quinta-feira, 17 de julho de 2008

... contrastes!!!... (antiga)

… por estas e por outras, contrastes com que deparo… quando me desloco e assento num local que frequento, pastelaria de feição, num primeiro andar cerca duma escola secundária frequentada por adolescentes, jovens com muita conversa despegada da realidade, ainda em casa dos pais, altura de buscas, de brinquedos, sonhos e arroubos, grupos distintos ou misturados, perspectivas de vidas futuras, início de amorios, olhares lânguidos, maliciosos às vezes, prendas mui em destaque nos corpos quase perfeitos das miúdas que se rebuscam, luzem e seduzem perante os machos menos contidos, doutros menos avindos, distantes destes intróitos, sem vontade de compromissos… pensando mais em “desafios”, dia seguinte ao “derby”, ao clássico, ao jogo entre equipas adversárias de há muito, lagartos e lampiões, golos em barda, desilusões, vitórias que se arvoram e incham peitos dos mais afeitos ao grupinho do Paulo Bento!!!...

… como sempre, a meio da manhã… consequência das minhas santas madrugadas, pequeno-almoço que tomo quase de noite ainda, paro por ali e como uma empada de galinha, bebo um abatanado a preceito, percorro os olhos pelas gordas de dois diários que cirandam de mão em mão, o CM e o JN, partilho o espaço com estes seres que vivem num Mundo das maravilhas que, ainda são, adentro-me porque oiço as suas conversas, os seus entusiasmos, aprecio atitudes, conversinhas e devaneios, namoricos de ocasião nas idades que ostentam, de feição, sem ser indiscreto… confesso!!!... Sorrio, recordo épocas bem diferentes, outras gentes, outros sentires tão longínquos, idades as mesmas… adolescentes de tempos idos!!!...

… faço parte da mobília, não incomodo… não se evitam e flúem nas mímicas futebolísticas, excedem-se nas manifestações românticas, tentam cativar e encantar os mais distantes e distraídos, adolescentes (elas) que se passeiam e mostram atributos porque para isso se produzem, tentando cativar, por se acaso!!!... O tempo passa, saio, vou à vida… eles continuam tão longe da realidade, da que ainda não lhes bateu à porta porque novos, em formação, com tanta e tanta ilusão!!!...

… encontros e desencontros com indivíduos da minha idade, cumprimentos, apreensões por causa dos tostões, das diatribes dos que governam e tiraram direitos ou dinheiros que tínhamos, já não temos, aplausos de medidas que consideram justas, alguns reparos para os que causaram danos, para os que foram inábeis, aproveitadores em benefício próprio… águas passadas!!!... Conversas de circunstância, casuísticas e indo na corrente do que se leu ou ouviu, da notícia que arrepia, da crise que se discute, da admiração da inversão das condições climatéricas tão repentinas, dia mais frio e sombrio, um pouco mais de política, quase nada de futebol, pela idade que já não se vai com bolas ou desafios, mais cordata, sensata e preocupada pela reforma que não chega, pela doença que ataca, pela mazela que se instalou, teima e não descola, não vai embora!!!... Todo um ror de azedumes, cruz que se arrasta, torna pesada, compras que se fazem num super-mercado qualquer, economistas sem renome, nada conceituados como os encartados, experiência de vida, carteira que se esvazia, estica, juízes de CASOS que enxameiam, julgamentos apressados dos que estão na baila, que mexem, remexem porque deram brado quanto… a disparates e asneiras!!!... Que não sou político, nem quero nada com eles… palavras que se atiram à toa, não pertenço a nenhum partido, nem gosto deste ou daquele, pretendo é que saibam o que estão a fazer, conversa mole que se tornou básica, quase fundamental para quem se preokupa e não okupa, sociedade civil que anda tão entristecida pelos que jogam com ela na altura dos votos, nos palavreados que aventam, nas rinhas que arranjam por qualquer coisinha de nada que lhes não escapa, apesar de…

… mais uns passos no espaço comercial, mal das terras pequenas onde todos se conhecem… outro encontro com gente mais idosa que comenta obras de fachada do autarca que vai entregando pontos aos privados, deixando responsabilidades de vulto, tratando da vidinha, do nome futuro quase como culto em placas fronteiriças de parques, de praças, de jardins, estacionamentos e entretenimentos, de cemitérios e afins, jantaradas com a idade d´ouro que ainda alinha mas… vai desconfiando, aos poucos!!!...

… estórias antigas que se puxam, tal como as contas dum extenso rosário que vão correndo por entre dedos frenéticos de “beata” que reza na Sé, cerejas que se tiram duma cesta, não duas ou três… uma quantidade não desejada porque juntas e abraçadas umas nas outras, assim são as conversas quando começam, se enlaçam, despontam, não mais acabam, se sabem coisas que se não sabiam, coscuvilhice ou vateirice pronunciada, casual e não provocada… sem ser anunciada ou esperada, sequer!!!... Contrastes profundos, neste mundinho de província… dois mundos tão distantes e tão ao pé, no café lá em cima, no super-mercado, cá em baixo!!!... E eu… encaixo, sabe-me bem, contacto, comparo, escrevo, retrato o quadro actual, tal e qual… sem meias nem peias!!!...

… depois, lá fui… entrei no carro com as compras do dia, barriga satisfeita, início com muito paleio que me chegou de maneira passiva, ouvindo, apreciando comportamentos de mais jovens, alguns momentos, sendo confessor porque auditor de pessoas conhecidas e amigas, não perdoando nem incentivando… estando presente, mesmo em frente, ajudando um pouco, sendo economista sem papel passado por faculdade, sendo advogado que não advoga, sendo juiz que não julga ninguém, sendo político, não sendo, como quase todos com quem contacto, por acaso!!!... Enfim!!!... Sherpas!!!...

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