domingo, 30 de novembro de 2008

... barragem!!!...

… barragem, imenso paredão que contém,
pára caudal, quando detém,
obra do homem que desfaz a obra de Deus,
junta todo o rio, num aperto sem concerto,
parando destino, caminho,
deixando correr de mansinho,
tirando proveito, gerando força,
energia que acumula, distribui,
postes bem altos com cabos
partindo para tantos lados,
repartindo suas feituras, gota a gota,
mais além,
fazendo correr ribeiros imensos,
caudais mais pequenos,
transformados, lagos parados,
construção de Mundo novo
dando energia a todo um Povo!!!...

… aldeia submersa, paisagem de sonho
outrora vale formoso, frondoso,
recanto de aves diversas, berços, espaços,
casas ainda não abandonadas, assim as recordo,
quase dormido, continuo, não acordo,
me ponho
numa anterioridade, interioridade, repouso,
recordação que se mantém,
olhando aquelas águas
espelhadas, luminosas, lambidas pelo sol,
pelos ventos escassos,
acalmia de fim de Verão,
Setembro,
numa sonolência que me torna mole,
sensível ao que me atormenta,
aceitando a inclemência da evolução,
quando me lembro,
muito antes daquele extenso lençol,
imensa mole,
junto ao molhe,
paredão de cimento, barragem
que parou o curso, impediu a passagem,
das muitas gotas que transformou,
energia bruta que se controlou,
distribuiu por fios, por cabos,
para… tantos lados!!!...

… como cursos de rios ou ribeiras atalhados, emparedados,
vidas plenas de energia, sóis e esperanças,
quantas crianças,
no seu desabrochar risonho,
ainda pouco cimentadas,
livres como num sonho,
assim o intuímos porque, já fomos,
tempos recuados, não tão evoluídos,
quando pensamos, nos pomos
tristonhos pelo que vamos vendo,
mortos, feridos,
barragens constantes, contínuas de bombas,
aços, estilhaços que lhes barram o curso normal duma vida,
paragens forçadas, maus encontros que têm,
energia contida,
paredes que se atravessam, que contêm
aquela impulsão, numa explosão que detém
tanta energia, pequenas gotas,
lágrimas que se derramam, choram
quadros que se desenham, pequenas pontas
que se destroçam,
se não olham, quando atalhas,
quando apontas,
não te importas,
longe dos teus pensamentos,
filhos e filhas que tens,
guerreiro que plana nos céus, bem alto,
máquina perfeita de destruição,
carregando num simples botão,
quanta morte, quanta corrente, quanta gente,
gotas de energia permanente,
sujeitas a explosão,
mortas assim… num repente!!!... Sherpas!!!...

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