quinta-feira, 24 de setembro de 2009

... agarro um punhado de terra!!!...




… agarro um punhado de terra,
comprimo-o com toda a força,
tento desfazer o que me fez,
antes que ela se destorça,
forma bizarra,
escurecida,
nela,
o olhar se me aferra,
quando a liberto,
mão aberta,
distendida,
não comprimida,

alivia formato imposto,
desfaz-se,
para meu desgosto,
vai-se esboroando,
aos poucos,
mostrando segredos,
medos,
tantos fantasmas passados,
quantos desvairados,
quantos loucos,
hecatombes de pasmar,
tantas mortes,
mescla terrífica,
pavores,
quantas dores,

se acumulam,
escondem,
seja lá onde for,
na vida que se afasta,
um renovar,
um recompor,
energia que se não gasta,
elevo-a,
inalo-a por inteiro,
cerro os olhos,
primeiro,
deixo-me levar pelo vento,
circulo meu pensamento,

espiral alucinante,
existência que permanece,
tanto agora,
como ontem,
planeta rutilante,
neste punhado de terra,
que já foi corpo,
que já foi monte,
foi planta exuberante,
nesta mão que se cerra,
pedaço de tanto morto,

odor que me alivia,
poeira em que se transforma,
quanta raiva,
quanto desgosto,
posição de tantas formas,
energia que soçobra,
quando acaba,
quando sobra,
magia de momento,
simples gesto,
pensamento!!!... Sherpas!!!...

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