sexta-feira, 10 de outubro de 2014

… GUILHOTINA!!!...

... visitei Versalhes, em França,
palácio que nos ofusca, delapidado,
logo após a revolução,
mantendo grandiosidade, ostentação,

jardim imenso que dança,
águas ao som de música clássica
que nos emudece,
paz celestial que delicia,
bocado que tenho guardado,
de tão apreciado,
não esquece,
repeti, mais tarde, por duas ou três vezes,
sem cansaço, com o mesmo gosto,
ouvi estórias várias dos últimos moradores,
sem favores,
realidade de outrora, grande império,
rei que, de tanto brilhar, o apelidavam de SOL,
criatura soturna, alguns passatempos,
caça, amigos, roupagens de espanto,
cabeleiras polvilhadas de pó branco,

devaneios no sétimo CÉU,
mulher jovem, bela, viva, natureza plena,
pobre da Antonieta,
sua CORTE, dependente,
quanto sorriso, quanta gente,
salão nobre, comezaina,
saltos, perseguições, diversão,
jogos diversos,
passeios por amplo jardim,
esconderijos, labirintos,
beijos trocados, promessas,
olhos travessos das damas,

cavalheiro que se aproveita,
cheirinho de rapé,
espirro que dá satisfação,
recanto de caçarias, opulento palácio,
estadia, centro principal da majestade,
bem longe da ralé, população,
Paris da miséria em catadupa,
controvérsia, aversão,

corria o dia, corria a semana,
corria o ano que engana,
aumentava o disparate,
futilidade,
luxos em demasia,
abundância para os que estão perto,
causa rumores, desacerto,
provoca fome a todo um POVO,
em Versalhes, nada de novo,
simples parecer, conversa,
logo esquecida, de seguida,
um que outro dizer,
entre camas com dossel,
orgias que se prolongavam,
excesso de ambos os sexos,
libações sem contenção,
tanto oiro na parede,
pinturas, ornamentação,

quanto mobiliário requintado,
diamantes raros, safiras,
quantos ditos, quantas iras,
quantas raivas, em segredo,
gargalhadas tão descuidadas,
ganhos, perdas, arrecadas,
coberturas de sedas e damasco,
tapeçarias vistosas, raras,
vestido tufado, espavento,
cabeleiras caprichosas ao vento,
sensaboria da boa vida,
num guinchar, numa corrida,

bem longe do que se sabia,
escumalha que não comia,
num “glamour” despropositado,
contraste inusitado,
num falsear da verdade,
“se não têm pão,
comam brioches”
Antonieta, sem razão,
palácios, jardins, coches,
rei SOL no seu alazão,
relatando caçaria, perseguição,
javali que prostra no chão,

eram amantes deles, delas,
dos seus,
corte de apalermados,
dedicada aos seus cuidados,
quantas criadas, criados,
luxúria em desvario,
rainha jovem, bela,
quase, quase uma donzela.
mal amada pelo SOL,
caprichos, devaneios,
seus quereres, seus recreios,
mundo fútil, tão oco,
entorno afastado do TODO,

cresceu fúria, surgiu raiva,
revoltou-se uma FRANÇA inteira,
monarquia que estremece,
medos de todo o tamanho,
presos fora da Bastilha,
outros hóspedes, reviravolta,
cólera que se dimensiona,
ululantes, pedem cabeças,
sangue como ribeira,
como vedeta, guilhotina nas TULHERIAS,
vozearias
contra reis, nobreza,
tendo uma só certeza,
apear quem esteve de pé,

escolher maneira diferente,
gente que fosse gente,
gente que se preocupasse com a gente,
decepando SOL, Antonieta,
CORTE das contradanças,
cadeia da opressão que derrubam,
não fica pedra sobre pedra,

apagamento total, recordação,
sempre em acção,
no momento, logo após a revolução,
na continuidade, sem parar,
matar, sempre a matar,

reconciliação,
até chegar aos pilares fundamentais
duma justa sociedade,
ilusão,
liberdade, igualdade, fraternidade,

foi luz, uma esperança,
farol daquela época,
marcou ciclo novo, caminho futuro,
vida nova, outro rumo,
interrogação tão pertinente,
males que se arrastam,
reza a história, cronistas, testemunhos,
ficcionistas notabilíssimos,
palavras escritas belas, famosas,
cantadas, tão clamorosas,
exemplos que nos arrastam, encantam,
quando ditas, quando clamam,

não se aprende com a HISTÓRIA,
pessoas esquecem, quando são,
adquirem posição de topo,
lembram-se deles, esquecem de novo,

repetem males passados,
pilares da revolução,
dão sacos com algum pão,
alimentos básicos, pois então,
olvidam leis,  CONSTITUIÇÃO,

colocam de lado, os cravos,
em palácios, bem instalados,
tratando de seus interesses,
mordomias, benesses,
corporações,
quantos e quantos milhões,

mais olhos do que barriga,
ganância que ultrapassa tudo,
quase fora deste MUNDO,
enfrentando, fazendo briga,
entre pobre, quem enrica,

esquecendo a... GUILHOTINA!!!... Sherpas!!!...



segunda-feira, 6 de outubro de 2014

… impolutas… as putas!!!...

