… folhas secas no chão,
em profusão,
tapete almofadado ao longo de avenidas arborizadas,
misturadas com lixo que se vai acumulando,
pedaço de papel, uma beata, uma lata,
maço de cigarros amarfanhado, plástico em ascensão
soprado pelo vento que sopra, frio com os olhos no chão,
pensamento que evolui enquanto vou andando,
ouvindo pássaros que regressam no final do dia,
incomensurável sinfonia,
nos ramos nus, pequenas bolas enfunadas, chilreando,
repetição, numa cidade fronteiriça
que, agora, pouco se agita,
ruas com passantes, portas cerradas,
contrário do Verão com amplas esplanadas,
burburinho em casas suspeitas, portas fortes, negras,
blindadas,
aproximo-me duma, abro, escancaro,
baforada de fumo com que deparo,
junto ao balcão, música em surdina,
jovens em profusão,
bebida na mão,
tertúlias, convívios,
com alcoóis, com porros, com drogas,
cumplicidades,
atracção de pólos opostos,
outras verdades,
sexos que se buscam, se unem,
entendimentos, segredos,
bem postos, sem medos
no interior daqueles antros, serão vícios,
amalgamados se encontram naquele conchego,
amigos do peito,
com barulho, sem sossego,
maneira de vida, com copos, com tapas, com petiscos,
noutros abrigos,
num dia feriado, calmo, gelado,
cidade que passeio com enlevo, conhecida
de toda uma vida,
prolongamento de quem vive na fronteira,
aqui à beira,
complemento desta,
mais modesta,
escape de quem se interioriza, por vezes,
como qualquer grande burgo
onde me afundo,
explano pensamentos, mãos nos bolsos,
avenidas largas pejadas de folhas secas,
no chão, espalho os olhos,
papel, desperfeitos, lixo que se não recolhe,
chão que acolhe sobejos,
atitudes, desleixos!!!... Sherpas!!!...
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