sábado, 15 de dezembro de 2007

... Mona Lisa!!!...


… há uns anitos, não muitos,
tive oportunidade de o enfrentar,
àquele sorriso enigmático, àqueles fluidos
que dele brotam, nos prendem, fazem pensar,
no local indicado, no sítio certo,
cópia ou original,
não sei, tanto se escreve,
tão enormes, para seu mal,
os desejos, os quereres, a verve,
nem de longe, nem de perto,
justificadores duma obra, tão colossal,
que se arrasta no tempo, que engrandece,
mais pertinente, afinal!!!...


… nesta pequena pintura, misteriosa,
guardada com cuidados máximos,
segurança criteriosa,
temperaturas adequadas,
num salão enorme, ponto ínfimo,
confluência de gentes… paradas,
embevecidas pela enormidade,
contradição profunda,
pura verdade,
permanece sorrindo, pequena, muda, parada,
pensativas, congeminando, caladas,
mais precisamente, dans la salle dés Ètats,
já roubada, vandalizada,
agora, protegida… mais que vigiada!!!...

… a obra suplantou o artista,
penso, por vezes, sem razão alguma,
dada a universalidade da dita,
o simbolismo daquele sorriso, que se não esfuma,
permanece, agudiza a curiosidade,
se eterniza, através dos séculos, em suma,
mistérios, deduções, conclusões,
sem nada de verdade,
conjecturas de adoradores, ilusões,
narrativas, quantas se não fizeram,
romances, especulações,
histórias, estudos que se escreveram,
simples aproximações!!!...


… a uma pintura, a um génio,
homem de muitas valias,
artista de várias artes, inventor,
futurólogo, ágil no engenho,
mestre consagrado no desenho,
um louco, pelo conhecimento, superior,
com taras e manias,
com segredos tão escusos, não confessos,
propiciadores de… especulações,
fantasiosas confabulações
o nosso Leonardo da Vinci, o dos excessos,
figura mítica, indescritível,
tal como o sorriso imperceptível,
tão doce, cúmplice mavioso,
enganador… formoso,
da Gioconda, a Mona Lisa,
roubada, vandalizada,
restaurada e… mantida!!!... Sherpas!!!...

... misturar Deus com... o Diabo!!!...




… misturar Deus com o Diabo,
coisa louca, coisa pouca,
assim penso, como acho,
coisa tremenda… de grande monta,
faz-me confusão, dou a mão,
confesso, não compreendo,
política ou… religião,
dois Poderes que, pelo que entendo,
ambição feérica, perdição,
discursos, medalhas, condecorações,
guerra, paz, ódio… maldição,
numa junção absurda, ilusões,
curvaturas, subserviências… satisfação!!!...


… apetites vorazes dos figurões,
hoje… diabinhos à solta,
matando, sem distinção,
revolucionários ferozes, noutros tempos,
noutra volta,
bem formados, com contratempos,
audazes, quando novos… capazes,
acomodados, diligentes, serventuários,
pouco dignos, excelsos rapazes,
frequentando igrejas, sacrários,
ungindo os dedos, a testa,
curvando a espinha,
quando em dias de festa,
longe da morte, longe da rinha,
consciência pesada,
bem medalhada,
coisinhas poucas… espécie de NADA!!!...

… por ali passaram… os senhores da guerra,
curvados, humildes, perante outro Poder,
o das crenças, das fés e religiões, naquela terra,
País de brincar, de padres e freiras… adorando um SER,
Espírito que desceu, abençoou,
segundo dizem, afirmam os cardeais,
vermelhos diferentes, a quem se doou,
uma esperança, uma fé… entre outras coisas mais,
físico, espírito, promiscuidade,
sorrisos malévolos, contemplativos,
pouca verdade,
outros objectivos,
junção de anjos com feras,
reis, políticos de várias esferas,
atentos, condecorados, precisos,
excelsos, controversos,
esquecidos, firmes… muito concisos,
calados, pujantes, adversos,
contrastantes,
por demais… extravagantes!!!...