... falar de coisas diferentes,
ter vontade disso, esquecendo entorno, gentes,
tarefa árdua,
impossíveis,
dando volta a memórias, passado mui recuado,
nesta vida que se alonga, no encontro que acontece,
caminho de pedras oblongas, pontiagudas, agrestes,
terra de vários tons, locais inacessíveis,

obstáculos que se me deparam,
barreiras intransponíveis,
sombras densas, tão escuras,
solidão que diminui como ser dum colectivo,
parte ínfima que conheço, parte íntima que é muito minha,
recanto sem grandes figuras,
recuado, não activo,
observador que não busca rinha,

fina palavra que define, curta lâmina que recorta,
seja quem for, não importa,
dado a pensamentos profundos,
avaliando todos os MUNDOS,
aceitando o que me foi dado quando nascido,
criado,
mantendo pergaminho, dote da idade, conhecimento,
envolvendo cantar, colorido,
tristeza, muito lamento,

envoltório com que me arroupo,
tão normal, não sendo louco,
quanto me completo,
esquecendo entorno, gentes,
de sonhos, tão ilusório,
quando repleto,

sorriso débil, contrafeito,
modo meu, curto defeito,

corre um fiozinho de água, do alto daquela serra,
galga montes, engrossa um pouco,
alarga, em certo momento,
local que me é querido,
olhos que não consigo fechar,
canta, quando ressalta, tine certo ruído,
da libelinha, claro zumbido,
flor tímida que se projecta,
terra que agradece, margem reverdecida,
do que não me aparto,
quando ando, quando passo,
quando vejo, quando faço,

impossível não reparar no que me rodeia,
campo amplo, quase desértico,
colinas, montes, serra mais ao longe,
meu coração pressente,
longe de tudo, da gente,
formiguinha débil que labuta,
carreirinho doutras mais,
uma tarefa premente,
invernia que se aproxima,
alteração própria do clima,
preenchendo armazém, comunidade que se arrecada,
desaparecendo, não sendo nada,
vida obscura, subterrânea, temporária oclusão,
numa outra dimensão,

mais uma vez me refugio, por descrédito,
da natureza a que pertenço,
na companhia do mais pequenino,
fazendo parte do que penso,
indelével apontamento,

entre companheiros de viagem,
não sendo maior ou de mais valia,
nesta tão grande voragem,
insensatez que se pronuncia,
descambar que se sente,
nesta coisa que é gente,
mole que não convence,

negridão que avassala,
que atira, que não cala,
pretende laudatórios, palmas,
quando sentes, não falas,
escreves, afincadamente,
solitário, recolhido, indo em frente,

quanto mais conheço as pessoas,
mais gosto dos animais,
entoas, entoas,
mais te convences, perante certos anormais,
penachentos, inchadíssimos, pavões,
mal comparando, aves de rara beleza,
disso, tenho a certeza,
quantas e quantas lições,

no seu diário proceder,
pelo exemplo. nos dão,
pelo viver, ritmo geracional,
tal e qual,
não alteram, mantendo aquilo que são,

dignos, fiéis, amigos dos amigos,
companheiros... como os primeiros,
gato, cão, formiga, borboleta,
pássaro que canta,
encanta,
peixe ágil na ribeira,
certeza no cantar do grilo,
cuco sem ninho, vaca possante,
cavalo esbelto, veloz, toiro no pasto,
sem farpas,
nem espada no costado,

domado, sem lide, nem investida,
veado na serrania,
lobo que uiva,
falcão esvoaçante, rapina que observa,
cada um, como é, vivendo,
integrando seu habitat,
sendo,

bicho homem não é de fiar,
bicho politico,
muito menos,
ganância por PODER, verdade que é mentira,
quando atira,
para perder, para ganhar,
por interesse, posição,
está em si,
enganar,

com doses de pasmar, sorriso beatífico,
consciência tão limpa como em qualquer bordel,
sem honra, nem quartel,

desculpem-me as putas,
impolutas, impolutas,
destinos de vida, da vida,
vendendo o que melhor têm, o corpo,
com ou sem gosto,
enormíssimo desgosto!!!... Sherpas!!!...