olho e vejo um céu deslumbrante,
uma manta escura, bem negra, pontuada
de estrelas, de lua prateada,
cintilantes e parada, com carantonha que me afronta,
quando me defronta, na sua plenitude,
não lembra a ninguém, a minha posição,
deu-me para isso, num campo isolado,
sem luzes, sem sons, uma pretensão,
um desejo acalentado, o que tenho diante,
espaço aberto, infinidade incomensurável,
inatingível, não palpável,
romântico, às vezes, luar que afaga,
namorados que juram, que beijam, encobertos,
sentires que trocam, experiências bem vivas,
cumplicidades que firmam, amores que duram,
atitudes tomadas, sensações que perduram,
naquela imensidão… a minha posição,
estendido no chão, de costas viradas,
olhando as estrelas, a Lua alargada,
sorriso que tenho… a vida parada!!!...
… foi um instante de contemplação,
tão pequenino, perdido, sozinho,
em plena noite quente, abafada,
tempos de Verão,
quando me dispus, pensei e fiz,
espetando no céu, a ponta do nariz,
olhando a preceito, com vagar, com jeito,
introvertendo tanta perfeição,
cintilam as estrelas, é vê-las,
num descampado, quando isolado,
num dado momento, numa folga que se tem,
pensando que somos, quase ninguém,
parte ínfima, gotinha de gente,
tantos para aqui, quantos aquém,
pontinho que se julga, quando se sente,
mais importante… simples semente!!!...
… que prolifera, que se dissemina,
em comunhão com quem nos completa,
vida tão escassa, que se não disfarça,
a nossa, a vossa, a tua, a minha,
por vezes, abjecta,
quando massacra, quando desgraça,
quando destrói, quando irrompe com fúria,
ser que desfaz… um nojo, injúria,
quando não contempla o que o rodeia,
quando esconde, quando se alheia,
quando não vê, quando não tenta,
deitar-se no chão, de costas viradas,
numa noite escura, bem quente, de Verão,
espetar o nariz, bem longe, nas estrelas,
na Lua redonda, que nos enfrenta,
brilhando, cintilam, estão bem paradas,
quebra-se o engodo, sonhamos, ilusão,
bem juntos, enlaçados, de mão na mão,
é de experimentar, gostar de vê-las,
num campo qualquer, no deserto, no mar,
num terraço da casa, numa simples janela,
olhar bem de frente, parar e… pensar!!!... Sherpas!!!...
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