terça-feira, 29 de janeiro de 2008

... preparativos!!!...

… caravela das descobertas,
cais da partida, areal coberto de gentes,
cordas que esticam, aprestam,
panos que enrolam nos mastros,
caminho aberto, finas frestas,
colosso de madeira, bojudo,
armazém de víveres que chegam,
arrumam em sítios sombrios, fundos,
quase pejado, de carvalho o cavername,
costado de pinho, de ferro o cavilhame,
mastros possantes com cestas nas gáveas,
grito do alto duma delas,

da ponte de comando,
vozeirão que se sobrepõe,
firme, vigiando,
enquanto põe, dispõe,
olhar feroz que deita
sobre marinheiro derreado
encostado numa barrica,
conversando descansado,

olhar de quem enleia
amor que deixa por uns tempos,
mulher nova que se meneia,
doces momentos,
recordações
na hora da despedida,
fuga, em busca doutro Mundo,
dia que arrasta uma vida,

doce balançar, águas calmas,
mansas, prometedoras,
conchego de tantas almas,
refúgio de tantos medos,
cofragem de grandes segredos,
bem juntinhos, moldados,
companheiros de todas as horas,
preparação do que temem,
viagem que se repete,
sãos, válidos, não tremem,

ajeitam o que se segue,
olham a gaivota que descola,
adeja,
a terra que se deixa,
fazendo por esquecer,
não pensando, sequer!!!... Sherpas!!!...

dom de ver,
orientar tudo que mexe,
do alto da sua omnipotente posição,
dá para entender
quando cresce, quando se olha,
volteia, não parpadeia,
não hesita,
não belisca, sequer,
não fora ele o capitão,

comanda,
ordens mais altas que cumpre
naquela busca, demanda,
cuidados que são redobrados
sem receios, com recados,
sem folguedos, sem festa,
antes que a noite inunde tarefa,
preparativos, vozearia no convés,
alguns gritos,
apresta-se tudo que resta
olha a todos de revés!!!...

veio a noite,
estafados, corpos de bestas desconformes,
animais entre animais,
descalços, fortes, rostos hirsutos,
autênticos brutos
espalhados por qualquer canto,
sonos profundos,
desatados, rendidos, desencanto,
escuridão que oculta tudo,
agitação que se refreia na quietude do local,
junto ao barco, perto do mar,

ainda mal o sol rompia, se espreguiçava a marinhagem,
era mais noite que dia,
apetrechos a funcionar, ordens que se ouvem dar,
velas que se içam,
enfunam, reboliço concertado,
começo da aventura,
levam rumo mais que pensado,
rota de azar,
de fortuna,
imensa incerteza se avulta no que se esconde,
oculta
para lá daquelas águas
que terão de navegar!!!... Sherpas!!!...

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