… admito, por vezes… não entendo,
não concebo,
custa-me engolir,
é este… o meu sentir,
qual a diferença,
entre a crença, como Poder,
executivo, legislativo… judiciário,
Poder dos homens,
terrenal, como os mais,
em tudo…absolutamente iguais,
perante televisões, computadores… jornais,
embevecidos, pavoneantes,
tal como dantes,
… extravagantes!!!...

… misturar Deus… com o Diabo,
assim penso, assim acho!!!... Sherpas!!!...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

... dias por outros!!!... (antiga)

… dias por outros, sou assediado em minha casa, meu refúgio… por palavreados, escritos, ou… audíveis, telefonados, numa sanha tamanha que, pela insistência, se torna doentia, incómoda, pouco própria para quem tem que aturar, conveniente… para quem tenta vender produto, aumentar suas ganâncias, espécie de banha da cobra!!!... É obra!!!... Geralmente, oiço um pouco, depois… amavelmente, dispenso!!!... Gosto de respeitar o trabalho dos outros!!!... Por parte dos bancos, da PT, das televisões por Cabo, tem sido uma fartura… autêntica loucura!!!... São acutilantes, extravagantes no que prometem, nas facilidades que nos mostram, nos pacotes com que nos brindam!!!... Diversos, baralham-nos, de tal modo que…. não eu, sinto-me explorado mas, conformado, já não me vou em cantigas, continuo como estou, induzem muitos conhecidos, amigos, levam-nos à fidelização total, por meia dúzia de tostões, ligeiras reduções, ilusões que se extinguem, dão em nada, com o tempo!!!... Nem mais esperto, nem tonto… normal, tal e qual, sem pachorra, tão pouco, para os aturar!!!... Cheguei a este ponto, num País de brincar… este nosso Portugal!!!...

… quando se está atento, quando nos debruçamos sobre os lucros fabulosos dessas entidades, públicas ou privadas, quedamos extáticos, apalermados, com interrogações em catadupa, não compreendemos como o Estado, que nos deveria proteger, facilitar a vida, um pouco… permite tais exageros!!!... Ganhos de milhões sobre, milhões… ano após ano, como norma, em qualquer empresa que se preze, entre as que nos massacram, nos assediam com desfaçatez, todos os dias, são o pão-nosso de cada dia, maneira de estar, acumulação constante!!!... Claro que, quanto mais cheios, mais pretendem encher… não se contentam, ambiciosos compulsivos, abusivos… com o aval do Estado, para nosso mal, é evidente!!!...

… a muitos, quando me abordam através do telefone… sem intenção de ferir, conduzo a conversa para o campo extenso e absurdo das taxas (… termos fixos ou assinaturas mensais, taxas de moderação ou exploração, consoante o fornecedor, claro!!!... ) que nos cobram, pelo telefone fixo, pelos contadores da água, da luz, do gás, dos pequenos serviços bancários que nos prestam, entre outras mais…um ror delas!!!... Compreendo que lutam com uma concorrência feroz, entre eles mas, bem vistas as coisas, mesmo com ela… continuam a ganhar disparates de dinheiros!!!... Tem havido certos funcionários, menos avisados, que quando me falam de pacotes, ao ouvirem-me… já me têm afirmado que os ditos pacotes em que nos querem enrolar se destinam a acabar, num futuro próximo, com as referidas, o desaparecimento das mesmas!!!... Elas continuam, não se justificam… hão-de continuar!!!... É roubo, é dinheiro fácil, é perversão, tremenda incompreensão, para quem paga, cometido por parte de quem ganha… tanto milhão!!!... Pago-as, não as compreendo… fica caro, engoli-las!!!...

… tal como esta campanha última, apregoada há dias, com a que concordo… a da sensibilização junto do contribuinte, do faltoso, do não pagador de impostos, dos fujões, dos aldrabões e parasitas, dos que beneficiam, tal como os que pagam, os dependentes… em campos opostos, pois então!!!... Uns beneficiam do que têm direito, para isso contribuíram, outros, por tabela… beneficiam também, fugindo, fugindo sempre, escapando, não pagando!!!... Está errado, salta à vista de todos!!!... Ninguém gosta de devedores, de gentes que não cumprem com as suas obrigações fiscais, como deve proceder, cumprindo… qualquer cidadão que se preze!!!... Mas, há sempre um mas… quando as coisas se passam em sentido contrário, como é???... Quando é o Estado que não cumpre, que não é pessoa de bem, que é faltoso, que não dá o exemplo???...

