quarta-feira, 29 de outubro de 2008

... escravos modernos!!!...




... recôndito que é muito meu,
acordado, rendido nos braços de Morfeu,
incessantemente,
procuro resposta adequada,
razão lógica sobre o que me aflige,
enraivece, atinge,
rasga, como relâmpago inesperado em noite escura de trovoada,
toda esta pasmaceira,
cegueira colectiva,
que não convida,
esconde, mistifica realidade incomodativa
no cerne do que conheço,
gregário que se comprime,
aborreço,

insisto, com teimosia que me caracteriza,
inferniza,
depauperos que me envergonham,
centauros informes que vomitam centelhas incandescentes,
monstruosas criaturas que se pespegam sobre inocentes,
distinção que inferioriza,
escravização de multidões,
raças que sossobram sob jugo desses ferozes,
carnes que minguam, esqueletos que sobressaem,
lágrimas que não correm,
vidas que caem,

quantos vivos, nascidos já mortos,
morrem constantemente,
são gente, são mundos,
aflição permanente,
pesadelos que me agastam, profundos,
postos, repostos,
luminescências fantasmagóricas gritantes,
alienação, perseguição constante,
quadros tão vis, degradantes,

incontrolável,
arrastado perante o que vou vendo,
crente adversário da adversidade,
não disfarço,
não prometo,
berro por dentro,
sonho com Fénix renascida das cinzas do descontentamento,
alinho palavras ácidas, agrestes, ventanias gélidas, repentinas,
tento alterar realidade,
alteio o que se não louva, louvável,
caritativo, amável,
por dádiva, por feito gravado nos recôncavos orbitais das retinas,
palavras, actos que engrandecem,
se não agradecem,
compreendem,
tão natural face ao que está mal,
tanto triste na Terra, tanta penúria de Natal,

inversão do cataclismo que se avoluma,
intempérie sempre presente,
em qualquer recanto se arruma,
vítimas que se atolam, incontáveis,
conversas intermináveis, sorrisos que são precisos,
bebidos, babados,
começos acabados,
convencidos, perdidos,
seguros, incertos,
dispersos nos majestáticos encontros,
recontros que são contos,
passados infindáveis,
viajados em mirabolante caminhada de enganos,
entretenimento dos descontentes inumeráveis,
reuniões de falsários,
escondidas em armários
dores, chagas, pavores, fomes,
doenças, mortes escabrosas,
imagens, escândalos, personagens faltosas,

são líderes, são chefes, são claques, são gangues,
dementes conscientes, irracionais que se postam,
arrimam, colocam,
peroram, apostam,
pequenos vaidosos, diversos pândegos e pategos como antes,
repetição de erros, afinação duma situação,
coitados que são,
tão poucos, tão loucos na imensidão,
tratados, convénios,
tão falhos, ingénuos,
canalhas convictos, delongas na solução,
impérios que se formam, blocos tão extensos,
dinheiros apensos,
tristezas que fazem montanhas de mortos,
são mentes, são corpos,

soluços que sinto no peito,
convulsos na raiva que se transmuta em choro imperfeito,
sentidos num deserto de pensamentos,
vácuo tão denso que me tolda,
não molda,
converte em grito que sinto,
escancaro boca que reabro, não reprimo,
ecoa no alto da montanha, no leito do rio,
no mar do Norte, tão frio,
estremeço estruturas de barro,
lamas que escorrem, misturam no chão,
viscosidades que vertem conteúdos abjectos
sobre os menos dilectos, não afectos,
indiferentes
a essas gentes,

são almas, são mentes, são corpos,
são mortos,
nesta nova era que se espera,
a da suprema... escravidão!!!... Sherpas!!!...

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