quinta-feira, 24 de setembro de 2009

... circunspecto!!!...

… circunspecto,
avanço pelo espaço que me separa dum grupo duvidoso,
cauteloso,
língua impenetrável, gestos e risos, cerveja na mão,
cigarro que vão passando,
irmão para irmão,
família completa descansando
naquela sombra apetitosa,
relva ainda fresca da rega,
na labuta da vida, na entrega total
ao que, neles, é normal
bem juntos naquele canto dum jardim,
como uma pinha que se alinha,
combina,
roupas em desalinho, caras rotundas,
descontraídos,
como os ciganos doutros tempos,
mui parecidos,
romenos,
obscenos,
quando ludibriam, regateiam, pechinchando com insistência,
mais amenos,
reminiscência,
esquecimento, por momento,

andam pelas grandes cidades da Europa,
como fogo que incendeia, matéria que inflama,
pedem o que não têm, como esmola,
usam truques, habilidades,
qualquer engano, mera trampa,
grande, vasta escola
que alastra, assola,
mulher, homem, criança,
grupo denso que descansa,
bebendo cerveja, fumando,
risota prolongada
olhar desconfiado para quem chega,
pouco se importando,
não passa nada,
conversa que se alonga, não despega,
quotidiano,
cena que se vai vendo,
descrendo,

gente singular, máfia organizada,
valores distintos, excepções,
lamurientos, quase chorões,
sentados no chão
estendem a mão,
nas escadas das igrejas mostram os filhos,
andarilhos, andrajosos,
grupos escassos, numerosos,
dispersos,
como praga que se instalou,
filhos de Deus,
escolhem vítimas que rapinam,
arranjam esquemas que resultam
ainda se culpam,
apinham,
tiram, vendem os seus,
não trabalham,
riem, gargalham,
descansam sob sombra agradável do jardim,
passam cerveja de mão em mão,
fumam cigarro que partilham,
organizam golpe futuro,
assim deduzo,
assim auguro,

cena urbana que se repete,
como ferrete,
na Europa dos ricos, os mais pobres,
quando os medes, os avalias, quando os sofres,
encontros casuais,
quem os não teve,
provocados, mui normais,
não se conteve,
impelido por sentimento, por penar alheio,
algo dá,
premeia quem insiste, quem arrasta sem parar,
esmolar,
ludibriar, enganar,
romenos
de somenos,
mais amenos,
fazem parte,
com muita arte,
da sociedade que temos!!!... Sherpas!!!...

... agarro um punhado de terra!!!...




… agarro um punhado de terra,
comprimo-o com toda a força,
tento desfazer o que me fez,
antes que ela se destorça,
forma bizarra,
escurecida,
nela,
o olhar se me aferra,
quando a liberto,
mão aberta,
distendida,
não comprimida,

alivia formato imposto,
desfaz-se,
para meu desgosto,
vai-se esboroando,
aos poucos,
mostrando segredos,
medos,
tantos fantasmas passados,
quantos desvairados,
quantos loucos,
hecatombes de pasmar,
tantas mortes,
mescla terrífica,
pavores,
quantas dores,

se acumulam,
escondem,
seja lá onde for,
na vida que se afasta,
um renovar,
um recompor,
energia que se não gasta,
elevo-a,
inalo-a por inteiro,
cerro os olhos,
primeiro,
deixo-me levar pelo vento,
circulo meu pensamento,

espiral alucinante,
existência que permanece,
tanto agora,
como ontem,
planeta rutilante,
neste punhado de terra,
que já foi corpo,
que já foi monte,
foi planta exuberante,
nesta mão que se cerra,
pedaço de tanto morto,

odor que me alivia,
poeira em que se transforma,
quanta raiva,
quanto desgosto,
posição de tantas formas,
energia que soçobra,
quando acaba,
quando sobra,
magia de momento,
simples gesto,
pensamento!!!... Sherpas!!!...

domingo, 20 de setembro de 2009

... altos castelos!!!... (antiga/modificada)




… altos castelos, muralhas do tempo,
como sentinelas… vigilantes,
se me deparam, momento,
recorro ao pensamento,
invoco meus gigantes,
receios, medos de… muito antes,
recatados, como q´afastados,
deste presente, tão real, bem diferente,
fronteira inacessível,
própria, intransmissível,