… em tempos, tal como eu, calculo… haver tantos, preenchi um requerimento a fim de reaver determinada importância que me era devida, por lei!!!... Já lá vão seis anos e piques, com muitas peripécias, com muitas deslocações, com exposições, telefonemas, conversada e conversada com funcionários do ramo, esclarecimentos, averiguações a preceito e… até hoje, na mesma, aguardo, expectante, como no princípio, sem um pio, sequer… por parte da entidade responsável, a que me deve, estatal, tal e qual!!!... Fui até onde poderia ir, parei à porta da João XXI, local onde existe o processo, onde se encontra, em banho-maria, quiçá, emperrado, devidamente numerado, estático, congelado, fortaleza inexpugnável, de reduzido acesso, espécie de cofre do avô Patinhas, do boneco da Disney, como se nada!!!... Estou mais que informado, sobre o caso, que tenho direito, garantem-me, sei o número do processo, o tempo vai-se passando e… nada!!!...

… entre taxas disparatadas, (… termos fixos, assinaturas ou simplesmente… taxas!!!...) com assédios avultados, numerosos, com ganhos exuberantes, com perseguições aos não pagantes… a tal pessoa de bem, o Estado, pelo menos devia sê-lo, prevarica também, não paga o que deve, a quem paga, a quem deve!!!... Não basta parecê-lo, nem fingir, sequer… devemos sê-lo!!!... Sherpas!!!...

... deixar rolar o tempo!!!...




… deixar rolar o tempo, de mansinho,
como quem não quer, indiferente,
enrolado no seu canto, pouca gente,
abstraído, descontraído, pequenino,
filósofo da vida, sem filosofia,
um encanto, uma harmonia,
uma desistência, uma apatia,
mais que falência, um baixar os braços,
derrotado, logo à partida,
num buraco sem saída,
calabouço enorme, atoleiro,
pântano que nos engole,
que nos deglute, que nos sorve,
borracha que o apaga,
pandemia virulenta, praga,
que o intriga, não mastiga,
quando o desliga,o despreza,
que o esmaga, quando lhe chega,
o convence, ludibria,
com sorrisos de hipocrisia,
o apanha no lodaçal,
numa atitude vazia,
naquele momento, no local,
entregue à indiferença,
numa descrença,
deixando rolar o tempo,
devagar, devagarinho,
enrolado… no seu cantinho!!!...

… passam factos, passam ventos,
passam casos, assobia o temporal,
neste imenso lodaçal,
deixando o tempo passar,
numa sensaboria amorfa,
quão diminuto, disfarçado,
não há mal que o torça,
não se sente incomodado,
muda o jeito facial,
engole em seco, empanturra,
quando se sente, empurra,
mansamente, muda de lugar,
aquieta-se, esconde-se,
passa despercebido,
evola-se, esvanece-se,
cada vez… mais encolhido,
pouca coisa, pequenino!!!...

… passam carros e carretas,
agitam-se os excelsos,
por motivos bem diversos,
no meio de tantas provetas,
experiências laboratoriais,
no seio dos mais iguais,
soam alguns gritos, revoltas,
incendeiam-se opiniões,
juntam-se bandos, multidões,
desfilam bandeiras, escoltas,
cerram-se algumas portas,
abafam-se as revoltas,
impõem-se regras diferentes,
calam-se bocas, surgem silêncios,
oprimem-se muitas gentes,
pagam os inocentes,
reina a confusão total,
mesmo ali, bem enrolado,
homem sem opinião,
mente oca, vazia, indiferente,
apagado, no seu cantinho,
encolhe os ombros, não liga,
tão agastado, mansinho,
tudo lhe passa… ao lado!!!... Sherpas!!!...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

... é sempre revigorante!!!... (antiga)



