quinta-feira, 3 de junho de 2010

... furibundas!!!... (antiga)

… furibundas, tonitruantes,
multidões que estão à solta,
contrários que se agridem
na inversão que pretendem,
sente-se no ar a revolta,
na rua, quando denigrem,

quando alteiam vozes, mostram cara feia,
retratam o que não querem, escondem renúncias,
quando atalham caminho, apontam denúncias,
falam mais baixinho, recalcam pensamentos,
quando ocultam rostos,
quedam mostos,
desejam vinho novo,
sentem-lhe o gosto, agitam o que está posto,
incomodam a progressão,
semeiam ódio, aversão,

quando dizem que não,
vira-se acusação, não pedem contenção,
quando se não quer o que incomoda,
como prova, avaliação,
que incute medo, frustração,
gentios em desvario,

ministra que pretende mas, não entende,
sindicato que governa,
na rua, na praça, na caserna,
idade da pedra lascada,
na caverna,
voz altissonante, irada,
revolta que solta, agride,
palavras sem contemplação, carreira que não progride,
à cacetada,
vociferante,
tão aberrante,

estratégia que não cumpre,
respeito que não incute,
exemplo do desvario,
desta gente que parece um rio,
orquestrada sob batuta,
daquilo que chamam luta,
quase birra, enfrentamento,
truque, aproveitamento,

altura de dar o preceito,
com firmeza, insistência,
indo ao jeito, contrafeito,
classe que dança em profusão
ao toque de certas bandeiras,
barulho estrondoso
como nos mercados, nas feiras,
espalhafatoso,
teimosia que não cessa,

rinha que pouco interessa
a quem não passa da cepa torta,
pouco se amolga, não se importa,
desinteressa!!!... Sherpas!!!...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

... mau começo!!!... (antiga)

... quase bilhete postal dos anos vinte,
amarelecido, tons castanhos,
num preto e branco desmaiado,
prenúncio cinzento acentuado,
dia de enganos,
indício de quem adivinha mau começo,
quando se prostra, não insiste,


desgostoso com a natureza que atraiçoa,
sento-me no lugar favorito,
num arremesso,
birra infantil em corpo velho,
tanto que gostaria de me deslocar a Lisboa,
dar passeio costumeiro,
olhar os outros,
percorrer ruas, ruelas,
auscultando ruído longevo
trazido nas fraldas do vento,


quando sopra manso, rasteiro,
levando sabores misturados com cheiro,

guardado nas telhas velhinhas daquela casa centenária,
candelária que recordo,
cortejo que revejo como num sonho,
prior com vestimentas nobres,
paramentos de festa religiosa,
rosmaninho que perfuma aqueles passos,
ligeiros traços,
procissão que se arrasta, promessa,
tarde ensolarada, efeméride,
acontecimento repetitivo,
cativo,
sol que aquece, revigoro,


registo que se não mede,
se vive,
sente-se
nas orações entoadas por tantos pobres,
santo no cimo do palanque, bem alto, no andor,
tempo passado que surge,
ergue-se,
sempre presente naquela travessa,


bairro que brilha, contente
nas flores que ostenta nas janelas,
bem postas, regadas com amor, dedicação,
companhia ali à porta, no chão,
em profusão,
colorido tão garrido,
emoção
no regresso que faço quando posso,
como pão nosso,
oração,


alimento minha alma inquieta
que não aceita, invectiva, não aquieta,
rejeitando sombra que se prolonga,
adona da cidade que amo,
escurecendo o que mais gosto
como num postal descolorido,
tons desmaiados,
preto e branco
que me retém na casa onde habito,

sentado, birrento como criança em corpo velho,
desiludido,


mau começo neste dia sombrio em que escrevo
o que me vai dentro,
quando intento
afastar imagens que me assolam,
consolam!!!... Sherpas!!!...

segunda-feira, 31 de maio de 2010

... ventos adversos!!!... (antiga)

… ventos adversos sopram pelo ocidente,
carregados de falsas promessas,
remessas,
enfurecidos vendavais se acumulam,
rotativos, cumulativos, naquela frente,
perspectivas repentinas de mortes, feridos,
colocando tudo às avessas,

forças ocultas se escutam,
se percebem nos ruídos produzidos,
tremendas,
energias que se medram
regadas com empenho,
devoção,
concertadas naquela direcção,

nascem para os lados do oeste,
nada de novo,
nada que preste,
tempo de dúvidas, razias de medo,
prostração de quem teme,
tamanho segredo,

caminho estudado,
já traçado,
zona de agitação,
grande evolução,
fonte pródiga no seu caudal,
pressões propícias, céu carregado bem denso,
clima propenso,
seguras as estruturas,
mais débeis, algumas
que se não aperceberam ainda,
da sua vinda,

partindo do ocidente,
vão cair de repente,
algo se sente,
acalmia que se extingue,
sopram os ventos,
bem fortes,
imensos,
enérgicos, apensos,
junção de coisas brutas,
unidas,
bem juntas
calculistas,
de há muito previstas,

rajadas tão concertadas,
estratégias bem ou mal vistas,
fins que adivinho,
objectivos cobiçados,
tão sem cuidados,
elevação, com derrube dos que estão instalados,
ventania se adivinha,
que já sopra,
se acerca,
avizinha,
quanto ruído… alguma força!!!... Sherpas!!!...