sábado, 22 de abril de 2017

... a minha... geração!!!...

... melhor do que o PARLAMENTO, sem poder de decisão,
gente da mesma geração,
experiência de vida, dado momento,

almas gémeas, no sofrimento, observadoras, atentas, pensadoras,
sacrifícios cumulativos, formação,
além da própria profissão...
anos que nos foram ensinando, experiência que nos endureceu,
mais abertos, conversando, local indicado,
aproximação,

deu-se, como se deu... aconteceu,

marcou para sempre, não esquece, vezes por outras, aparece,
bendita liberdade...
no falar, no fazer, sonho, ainda por concretizar,
verdade,

quando nos encontramos, ficamos sincronizados,
trapinhos mui importantes...
vidinha de muito antes,
comparação que fazemos, aplaudimos,
criticamos, espaço comum que temos,

na mesma onda, passada vivência, idade provecta,
caminhada longa...
final que se projecta, interrogação, muita poeira levantada,
não está na nossa mão, gente vivida, gente dada,

passam-se tempos, semanas, meses, anos, mais gordo,
mais magro... problemas de saúde que carregamos,
desvalorizamos,
vamos puxando, como sempre, vontade própria, algum esforço,
sorriso na cara, bem disposto,

quando recordamos infância, adolescência, trabalho que ficou para trás,
tanto faz...

passam-se horas bem puxadas, intervenção de terceiros,
“o gajo era rico”,
sorriso...

estorial completo dos pais, emigração do Alentejo, outras paragens,
outros locais...
negócio arriscado, vigarice, ror d´advogados,
maus bocados,

família unida, como uma pinha, salvação, encaminhamento,
outro rumo...
futuro incerto, sentimento,

experiência nos ensina, carência nos endurece, muito antes,
ainda pequenos, sem meios...
quanta oferta agora têm, uma desdita,
uma inventiva,
confrontações constantes q´afloram,
memória não esquece,

brinquedos, brincadeiras diferentes, segredos,
aberta, logo à saída da porta... rua dos meus encantos,
amplos, convidativos campos,

árvores, plantas, seres diversos, dispersos, ali à mão,
joguinho apropriado...
busca, encontro, assombração,
ninho, criação,

joaninha voa, voa, na toca, tarde quente,
canta que canta...
grilo ou ralo nos seus buracos, melodia desses espaços,
quando o lembro, bem o vejo, meu, nosso Alentejo...

materiais fáceis d´encontrar, pedras da calçada, arbustros, insectos,
arames, pregos, areia...
contar, olhos fechados, escondidas,
apanhada,

cavalitas, cintos, montão, corrida, pé calçado ou descalço,
uma vida, outra geração...

o pião, ah... o pião, o berlinde, o botão, eixo, rebaldeixo,
índios, cowboys... polícias e ladrões,
ilusões,

quanta dedicação, outros tempos, pouca informação,
latifundiário no seu casarão...
tractorista, maioral, ganhão, ignorância, miséria, penúria,
pézinho nu, no chão,

fúrias que deram GUERRAS, quando mancebos, para muitos, um ponto final,
noutras terras, na guerra colonial... do Cerejeira e do Salazar,

quanta subjugação, desperdício dos filhos, dor dos pais,
da pouca formação...
humildade, respeito, educação,
vidas atalhadas, choros e ais,

tudo nos vem quando nos reencontramos, vezes por outras,
na mercearia da esquina, no café, na barbearia,
enquanto os profissionais... vão fazendo pela vida,
servindo o cliente, aguardando por mais,
tão iguais, tão iguais,

pela idade  que conta, pela geração a que pertencemos,
recordando... comparando,

muito melhor do que o PARLAMENTO, quando falamos de políticos,
políticas...
trazemos à baila, converseta, quase receita,
sem falha,
gentes pobres, gentes ricas,

não s´aceita, somos mais fortes, resquício que se mantem,
TUDO nos vem...
conhecedores profundos, entre dois MUNDOS,

não esquecemos!!!... Sherpas!!!...


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