quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

... há tanto encanto na serra!!!...



… há tanto encanto na serra, na urze com que me cruzo,
na pedra abrupta que reluz sob Sol intenso que brilha,
na ave que esvoaça, passa, no som da água que corre
por entre fráguas que se estreitam,
quando a enlaçam,
abraçam,
fina, débil corrente se junta,
torna densa,
alarga numa opacidade escura,
junção de tantas gotas, zénite como destino,
lago em que se comprime,
bem no cimo,
pertinho dum céu azul cristalino,

atmosfera que, de rara, se torna tão límpida, pura,
erva rasteira na beira,
alcantilados diversos
sossego que é refúgio,
motivo destes meus versos,

restos de árvores queimadas,
espectros que se mantêm,
mortas, depois dos incêndios,
memória de florestas perdidas,
encostas nuas, despidas,

desolação naquelas escarpas,
choros, lamentos me vêm,
recordo primeiros compêndios
quando falava daqueles domínios,
lusos aguerridos,
Montes Hermínios,
alturas, fugas, enfrentamentos,
mantos alvos de medo,
quebradas, vales escondidos,
pastoreio que se prolonga quando se lembra,
se saboreia,
momentos,
encantamentos,

sou de planuras,
espaços amplos, abertos,
alcanço lonjuras imensas quando alço meus olhos,
vislumbro horizontes indefinidos,
distantes,
linha que toca no firmamento,
quando penso,
estando imerso neste buraco,
algures na serra em que me foco,
diferente,

pedregosa, gélida, recuados ecos,
história que me avassala,
frescura que me faz calafrios na pele que sente o vento que passa,
silêncio como no interior de catedral,
obra da natureza,
altar maior,
lago bem no fundo de pedrarias desconformes,
possante, vigorosa
calmaria que se instala,
quando o vento se cala,
formosura portentosa,

há tanto encanto na serra!!!... Sherpas!!!...

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