…é sempre revigorante, é luminoso, reconfortante, é uma espécie de chamamento, um relaxe, uma descontracção, uma paixão, um encontro, reencontrado, uma grande ligação, um conforto, uma ilusão, um sonho, um deslumbramento…quando o vejo, quando o revejo, quando me aproximo, quando o oiço, esbracejando, estiraçando seus longos braços, numa rebentação contínua, lá longe, que se aproxima, altaneira, revigorante, bradando, erguendo seus encantos, seus lamentos, em tons azulados, espaçados de cinzentos, com reflexos de alguns raios solares, dispersos, como focos intensos, por momentos, breves, fugazes, por instantes!!!...Pois é, o dia estava pardacento, com umas ligeiras abertas, não muito despertas, num sol envergonhado, pouco prometedor, meio convidativo, escondido por um manto de nuvens, espesso, com uma brisa, já ventania, fresca, quase fria, neste dia, o do clássico de futebol, entre o Benfica e o Porto…num domingo qualquer, neste nosso jardim, plantado, à beira-mar!!!...

…não fui ao clássico, tal como uma enorme quantidade de gente, ausente de tal competição, esfomeada de espaços abertos, de um pouco de sol, de uma brisa marítima, de um oceano que é nosso, de uma Costa convidativa, a de Caparica, tão rica, tão formosa, tão bem posta!!!...Não, não havia balada, a dos cães, embora muitos passeassem, com trela, segura pelos donos, no passeio marítimo, o que fica em cima, defronte dos pontões, das pobres praias desertas, sem areia, diminuídas, pela maré, a plena, irrequieta, com baldões, rebentações adequadas, para a malta dos radicais, os surfistas, os do bodyboard, parados, adentrados, lá longe, expectantes, aguardando a onda, a adequada, a mais indicada, a que os transporta numa viagem curta, molhada, aos altos e baixos, em círculos calculados…deslizando, gozando!!!...

…no dito, o passeio que encima a praia, que separa o mar da povoação, eram milhares de passeantes, aos pares, sós, a marchar, correndo, andando, jovens, crianças e velhos, ziguezagueantes, com alguns encontrões, uns, agasalhados, outros, mais à vontade!!!...Nas esplanadas dos bares, dos restaurantes de praia, almoços que se arrastavam, com espectáculo esfuziante, bebidas que se consumiam, devagar, com sabor a mar, com ventinho fresco, mais para o frio, suportável…uma delícia!!!...Vendedores de ocasião, os ambulantes, os da economia paralela, os da roupa de marca, sem marca, copiada, mais barata, acessível e prometedora, de acordo com bolsas curtas, de fracos recursos, em euros redondos, só a dois, só a três, só a cinco, sem cêntimos…um acerto!!!...

…mais umas bugigangas, uns brinquedos, coisas selectas, mais de acordo, DVD,s de último grito, os filmes mais recentes, os badalados, copiados a preço de saldo, pelo chão, sobre um pano, vistosos convidativos… sem garantia!!!...Grupos de conhecidos, que param, que conversam, que acertam, que desfrutam!!!...Foi-se o passeio marítimo, ficou para trás, deixámos o mar, embevecidos, embebedados por tanta beleza, em direcção à povoação, à rua principal, uma multidão, cheiro de farturas, mercado de roupas, venda de mariscos, frescos, da Costa, jovens com gelados nas mãos, casais bem plantados em esplanadas de cafés, uma torrente de gentes, barulho de música, melodias lindas de ouvir, sul americanas, chilenas ou peruanas, de embalar, com ritmo doce, vivo e apressado que nos inunda, nos transporta, nos põe bem!!!...Lá fomos e lá ao fundo, mesmo junto ao Shopping, em cima dum banco, um homem disfarçado de palhaço, com gestos, com meneios, aguardando umas moedas num chapéu, no chão, junto a um rádio que emitia reportagem do clássico, o do estádio da Luz!!!...Mais uns passos e…deparámos com um palco, sobre o qual, em grupo, um conjunto, entoava músicas e cantares populares, perante assistência improvisada, que se juntava, que meneava o corpo, de acordo com os sons, que o preenchia, lhe proporcionava…alegria!!!...Mais umas mesas, junto ao passeio, pejadas de velharias, restos de casas, objectos que se vendiam, por quantias irrisórias, doutros tempos, com muitas histórias, doutras gentes, ausentes, não presentes, numa espécie de feira improvisada, numa Costa de Caparica, buliçosa, irreverente, com muita gente!!!...

