... reposição de COISAS minhas, actuais e antigas, algumas fotografias!!!... Sherpas!!!...
quinta-feira, 31 de julho de 2008
... dia frio!!!... (antiga)
... ainda na província mais província que conheço, no Alentejo onde nasci, onde passo grandes temporadas, onde vivo a prestações, partilhando esta experiência com o litoral, bem pertinho de Lisboa, num dia qualquer logo pela manhã, fazendo o que normalmente faço... compras num Supermercado, neste caso, num dos muitos Modelos do Patrão Belmiro, pois então!!!...
... já as tinha feito, com sacos nas mãos, pendurado deles, bem no meio... dirigi-me para o carro que me aguardava no parque de estacionamento!!!... Dia frio, constante da Primavera que ainda não se definiu, dias de Verão, Outonais, de Inverno gélido e, às vezes, límpidos e solarengos, temperaturas mais agradáveis, consoantes com a época!!!... Abri a bagageira, depositei o fardo que ali me tinha levado, fechei e dei por mim a conversar com um senhor mais idoso a quem tinha cumprimentado e comentado a temperatura que se fazia sentir!!!... Tinha o seu carro junto do meu, daqueles que não necessitam de carta de condução, humilde no trato, no vestir, afável e... conversador tremendo, depois de incitado!!!... Juntaram-se dois alentejanos, normalmente reservados mas... depois de abrirem a “torneira” difíceis de calar!!!...
... que sim, que já não era como antigamente, tudo certinho, os astros diziam-nos com o que contávamos, as estações do ano surgiam na hora, mantinham-se, cumprindo as suas obrigações, bastava olhar para as estrelas, sentir o vento, apreciar a Lua, atentar no comportamento das plantas, dos animais mas... com estas modernices todas, disparates dos que foram lá para cima, até à Lua, tudo se alterou!!!... Já não se sabe com aquilo que contamos!!!... “Atão” na t´á a ver o frio que faz???... À medida que dizia, sorria, sentia-se nele um estar de bem com a vida, confortável na conversada que se tinha proporcionado!!!...
... deixei-o explanar as suas ideias, vontade de contactar com alguém... (... embora mais novo já vou sentindo isso, vezes por outras!!!... ) não me contive e indaguei com todo o respeito “Vossemecê” deve ser mais ou menos para a minha idade, não???... Mirou-me de alto abaixo, com bom modo, contestou que eu era capaz de ser seu filho pois já ia para os oitenta, provecta idade, direito que nem um fuso, lúcido, de carnes chupadas, rijo ainda... o que se chama vender saúde apesar da vida difícil que teve, pessoa humilde, trajecto de trabalho intenso nos campos, nas obras, conforme me foi contando!!!...
... que agora é melhor, que antigamente também era... contradição que atalhei quando lhe chamei a atenção para o facto de ganharem mal, de serem tratados como escravos, sombras apenas das pessoas que o eram, pelos dinheiros, pelas terras que possuíam!!!... Ainda se lembra que os mais pobres não podiam entrar ali no café Alentejo para falar com os patrões, argumentava eu!!!... Se m´a lembra, ficávamos à porta c´o chapéu na mão, lá dentro só p´rós senhores!!!... Está a ver que era mais difícil e sem razão a vida de então???... Lá nisso, concordo mas, embora à distância... não me ligando muito, só falava comigo a partir das nove horas da noite, tive um trabalho além, naquelas terras dum engenheiro que t´ava na Câmara, já morreu... uma vida “intera” e “estas”, dizia enquanto apontava para o edifício do Modelo, ganham mal e só a “cantrato”!!!... Quando não as querem, mandam-nas embora, num ai!!!... Ainda ajudei a fazer aquele hotel lá p´ró Caia, morreram lá dois rapazes... ainda não lhes deram nada, gastaram dinheiros do Estado à fartazana, está a cair aos bocados, abandonado!!!... T´á mal, atão n´a t´á???...
... para aqui, para ali... falámos de tudo um pouco, num bocadinho casual, por uma afirmação de ocasião, pelo frio que se fazia sentir num parque de estacionamento dum Supermercado qualquer onde fui fazer compras... ali para o Alentejo, terras de gente calada, reservada enquanto não se aborda, aberta e faladora até mais não, falo por mim!!!...
... a vida tem destas coisas, o nosso Povo é assim... basta viver entre ele, ser Povo também, partilhar com ele, dar-mo-nos tal como somos, recebemos muito em troca, um facto!!!... Como se fazia tarde, despedimo-nos com um forte aperto de mão, mais unidos do que antes!!!... Conversar é bom!!!... Sherpas!!!...
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