sábado, 13 de dezembro de 2008

... romantismo???...



... casa elegante, de porte digno, palacete,
janelas rasgadas, amplos jardins, varandas no topo,
divisões magníficas, decoradas com espavento,
mobiliário d´estilo, época barroca, nos amarelos, algum verdete,
ferrugem que se vislumbra nos ferros antigos,
retorcidos, já esfolados pelo uso,
algum consolo,
camas encolhidas com almofadões, posição d´então,
não estendidos, respaldados,
de bom tom,
resfolegados naquela posição,

mais coxim do que cama,
assim se chamava, pelo dossel,
pelo embainhado das sedas, dos brocados,
linhos que foram alvos, pelo tempo, amarelados,
finas entretelas, algumas estrelas bordadas no papel do quarto,
usança da fidalguia que s´entretinha entre música,
no minuete que era dança,
na lira ou no cravo que soava,
naquele viver, parco reparto,
gozança racatada,
passeio junto ao lago, cisnes e patos, comida no prato,

mesas ricas nas baixelas,
javali ainda fresco, montaria de facto,
perseguição no campo,
faisão enfeitado com penas servido em travessa de prata fina,
saiotes em balão, corpetes, risadas empoadas,
lencinhos rendados, peitos amplos,
vinhos servidos em copos trabalhados,
sapatos altos, arrotos, sopa na terrina,
som dum ladrar contínuo no exterior, espirros que dão gozo,
quando sentados, quando de pé,
cheirinho numa caixinha de rapé,

jogos em tabuleiros de xadrez,
contos do que se faz, do que se não fez,
petizes aos molhos, barulhentos nas correrias,
impertinentes numa cabra-cega, prolongamento dos azulados tão posicionados,
condes, barões, baronetes,
condessas, marquesas, redondeio de toda uma corte,
sua sorte, mais ao norte,
paragens, depois de banquetes,

prosápia de quem se julga, de quem se sente predestinado,
com palacete,
doirados relampejantes, cravejamento com diamantes,
tecidos ricos,
alguns gozos, muitos risos,
incontidos, leque que tapa, mostrando sinal a quem avança,
quando se alcança,
tempo contido nos espartilhos,
alcova de damas que albergam seus amantes,
devaneios em salões, em jardins, em caçarias,
especiarias,
mães de fidalgos, filhas ou filhos,
época do romantismo, no meio de trapos, d´atilhos

requintes vedados a plebeus, horda de lapões, labregos,
nas cozinhas, com vestes de quem serve,
seus apegos nas rudes lutas da labuta,
força bruta de quem permite tudo isto q´existe no palacete,
com verdete,
ferrugens nos ferros retrocidos,
pouco lustrosos, redondos, parecidos,
constante gesto que rejeita tanto pivete,
no abanico, como leque,
falta de banho, com muito escarro, com muito cuspo,
rosas apetecidas, perfumes naturais, como os mais,
vidas encardidas, vidas a custo,

pinturas de quem ali vive, retrato do dono que posa na altura,
retoque na bochecha, cor na face, vestimenta apropriada,
ciranda a matrona que é criada,
mordomo que s´empertiga,
às ordens de quem obriga,
aleitamento do bebé birrento, mãe q´entrega sua tarefa
a ama de leite,
mulher do povo que protege aquel´outro corpo,
entronchado como repolho,
saias sobre saias, escondendo algum rebuço, fraco escolho,
tarefa de fazer carregar sobrolho,
sobrevivência em cada encontro,
disseminação da espécie, prolongamento,
aproximação, dado momento,

luxuria que se pavoneia... num Mundo torto,
cavalarias, montarias, danças de salão,
empanturramentos, diversão,
obrigação... na desocupação!!!... Sherpas!!!...

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