…assim se passou um dia, num remanso, doce encanto, com passeio marítimo, esburacado, num entorno de sonhar, num dia em que o sol teimou em espreitar, escondido por manto espesso de nuvens que, acabaram por ficar, numa tarde diferente, neste domingo…como outro qualquer!!!...Um abraço do Sherpas!!!...

... cristalino!!!...




… cristalino, transparente, fulgurante,
com brilho intenso, frágil, cantante,
quando tocado… com muito cuidado,
perfeito, estético, estilizado,
bem torneado, uma perfeição,
assombro… admiração,
peça rara, única e cara,
exposta num escaparate, quando se pára,
se admira, se revira,
se compara,
não se mexe… tão pouco, se tira,
se apreça, quando se conversa,
sobre o fabrico, a delicadeza… do traço,
a finura, a beleza,
transparência, sem baço,
nada opalina, toda a certeza,
o contrário, por completo,
naquele fino… objecto!!!...

… resultado dum trabalho,
origem numa fornalha,
matéria prima, incandescente,
tubo comprido que se alonga,
tendo na ponta,
um pouco de gente,
artista, de pouca monta,
que se apronta, se delicia,
com denodo… alegria,
quando fabrica, quando cria,
quando não se compra,
que se atira… quando se despede,
tido como um frete,
despesa acrescida,
num vencimento, uma descida,
emprego que se desfaz,
por quem não paga, não é capaz,
não é cristalino, nem transparente,
mais opaco… quando não sente!!!...

… peça rara… peça cara,
criador, um grande senhor,
estético, delicado, fazedor,
que sempre encalha,
seja onde for,
artista, operário… trabalhador,
por um vencimento,
mísero dinheiro,
dependência, sustento,
a tempo inteiro,
na fábrica, na oficina… qualquer empresa,
quanta certeza,
na incerteza,
no desemprego que se abate,
na penúria… do artista,
no luxo, no iate,
desse patrão… um arrivista,
contradição, sem beleza, disparate,
pouco cristalina, mais opalina,
confusão, perdição… dislate!!!... Sherpas!!!...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

... foi... quase tudo!!!...

… foi quase tudo,
neste, no outro Mundo,
assim pensa quando se adentra,

coitado,

tão desfasado,
não sendo nada,
matéria infecta, fechada,
mente pouco lúdica,
bonacheirão,

luzidio,
quase rebenta,

balofo,

boneco que não replica,
aceita o que lhe dão,
incha,
desincha,
consoante o quinhão,
daquela mão aberta,
seu dono,

patrão,

vazio,
corrompido,
delambido,
sem vergonha assumido,

situacionado,

bastante inclinado,
sujeito trespassado,
transversal
como qualquer animal de carga,
quando se encarrega,
irracional,
besta com gesso na mente,
massa informe,

desconforme,

não pensa
no que lhe dão,
porque razão,
em qualquer situação,
obediente,
quer ser tudo no Mundo,
ir ao fundo,
não olhando para os esmagados,
coitados,
trapo sujo, utilizado,
bem arrumado,
quadrado,
obtuso,
confuso,
ao mando… depois de mandado!!!... Sherpas!!!...

... Fernão Mendes...




… Fernão Mendes???... Minto???... Não!!!...
Fernão Mendes Pinto,
o da peregrinação,
navegador da aventura,
cavalheiro da desgraça,
pura verdade,
não chalaça,
homem, raça, vocação,
curioso, vendedor, sumidade,
interrogação,
com tanto caso, emoção,
descrição, naqueles tempos,
escritor,
de passagens, de momentos,
um senhor,
verdadeiro peregrino,
sem destino,
com objectivo real,
nascido em Portugal,
País tão diferente,
origem de criaturas superiores,
entre toda… esta gente,
que, junto ao mar, sente
necessidade de partir… conhecer,
ver, com olhos de ver,
com acasos, sem acasos,
puros percalços, ocasos,
enquanto a vida se vai,
se dilui… nos vai!!!...

