… através da janela de casa, receio,
abatem-se fúrias dos céus, escuridão que inunda quando despeja,
águas que sobem, arrastam, destroem, sem poesia, devaneio,
não se deseja,
pequenos que somos perante o que sinto,
arrastamentos, carros que parecem barcos, formigas no meio,
casas avassaladas, objectos estragados,
pertenças, lembranças, carinhos sujos, enlameados,
rostos tão tristes, cidades, destinos, subjugados, húmidos e frios,
ruas que são rios,
elevados pensares de quem se julga, pouco partilha, nada comunga,
tralha tão feia que se enleia, remoinhos,
escaninhos,
sarjetas tão cheias, mortes que surgem,
águas que caem, juntam, rugem,
danos tão grandes,
miséria de alguns, móveis, colchões, cadeiras, estantes,
desvario,
caras sem rosto, profundo desgosto,
lágrima que assoma, estupefacção, braços estendidos, confusos perdidos,
parca palavra,
corpos vazios, mãos sem nada,
calamidade repentina,
afastados que estão, grandes poltronas, cumprem rotina,
palavras ocas que dão,
sensação tão triste, medonha razia, amargura na rua, torrente de lama,
instante que regista, desespero que chaga,
desgraça que não pára,
ferida tão funda que tudo inunda,
sentida, compungida, tão muda,
responsabilidade que se atira, que passa, que fica,
sem culpa, na mesma, sem sorte na vida,
carregos de medo, trabalhos de dor,
chuva que cai, torrente que inunda, na rua o pavor,
desfeito seu sonho, negócio estragado,
lar decomposto, mais arruinado,
num dia, saída,
altera, destina,
só queda presença… laivo d´horror!!!... Sherpas!!!...
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