sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

... PONTO!!!...


… pode ser um ponto isolado numa página branca ou escura,
com rima que saltita, dança, quando encanta, delicia,
perdido, sem sentido, qualquer espécie de métrica, enquadramento,
quase escondido naquele deserto de ideias, perdido, sem guia,
coisa vazia, interrogante quando se pergunta,
murmurando para seus botões, fraca valia,
no que se considera ou não… poesia,

pode ser choro convulso, dor permanente, chaga de vulto,
riso incontido, gargalhar constante, histeria colectiva,
contrários que chocam, martirizam, algo oculto,
contraponto que se adivinha num simples ponto,
situação que causa dúvida, repleção,
perante tanto espaço por preencher, num ter que ser,
reflexo ocasional de quem não quer,
acabando por escrever o que tem pensado,
num ímpeto arrebatado, improvável, de quem se julga,
aceitando o casual, tão normal que se não culpa,
descrevendo o vento, o insecto, o objecto, o mar que se espraia,
a morte que impressiona de medonha, abjecta no seu amor,
seja onde for,

a criança que sofre, mais esqueleto, cheia de fome,
meninos prendados, tão protegidos, filhos do homem,
universalidade que arrecada num ponto que se estica,
ligeira brisa,
páginas repletas, cheias, completas, com rima, com métrica,
cantares de flores que remanescem, desabrochando,
corpos que comungam dum idílio que vão amando,
aves que voam, depenicam pedrinhas numa calçada,
galos, galinhas, poderes de papo cheio,
vazios armários, casarões de rebentar,
ventres esquecidos, partos com dores, futuro dos filhos,
mentes inversas, delírios p´ra dar, guerras nos mundos,
bocas caladas, faces viradas, sozinhos, mudos,

águas da fonte, cristais que brilham, riquezas a esmo,
farturas, gastos, lautos repastos, mentiras do mesmo,
hipocrisia que cansa, avidez que sente,
poesia num ponto que prolonga, se torna poema,
instante que surge, página vazia, som ou fonema,
espaçamento que alinha surgindo num esquema,
casa bonita, rapariga airosa, paisagem de sonho,
palavras amigas, tão simples, sensíveis,
locais da esperança… damascos, sedas, sorrisos visíveis,

torturas que esquecem, param, prolongam,
surgindo provires,
recomeço interminável, vida que aperfeiçoa ser complexo,
que se entrega, revolta, reproduz pelo sexo,
que mata, que esfola, que maltrata com primor,
causando revolta, pasmo, pavor,

num ponto me refugio, página imensa,
tão só, sofrido no que se não pensa,
poema que sai, rugido que sinto,
pequeno, mediano, sem grande tamanho,
desilusão que persegue, estorna, engano,
comparação com quem foi, não comungo, diferente,
coisinha de nada… amostra de gente!!!... Sherpas!!!...

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

... o LOBO e... o PEDRO!!!...

… gosto de “estória” antiga,
tirar conclusão,
depois de lida,
bem digerida,
exemplo de vida,
ilusão,


moral de quem a engendrou,
tradição que ficou,
repetida,
tão contada,
ouvida,


mencionada,
por tudo,
por nada,
comparação,
em todo o MUNDO,
quanta lembrança,
como
quando criança,


tenho feito,
com outras,
agora, pela circunstância,
quanto defeito,
mais recordo,
ainda,
velhinha,
qual MATUSALÉM,
de pais para filhos,
retoque,
aperfeiçoamento,
neste “mundilho” de lamento,
mais aquém,
mais além,
“cadilhos”


pendência d´outrora
que vai embora,
esvanece,
trata como insignificância,
perde valência,
tão abaixo da excelência,
minudência,
quase esquece,
imensa teia,
franja,
parca,
sem importância,


eram muitos no povoado,
serrano, agreste,
todos, com seu bocado,
algum gado,
predominantemente ovelhas,
todas juntas,
cordeiros, vulgares, badanas,
novas, velhas,
não m´enganas,
arrebanhas,



precisão,
quando nos chamas,
conduzes,
ocasião,




comunitário,
entregue ao cuidado
de um que outro rapaz,
novo, vida airada,
deslizava,
sem preocupação,
grande cajado,