época, com outra gente,
sonhos, doces quimeras,
Verões… Primaveras,
ainda novo, auspicioso,
forte, garboso, resplandecente,
fogosidade d´idade,
longe d´Outono, dealbar,
pôr do Sol, que s´esvai,
fim dum dia, quando cai,

temores, arrependimentos,
fantasmas, sombras escuras, enegrecidas,
coisas ímpias, aviltamentos,
remorsos de maus percursos,
vidas,
Inverno que s´aproxima,
s´arrima, incomensurável,
recordações, bem guardadas,
fortificações inacessíveis,
âmago dum ser, fechadas,
grossas paredes, invisíveis,

recato, meu tesouro, valia,
usufruto, minha companhia,
companheiros, não audíveis,
desta vida se foram
para lá, muito longe,
onde moram,
vivem… sempre jovens,
fortalecem, enriquecem,
altos castelos, de muito antes,
verdadeiros homens,
imensos, ternos gigantes,

sombras fantasmagóricas de passado,
guardado…. bem fechado,

luta vã, inglória,
memória,
outro tempo… outra estória,
longínqua se vai quedando,
presente, bem distante,
propiciadora dos valores,
digna, recta, justa, não chusma,
aviltante,
antes… bom gigante,

caminho, meu destino,
parceiro abençoado,
alto dos seus castelos,
vigilantes, sobranceiros,
muralhas inacessíveis,
não audíveis,
quanto críveis,

imeritórios,
não compensatórios,
guias da minha vida,
Invernia que s´aproxima,
nesta ida,
Outono que mantenho,
q´albergo,
não tão jovem, ainda homem,
recordações dum passado,
pouco querido,
muito amado,
injunção,
conjugado com fantasmas bons,
visões tenebrosas… que carrego,
boa companhia, fantasia!!!... Sherpas!!!...

... ver a Lua!!!... (antiga/modificada)



… sem Lua, olhar a noite escura,
imaginar aranha prateada
perdida naquele emaranhado estrelado,
tecendo teia brilhante,
longo fio doirado,

desenhando, proporções tamanhas,
um coração, uma pomba alada,
amor imenso, sempre presente,
PAZ continuada,
espaço sideral,
sem qualquer estação espacial,
sem lixeiras que rolam em redor,

resultados que convencem,
que nos dão conhecimento,
provocam algum espavento,
de momento,

ciência que não pára, um ror,
foguetões, satélites de várias espécies,
velharias que não caem,
continuam caminho,
objectos espiões,
controlam vidas, multidões,
marcando nosso destino,
por ambições,

que bom seria, irrealidade,
aranha gigantesca,
sonho com que sonho,
verdade,
delicada filigrana dourada,
seu labor,
pendurada duma estrela,
fio brilhante,
oiro fino, alucinante,

naquela tela,
figurando o que mais pretendo,
amor entre os homens… entre as gentes,

espaço encantado,
tendo como rainha envergonhada,
branca, nívea,
bola rutilante, astro d´encantamento,
eterna namorada,
q´espreita, q´alicia,
que convida, que partilha,
q´ilumina, com seu esplendor,
qualquer manifestação de… amor,

quanto não daria, melhor seria,
maravilha, aquele sonho,
com que me ponho, quando me disponho,
inebriado, doce fantasia,
descurando avanço que regride,
q´ameaça, cada dia,
abundância de tralha vazia,
inútil, abjecta,
que não alerta,
nos enterra, sufoca, mata,
constante bravata,
disputa mais que insensata,
tentando ganhar terreno,
descobrir ignoto,
continuando alegoria, no meu posto,
olhando céu estrelado,

vendo aranha prateada,
duma estrela… pendurada,

habilidosa, corpo esbelto,
com todo empenho,
fiando seu fio d´oiro reluzente,
perante pasmo generalizado,
desenho que vai criando,
pomba que parece, q´esvoaça,
coração avantajado,
ao longo da noite escura,
recomeço da aventura,

sem tralha, sem cobiça,
sem espias, sem satélites,
dando recado aos maiores,
imagem que fortalece,
nos obriga, abriga,
aquece,
gente amiga, sem intriga,
todos os seres da Terra,
carinho, compreensão, entrega,
iguais,
como outros, tantos mais,
nas… atitudes, bem menores!!!... Sherpas!!!...