… sempre tivemos gentes destas,
por portas, por travessas,
muitas vezes… disfarçadas,
obscurecidas, pouco notadas,
menos valias se avantajam,
por regalias, favores,
figuras, bem menores,
com nome, mas… inferiores,
sem pinga de criação,
copiadores, citadores, transcritores,
repetindo à exaustão,
ladainhas doutros escritores,
fazendo gala, vistão,
profunda… aberração,
perante os que são,
o que… são!!!...

… verdade, mentira, disfarce,
mania, usufruto, valia,
descrever, vivências… com arte,
coisas do dia-a-dia,
numa peregrinação, sem destino,
simples passeio… devaneio,
uma caminhada, um caminho,
um escrito que leio,
um escrito que faço,
quando desfaço,
pedaços da minha alma,
coração mais que partido,
dum corpo, que se acalma,
depois de ter sentido,
uma chama, um sinal, um aviso,
ganho e perco… o juízo,
escrevo, sem parar,
como panaceia… para o meu mal!!!...

… de Fernão… o da Peregrinação,
simples Amostra, reduzida,
nem pretensão,
tão pouco… a época, a vida!!!... Sherpas!!!...

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

... acabou-se a manta dos... mendigos!!!... (antiga)

…foi-se o Verão, foi-se o calor, a manta do indigente, do desgraçado da rua, do miserável abandonado, do que, por mais que procure, não encontra, um ombro amigo, a seu lado!!!...No Verão, vá que não vá, num banco de jardim, num portal, num recanto qualquer, no chão duro, como cama, tendo o calor do Verão, como manta, lá se vai passando, sem frio, um pouco mais acomodado, no seu viver despreocupado, abandonado, posto de lado…depois, bem, depois sempre vão aparecendo uns voluntários assumidos que lhes vão distribuindo, umas sopas, umas sandes, numa rua qualquer, sempre há um homem, uma mulher que param, os olham, os confortam, lhes oferendam uma moeda que cai num bolso vazio…quando tem o suficiente, avança com rumo certo, como indigente alcoolizado, para a taberna do lado, onde dá mais uma cavadela na sepultura ansiada…meio consciente, embriagado, arrasta seu triste fado, pelas ruas da amargura, esquecido, posto de lado…do mal o menos que, no Verão, tempo quente, confortável, está-se mais abrigado, com o calor como manta, com o chão como cama…mas o Verão é uma estação, um tempo que se acaba, que vai embora deixando chuva e frio, com abundância…é vê-los, aos coitados, enrodilhados, tremendo, pelos cantos com jornais, com cartões aos montões, casinhas piores do que as dos cães onde morrem seus pecados, seus perdões, com indiferença total dos que não olham, vão em frente, como faz a maioria da gente:

…a chuva cobre a cidade/como um manto transparente/caindo com intensidade/lavando casas, molhando gente/arrastando o lixo das ruas/regando todas as plantas/secas, sem folhas, nuas/anteriormente plantadas/quase sempre, abandonadas/como os marginalizados/semeados em cantos, molhados/plantas murchas, quase mortas/vivem nas ruas, fora de portas/esquecidos pelos acomodados/falsos messenas, escariotes/hipócritas ajuizados/possuem tudo, aos magotes/pouco gostam de partilhar/férteis na arte do não olhar,/que não vêm, não querem ver/os que se fartam de sofrer/neste Inverno, noutros mais/que massacram os carentes/como se fossem animais/os irracionais inocentes/como Cristos párias, crucificados/escarros duma sociedade/que se habituou a pô-los de lado/porque não aderem ao sistema/são, por ele, marginalizados/até morrerem, inanimados/num beco, numa avenida/numa morte triste, não sentida/não chorada, logo esquecida/pelos miseráveis invidentes/nas igrejas, muito crentes/nas ladainhas, nas orações/entoadas em conjunto/junto às imagens das ilusões/tantas que até as confundo/nos empolados sermões/dos curas, dos sacerdotes/mui hipócritas, mercenários/adoram o dinheiro, a potes/se portam como falsários/nas atitudes que não tomam/para os que não vivem e morrem/para os que, quase abandonam/porque não os sentem, nem querem/tal como aquela crucificação/que lhes deu uma religião/a dum Mestre que foi irmão/destes desvalidos, sofredores/seus dilectos, maiores amores!.../A chuva cobre a cidade/eu choro esta verdade!!!

