… divaguei na palavra, no gesto,
retornei a mim próprio, encontrei
uma criatura bem diferente,
um envoltório empobrecido, um resto,
quando comigo deparei,
transfigurado, na minha frente,
separado de mim, quando me olhei,
dualidade momentânea,
etérea, bem distante,
instantânea, quase estranha,
fenómeno raro, impreciso,
parado, exposto, contristo,
dentro do corpo que tenho,
que transporto, que mantenho,
que descuido, envelheço,
quando rezo, quando peço,
não consigo parar o tempo,
mesmo quando isso intento,
voraz me vai desfazendo,
quando me olho… quando penso!!!...
… na palavra me refugio,
no gesto me enobreço
quando me sinto vazio,
quando busco esse meu berço,
todo aquele doce principio,
recomeço, quando inicio
viagem alucinante
na busca não conseguida,
na fuga, na fugida,
no encontro desencontrado
por tudo quanto é sítio,
olhando bem para o princípio,
separado de mim, como tento,
quando me olho… quando penso!!!...
… ai, mal de mim,
tortura permanente, quando me ausento,
quando me separo, reparo,
partição fugaz que tenho,
duplicidade irreal
nesta visão, tão natural,
quando me avalio
bem no cimo, no astral,
deixando de ser terrenal,
como juiz implacável,
quem se julga assim,
consciência plena de todo o mal,
separado que estou,
quando me olho… quando penso,
vendo-me, tal como sou!!!...
… retorno à infância,
sou partida do que é quase finito,
minha valência,
quando consigo pensar comigo,
quando me parto em dois, me duplico,
regresso, qual fluido que se molda
ao recipiente que o contem,
quanto me quero bem,
vos adoro por inteiro,
consigo olhar mais além,
quando retorno ao berço
vejo sempre, primeiro,
a inocência… como começo!!!... Sherpas!!!...
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