segunda-feira, 1 de novembro de 2010

... casebre!!!... (antiga)

…este era, ainda há pouco tempo, um dos muitos casos reais que, nas minhas deambulações diárias… encontro, tal e qual!!!...O caso era aviltante, gritante, indigno e só…há pouquíssimo tempo, como já o afirmei, foi debelado, resolvido!!!...A casota, agora vazia, meio queimada, arruinada, ainda lá está, ainda existe, como testemunho mudo duma situação que se arrastou!!!...Para encontrar casos como este…não é preciso muito, basta dar uma voltinha pelos arredores de Lisboa ou… mesmo no seu interior, no coração da capital deste País, o que se pretende moderno, do século XXI!!!...Com os olhos abertos, com as mentes abertas, não podemos fazer de conta que…não existem situações como esta, no País real, o nosso:

- Quando por ali passo,
na baía do Seixal,
numa nesga de pouco espaço,
tugúrio dum animal,
numa amostra de habitação,
no casario da Arrentela,
junto à estrada, como um cão,
só com porta, sem janela,
vislumbro a silhueta
dum idoso, já agastado,
que, pela meia porta, espreita
o movimento, ali ao lado,
antes de ir à deita,
numa enxerga, apertado,
naquele cubículo, naquele canto,
sozinho, escorraçado,
olhos secos, sem pranto,
numa casota, como um cão,
com os trastes ali à porta,
naquele pequeno chão,
onde dorme, não se importa
com o Mundo que o defronta,
com a vil, baixa afronta
a que se está sujeitando,
pobre velho rejeitado,
o tempo vai-se passando
ali perto, mesmo ao lado,
da casota de pouco espaço
que eu vejo, quando passo,
com a silhueta agastada
duma pessoa, já cansada,
na meia porta que se cerra,
bem no centro desta terra,
freguesia da Arrentela,
junto à estrada, na baía,
durante a noite, em pleno dia!!!...


…os bem instalados, os forrados, os que vivem em redomas de vidro, em condomínios fechados, os que fazem a sua vidinha, coabitando sempre com os mesmos, os do mesmo extracto social, claro…não se apercebem destas COISAS, tantas que…até chateiam!!!...Vão-se preocupando com as suas aplicações, com os seus títulos, com as suas obrigações, com os fundos em que investem, com os ganhos que acumulam, com as viagens de recreio, com os carrões, as vivendas de espantar, vendo uns futebóis, ouvindo uns faduchos, aplaudindo touros e toureiros, assistindo a uns concertos, empinando uns copos e…pouco mais, tudo numa boa, enquanto vão rezando à Virgem, para que os mantenha…através dos anos, das décadas, dos séculos, incólumes, lá nas alturas!!!...A vida, meu caro…é uma roda e o que se encontra no cimo, dum momento para o outro, vem parar cá abaixo!!!...É inevitável!!!...Vivemos num País desequilibrado, queiramos ou não… admiti-lo!!!...Ver com olhos de ver…basta querer!!!...Sherpas!!!...

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