… num recanto da chaminé,
ronronando,
gato enrolado,
cinzento ou pardo,
não distingo,
luz da chama que consome lenha de azinho,
alguns gravetos tirados dum canto,
que me aquece, na que me arrimo,
noite gélida lá fora,
escuridão,
tirito, penso,
quase sem alento,
olhando,
cozinha alentejana,
espaço amplo,
cadeira baixa forrada de bunho,
um que outro banco,
solidão,
pequenos estalos se ouvem,
faúlhas que saltam com algum estrépito,
fumos que saem,
enrolam por aquele tubo,
presença que se denuncia,
pensamento solto,
gato dormindo,
ali ao pé,
noite fria,
boa companhia,
um do outro!!!...
… longe vai o Verão,
dias de Sol intenso,
quanta animação,
por ali na ribeira,
saltitando,
sentados no chão,
sorrio,
quando lembro,
num passar tempo descontraído,
usufruindo,
oiço o rumorejar das águas que passam em torvelinho,
num cântico baixinho,
seguindo o seu destino,
depois da chuvada que se abateu,
quando choveu
ainda temi,
acalmou,
sosseguei,
recolhi,
empilhei uns troncos no lajedo,
peguei num fósforo,
aguardei,
logo se acendeu
fogo aconchegante,
luz bruxuleante,
afago esperado,
desejado pelos presentes,
gato que se espreguiça,
enquanto atiça,
passa seu lombo curvo, enriçado, pelas minhas pernas,
dengoso,
afectuoso,
agradecido,
já sentado,
olhei para ele,
enrolado,
ronronando,
agradecendo aquele calor provocado,
cozinha enorme,
lareira antiga,
chaminé com fogueira,
mobília reduzida,
uns bancos… uma cadeira,
gélida a noite,
frio de rachar,
sabe bem aquele estar
em solidão,
pensando no Verão,
sorrindo… com afeição!!!... Sherpas!!!...
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