…não seria tempo, mais que suficiente, que as instituições competentes se debruçassem com mais afinco e denodo perante factos destes, dos mais insignificantes e vulgares, dos mais anónimos cidadãos de Portugal que, por razões várias, foram arrastados para esta cruel situação, onde vegetam na mais abjecta miséria, perante os olhos dos que não vêem ou não querem ver, porque ficam incomodados e se limitam a olhar em frente, a encolher os ombros e…é como se nada???...É tempo de se inverterem situações como estas, mais duras e cruéis, com o frio, com a chuva, de se prevenirem, de se canalizarem os nossos impostos para estas bandas, tão esquecidas dos que, como pavões inchados, se passeiam pelo Mundo, pelos salões, pelas convenções, pelas mordomias de que não abdicam, pela incompetência que não reconhecem, quando a praticam irresponsavelmente…errar é humano mas reconhecer os nossos erros e emendá-los é mais humano e digno…quando não servimos os que devemos servir não devemos ter vergonha de abandonar o barco e ceder o lugar, amavelmente, a quem consiga ser mais competente do que nós, penso eu… simplesmente… Sherpas!!!...


... Galiza!!!... (antiga)

...região ou…país, mais ou menos independente, porque antigo, porque diferente, porque característico, harmonizado, com costumes próprios, com religião muito arreigada, com sentimento demarcado, muito seu, muito isolado, não desconforme, esbatido…diluído, como se nada!!!...Eis a questão, a que se impõe, a que se discute, a que interessa aos galinfões, aos sem fronteiras, aos forrados, aqui e em qualquer lado, porque sim…sua Pátria é o dinheiro e este, para mal de quem o não tem, não é patriota, nem um pouco!!!...

…já há uns tempos recuados, desde há cinquenta anos atrás, depois de uma guerra cruel, de uma mortandade horrorosa, de uma carnificina total, os vencedores, pobres coitados, porque perdedores também, se debruçaram sobre um papel, um mapa, o da Europa, com uns laivos de África, ali ao norte, descambando para oriente, a meio…decidiram, com lápis, régua e esquadro, em cima do joelho, não respeitando nada, nem ninguém, a seu jeito, fazer países, vários, com nomes, com fronteiras, misturando e baralhando, raças e credos diferentes, tudo ao molho, pois então!!!...

…e, deu no que deu, continua dando, nunca mais acaba, para nosso mal, de toda a humanidade!!!...

…um som distante, uma gaita/gaiteiro da linda Galiza/gente que dança, que salta/na paisagem que se harmoniza/oceano que se vislumbra/sonho que se idealiza/névoa, na penumbra/amanhecer pardacento/entre vales, entre montanhas/num determinado momento/nesta região, nas suas entranhas/tão longínqua, tão afastada/desta, de todas as Espanhas/mais portuguesa, mais irmanada/na língua, músicas, danças/nos costumes, nos cantares/no viver, nas usanças/mutuamente familiares/ai Portugal, ai Portugal/tão próximo te encontramos/ai Portugal, ai Portugal/quanto mais te afastam/ mais te amamos/Galiza de Portugal/terra de encantamento/não há outra mais igual/que o Minho, por sentimento/nesse Portugal tão lindo/nesse País que entendo/onde sou sempre bem-vindo/para onde emigro, com agrado/terra de Celtas, do passado/terra das nossas origens/onde vives, não finges/onde te sentes abrigado/onde és sempre desejado!!!...

…não sou nacionalista ferrenho, sou português, sinto-me como tal e, sinceramente, não gosto de misturar alhos com bugalhos!!!...Que querem, nasci assim, hei-de morrer, se os Deuses o permitirem, do mesmo modo, continuando sendo o que sou, português dos sete costados!!!...Antes do meu sentir, sempre me considerei e…considero, cidadão do Mundo, tão mal tratado, ultimamente!!!...Penso que, organizar, por imposição, forçosamente, por interesses económicos, qualquer Nação que se pretenda grande, poderosa, traz consequências graves e gravosas para os que assim pensam, para os que pensam em sentido contrário, criando aversões, desavenças, originando matanças entre gentes, entre raças, entre crenças…porque diferentes!!!...

