quarta-feira, 30 de julho de 2008

... desoras!!!...

… nebulosas faces me perseguem interrompendo descanso imerecido,
rotina do dia que acaba, já cumprido,
sem afazeres de monta, num faz de conta, período de afastamento,
sem tarefas, aposentado,
juntando dias, meses, anos acumulados,
arrostando caras esbatidas, presentes em todo o lado,

fantasmas doces que acariciam meu rosto, deleitam-me, sorrio, ainda prostrado,
cambaleando, ergo-me do leito, dono do corpo prossigo por salas vazias da casa,
ensonado, perdido, confuso, sem destino,
tossico,
estendo-me num sofá que por ali está, ilha na escuridão que me rodeia,
acalmia tão grande, sossego, descansam os vivos, os mortos estão
vivos quando os recordo,
presentes,
testemunho o que foram quando gentes,

inquietação, dificuldade na respiração, algum receio do que se torna constante,
ansiedade indecifrável que amedronta, interrompe sono agitado, constância doentia,
quase apatia,
desagradável sensação de quem está só no meio da multidão,
silêncio que não silencia quem delicia
trazendo sentimento que julgava perdido, quando acompanha, acaricia,
faz companhia,

deambulo, sento, levanto, estendo, cerro olhos, abro luzes da sala,
percorro tudo que me rodeia,
desempenho tarefas domésticas na cozinha, arrumo tachos, panelas, talheres,
descasco batatas, cenouras, acendo aquecedores,
vou-me entretendo,
afastando imagens que provocam ideias que envolvem,
nada resolvem,

encaminho passos, ligo o computador, martelo teclas, escrevo,
despejo o que estranho, levanto, faço abluções matinais a desoras,
ensaboo a barba que desfaço,
quando a retoco e faço, desfazendo,
lavo o rosto, componho o corpo,
mato o tempo, meio morto de sono,
sem demoras, afanoso, ocupado, perseguido,
faces estranhas, noite perdida,
pedaço de vida… não conseguido!!!... Sherpas!!!...

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