cão,
como companheiro,
fero lobo,
temido adversário
assim cuidava,
quem calhava,



lá se iam revezando,
entendendo,
guardando,
até que, por pirraça,
algum descuido,
já conhecido,
convicto brincalhão,
sua queda, sua raça,
de seu nome
Pedro, o eloquente,
pouquinha gente,


travesso,
incompetente,
ficou de guarda ao rebanho,
quanto engano,


no alto daquela serra,
povoléu na sua lide,
fazendo pela vida,
na horta, na casa,
no estábulo,
na conversa costumeira,
no sol que s´apanha,
no cigarro com que se deleita,
na roupa que s´enxuga,
na mama que se dá,
puxa que não puxa,
bola que ciranda,
de lá, para cá,
rotina,
conversa mole,
quase à tardinha,



que vem o LOBO,
que vem o LOBO,
um vozeirão
alvoroça o POVO,
amesquinha aldeão,
estremece a família,
gera confusão,
provoca antipatia,
do alto daquela serra,
com intenção,
não se cansava, repetia,
que vem o LOBO,
que vem o LOBO,
tão perverso,
entoava,
escondido por pedregulho,



quanto engulho,
manha, mentira,
olhava para tanta aflição,
insensível, enquanto atirava
maldição,



esbaforidos,
velhos, novos,
pequenos, também,
homens, mulheres,
tachos, panelas,
colheres,
foram mais além,
com pedras, paus,
foices, martelos,
varas retorcidas,
caras fechadas,
enlouquecidas,
olhavam,
olhavam,
não viam nada,
rebanho pastava,



sonora gargalhada,
mentiroso brincalhão,
rebolando-se no chão,
ria, ria, ria,
provocando antipatia,


os dias passaram,
revezavam-se as vezes,
esqueciam-se as fezes,
a rotina regressava,
a senhora lavava,
o homem lavrava,
os mais novos, brincavam,
puxa daqui, puxa d´acolá,
de lá para cá,
de cá para lá,
normalidade no aldeamento,
na serra agreste,
rebanho de todos,
tão simples,
tão tolos,



que vem o LOBO,
que vem o LOBO,
repetiu-se a cena,
esforço inaudito,
povoléu aflito,
ganância de todos,
fúria desmedida,
aí vai, encosta arriba,
quando chegados,
outra partida,
risos, gargalhares,
enfados, esgares,
costas curvas,
suaves arfares,
tristonhos, perante…


dengoso pedante,
mentiroso activo,
tratante…
cativo,
mentira tão dura,
perdura, perdura,
escarnece de ser vivo,
patrício, na certa,
que prémio,
oferta (?)



mais tarde, tentou,
gritou,
gritou,
que vem o LOBO,
que vem o LOBO,
mau cariz,
refocilante,
perto de si,
junto a seu nariz,
abatendo ovelhas,
matando, com ímpeto,
rasgando vestes do Pedro,
um que outro arranhão,
que vem o LOBO,
que vem o LOBO,
no vale, o POVO,
olhava, fingia que não ouvia,
não ligava, sequer,
e
o LOBO zurzia,
matava,
comia…



quem conta um conto,
aumenta-lhe um ponto,



não serviu d´emenda
ao mentiroso,
rumoreia-se na aldeia,
em surdina,
que quando mais novo,
num clube restrito,
não foi LOBO,
foi lobito,



encontrava-se c´a fera,
dizem…
em recôndita gruta,
períodos repetidos,
mentiras, ditos,
partidas, chalaças,
outras trapaças,
pratinhos do dia,
vera simpatia,


episódios na serra,
abatimento
com vítimas,
consequências gravosas,
cenas mentirosas,
lamentos,
mortes, de facto,
um caso,
outro caso,
não raro,



contínuo
prejuízo,
ruído,
arranhões, sustos,
alguns encontrões,
muitos milhões,
estratégia,
concerto,
miséria,
defesa
d´amigos tão íntimos,
puro acerto,




indiferentes a aflitos,
com gritos,
com gritos…   Sherpas!!!...