…nunca compreendi como se pode matar uma língua, como se pode impor língua estranha, como se podem quebrar costumes e usos de antepassados, de tempos recuados, longínquos, mas perenes, sempre presentes, mesmo que proibidos, perseguidos por leis que se cozinham, se amalgamam num livro único…qualquer Constituição!!!...Não tenho nada que ver com grupos separatistas, respeito-os, lá terão as suas razões…ou não!!!...É com eles!!!...

…grandes Impérios, regiões agigantadas, descomunais, federações, mais ou menos alargadas, histórias diversas, memórias e referências variadas, de costas voltadas, umas contra outras, sem identidades comuns, sem elos de ligação…como base, não sólida, um simples cifrão!!!…Dá que pensar, traz convulsão, provoca incómodo, mau estar, até rebentar!!!...Já aconteceu, está-se a dar, continua-se vendo a cada momento!!!...Será que o homem, esse boneco caricato, esse títere convencido…não aprende, nem com os seus próprios erros???...Mas, quem sou eu???...Sherpas!!!...


domingo, 9 de dezembro de 2007

... açorda!!!... (antiga)


- Almoço do pobre/sopa de pão, sopa de fome/açorda colorida/cheirosa, magra, sofrida/com um pouquinho de nada/com um pouquinho de tudo/com sabor, sem entrada/num prato raso, sem fundo/uns restos de côdea dura/num alguidar de barro/um azeite de cor escura/água do cântaro de barro/um alhinho de tempero/sal pouco, com esmero/um poejo, para dar cheiro/bem quente, a ferver/que faz soprar e passar tempo/a essa gente que, no sofrer/se cura, a todo o momento/com cantigas lânguidas/chorosas e sofridas/nas fainas duras, custosas/mal pagas, pelos patrões/donos de terras rendosas/de empregados, aos montões/alheios a todas as açordas/com mesas amplas e fartas/com barrigas grandes e gordas/esquecidos das pessoas magras/pobres e esfomeadas!...

...já o A. Aleixo dizia, numa das suas quadras emblemáticas e filosóficas, evidenciando as qualidades nutritivas e saborosas do pão e a grandeza de alma do Povo ao qual me orgulho de pertencer(não é assim, meu caro Marafado???...):
- Gosto de apertar a mão/ dura dos calos que tem/também as côdeas de pão/são duras, mas sabem bem!...
...palavras para quê, nesta açorda simples e vulgar, tão insignificante como eu, se revê todo um povo que, nunca esteve bem, no passado, menos, agora, no presente!!!...Porque será, pergunto a mim próprio, que a desdita nos persegue, a indiferença nos acompanha, a carência é confidente, a miséria uma maldição???... Outro fado cantaria se, em número, fôssemos mais significativos e contássemos para os que, em nós, pouco distinguem e nos ignoram, sistematicamente... Sherpas!!!...

... trapos!!!...

Trapos


Vamos todos convencidos,
muito assumidos, vaidosos,
com uns trapos, produzidos,
que mostramos, orgulhosos,
esquecendo, por uns momentos,
que o de dentro é que interessa,
tal como os pobres jumentos,
que, há muito, não vão nessa
pois sabem, e com razão,
que albardados a preceito,
não deixam de ser o que são,
um burro ou burros, sem jeito,
manejados, sob pressão,
por um ou outro sujeito
que não lhes dão muita atenção,
estejam ou não estejam perfeitos,
bem ou mal albardados,
vão vivendo com a impressão
de serem asnos, bem carregados,
convencidos, sem ilusão,
diminuídos, enxovalhados,
tal como certos humanos,
diferentes, num pormenor,
baixos, altos, de vários tamanhos,
que se sentem na “maior”
quando, saídos dos rebanhos,
se vestem com atavios,
com fardamentas de luxo,
luzindo físico e brios,
como a água num repuxo,
chamativa, espectacular,
impantes e maravilhados
consigo e com o seu bem estar,
por se verem bem albardados,
continuando a ser burros,
aparentemente afastados,
das estrebarias, dos seus curros!...

Elvas, 4 de Dezembro de 1 999


Sherpas!!!...