… agarrar palavras simples,
tonitruantes, rebuscadas,
arrumá-las na prateleira,
obedecendo a regras concretas,
de qualquer maneira,
espalhá-las a nosso gosto,
salpicadas como entendermos,
umas em cima, outras ao lado, desenhando no papel, de costas viradas,
intervaladas,
mostrando caras, rostos, ideias vulgares, mais complexas,
trocar sentidos, dando entenderes,
fazendo crer,
comparar uma gota brilhante de chuva miúda de Verão
com diamante facetado, pedra rara,
uma rosa vermelha num jardim
com uma imagem que nos persegue,
que amamos com muitos quereres,
criar um facto novo, uma ilusão,
olhar, quando se pára,
uma diminuta criatura que se afasta dos nossos pés,
se protege, não esmaga,
pensarmos na imensidão,
adorarmos estrela portentosa, energia,
que nasce, morre todos os dias,
sentir a brisa do mar que marulha, se enrola
em finas, doiradas areias que se espraiam,
saborear fruto delicioso,
degustá-lo, descrevê-lo,
no pensamento surgem novos termos,
duros, amenos,
como as tintas dum pincel, tons fortes, mais ligeiros,
quentes, confortáveis, ténues, sombreados,
tão delicados,
na pintura que fazemos,
nos poemas que escrevemos,
sentires que nos arrebatam, conquistam, arrastam,
ajeitamos,
quando cruzamos,
damos forma ao texto,
no papel, no contexto,
salpicadas, saltitantes,
fazendo crer,
mudas ou gritantes,
aos jorros, como inundação que nos avassala,
quando se instalam,
quando falam, se interpelam,
se isolam,
extrapolam,
incontidas… ganham vida,
sensação boa, criação que se obtém,
imaginação,
azul que nos rodeia, cor dos nossos sonhos,
cinzentos que nos acabrunham
quando nos pomos
nas dores que não sentimos,
fingimos,
intensa labareda nos rodeia,
paixão que transfigura o que vemos,
olhamos mais além,
confundimos,
presos em masmorras medonhas,
fugimos,
arrumamos palavras nas prateleiras,
ordenadas,
sem sentido, salpicadas,
simples ou… rebuscadas!!!... Sherpas!!!...
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