sábado, 1 de dezembro de 2007

... ainda não era noite...

… ainda não era noite, lusco-fusco,
apenas,
entardecer lânguido, morno,
numa tarde luminosa de Outono,
também lhe chamam crepúsculo,
sol cansado da jornada, duras penas,
olhos semicerrados, quase posto,
sem estar oculto,
por trás do casario,
que, de branco se põe cinzento,
naturalmente, sem espavento,
desaparecendo,
lentamente,
ainda preso por um fio,
raio que teima em quedar,
espreitando, sem parar,
fixo naquele andarilho,
perdido… sem lar!!!...


… num caminhar intenso,
sem destino aparente,
olhar mortiço,
sem gente,
descontrolado arfar,
ainda novo, de corpo avantajado,
pessoa que conheço,
profissional, quando lúcido,
ao balcão de qualquer café,
comportamento mais que normal,
sem sentido,
num instante, por qualquer motivo,
perde o norte, anda a pé,
corre a cidade, grita, esbraceja,
não molesta, não complica,
Mundo fechado, estranho,
busca fuga do que o persegue
numa luta injusta, sem tréguas,
caminha quilómetros, muitas léguas,
não vê, não olha, não sente,
sem destino… doente!!!...

… passa o dia nisto,
percorre todos os lugares da cidade,
dura, triste realidade,
insisto,
quando em quebra,
baixa não premeditada,
vai embora, não diz nada,
deixa afazeres, clientes, amigos,
como regra,
tão normal na sua caminhada,
anda sem norte, barafusta,
olhares perdidos,
não vê, não nota, não conhece,
tudo esquece,
anafado, cansado,
por tanto lado,
penitência bem pesada que paga,
doença que o arrasta
que o persegue!!!...

… o raio de Sol que espreita,
segue-o, amigo,
dá-lhe alento, sentido,
tarda em se pôr, como os mais,
mantém aquele lusco-fusco pardacento,
fazendo o casario cinzento,
janelas bem abertas, portas que não cerram,
lamentam aquele esbracejar,
não temem os seus gritos
quando o vêem passar,
esperam,
tal como o brilho que o ilumina,
naquele fim do dia,
tarde morna, lânguida, outonal,
quando normal,
bem diferente… profissional!!!... Sherpas!!!...

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