadas,
ares enfeitados com teias finas,
borboletas abrindo, fechando suas asas,
abelhas afanosas, zumbindo,
chegando, partindo,
criaturas tão débeis,
de costas voltadas,
espaços paralelos,
vidas tão plenas, locais tão belos!!!... Sherpas!!!...