sábado, 27 de dezembro de 2008

... as gordas com... "artistas" que temos, aos montes!!!...

... d´abalada!!!...

... entre partida, chegada,
intervalando com proveito,
tirando bonecos do que m´agrada
com ilusão, algum jeito,

fazendo da vida viagem
neste gosto, nesta voragem,
esfomeado do que pretendo,
desfrutando do que encontro
d´abalada, como dizia o outro,
não me prendo por muito tempo,
há que aproveitar, um pouco,

apreciando qualquer caminho,
contactando outros locais,
buscando resposta num rosto,
fazendo disso, destino,
vivendo sedução k´imponho,
misturado com outros iguais
grande vontade, inquietação,
saboreando partilha, um gosto,
injunção que me preenche
quando narro, quando descrevo,
com alguma satisfação,
tudo que busco, que vejo,

gasto solas de sapatos,
gasto dias, ganhando,
imaginação que s´encurta,
ofuscação nestes hiatos,
como libelinha de vida curta,
cirandando,

pousando sobre ramos finos,
delicados,
flores lacustres, nenúfares,
mirando,
remirando,
pedras preciosas, mil cuidados,
respirando outros perfumes,
ares,
comparando,
quebrando barreiras, tapumes,
guardando o que me seduz,
passagem rápida que m´impus,
quase nu, sem estar descalço,
quando descrevo o que faço,

posso,
está bom de ver,
projecto que acalento há muito,
entre partida, chegada,
correndo, sem correria,
neste Mundo k´é todo nosso,
mantendo fantasia,
deslizando como um fluido,
quase sempre d´abalada,
fazendo o que mais m´agrada,

esmiuçando qualquer cantinho,
curiosidade como destino,
vocação que sempre sinto,
quando confesso, não minto,
em busca doutro... caminho!!!... Sherpas!!!...

... conjunto de sombras... esbatidas!!!...




… cores cinzentas, esbatidas,
aglomerado de rostos indefinidos,
turba avultada de sons, de saídas,
poucas entradas, números reduzidos,
grupo mais restrito, ponteado,
situação avulsa, desconforme, esquisita,
agitado, sem sossego, meio acordado,
num entremear de sono ligeiro,
bem estendido no leito, onde me ajeito,
numa noite, igual a tantas outras,
não conseguindo destrinçar,
o sonho, da realidade… sombras,
caras que me foram queridas,
que transporto sempre comigo,
no interior do meu ser… que vão ficar!!!...


… que arrasto, enquanto vivo,
passado longínquo,
início da minha existência,
sentires, dores, paixões,
mais diluídos, quase em falência,
amizades, conluios, sofreguidões,
tempos idos que me traem,
quando, embalado por emoções,
me deito, não durmo, me saem,
me acompanham, não atormentam,
me lembram que estão presentes,
perenes, bem marcados,
quando revivem, intentam,
me tocam, não chocam,
me fazem lembrar… seres ausentes!!!...


… dou uma volta, reviravolta,
olhos cerrados, cabeça desperta,
que se prolonga, alonga,
diviso sorriso amigo, recordo,
sem protecção, sem escolta,
sem gritaria nem alerta,
local estranho, uma escola,
companheiros da altura, incerta,
situação caricata, estranha,
que me amedronta, me apanha,
que me reduz, me confunde,
numa penumbra que se alastra,
numa sombra que se afasta!!!...


… noite, mal dormida,
imensa, no seu tamanho,
intensa, no seu engano,
sonho malfazejo, castigador,
não pesadelo, recordações,
guardadas em mim, bem no fundo,
memórias que doem, percepções,
vestígios duma vida, dum Mundo,
já passado, arrecadado,
tão poucas vezes… recordado!!!... Sherpas!!!...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

... as gordas com... PGR q´investiga mas, pouco ou nada castiga!!!...

... homem de têmpera!!!... (antiga)

… homem bem rijo, fibra doutros tempos… do alto dos seus oitenta e seis anos de idade, corpulento, sem ser gordo, ainda em forma pela actividade física que pratica todos os dias, assim o afirmo, sem faltar à verdade, um facto que todos podem confirmar, vendo o que vejo, todos os dias, faça chuva, faça sol, calor ou frio… indiferente!!!... Ontem esbarrei com ele, no bom sentido, sem encontrão… cruzámo-nos e não me contive, entrei em contacto directo, abordei-o, depois de o cumprimentar com um bom-dia sonante, fazendo-o parar aquela corridinha compassada, bem ritmada… que mantém, quase como promessa, intenção de avançar na qualidade de vida que aparenta, apesar da idade que ostenta!!!... É figura conhecida, desde sempre… na cidade do Seixal, pertinho da baía, ao longo dela, nas águas que ainda abraça, quando nada… com desenvoltura, como sempre!!!...

… há uns meses recuados, juntinho à esplanada da Filarmónica… num dia quente de Verão, por acaso, mantive conversa com um habitante desta bonita povoação a respeito dele, enquanto passava na sua corridinha habitual, compassada!!!... Depois de fazer observação em voz alta, escutada e comentada pelo referido, por ali fiquei largo tempo… numa longa conversação, tendo-o como tema, pois então!!!... Fiquei a saber que, quando mais jovem, tinha sido desportista de valor, premiado e admirado por todos os que o aplaudiam na altura… nadador de eleição, provas dadas e ganhas sem apelação para os adversários que, pelo seu valor, não tinha… esbatiam-se, esboroavam-se, quase sempre!!!... Também me disse que, a dada altura… coisa ruim o atacou, uma trombose, não muito forte… que o debilitou bastante, quase o afastou destas lides desportivas mas, mediante uma vontade forte, conseguiu ultrapassar o baque, começou a andar com dificuldade, mais ligeiro e… eis que corre, quase ligeiro, passinhos curtos, ritmados, para a sua idade, um grande feito!!!...

… mas voltando ao princípio, quando me cruzei com ele… por mero acaso, depois de o cumprimentar, dei-lhe uma palavrinha de consolo, uma palmadinha nas costas, um incentivo… um aplauso igual aos que ouvia, quando desportista activo, bem mais novo, nadador de proa, fazedor de feitos que ainda hoje se comentam!!!... Parou, sorriu para mim, ouviu e… quando lhe disse que tinha ouvido dizer que tinha sido um bom nadador, quando jovem, não se conteve… interrompeu dizendo-me, ainda hoje, sou o melhor, vou daqui, Prainha do Seixal até… à praia, lá na ponta, à saída da baía, do lado esquerdo, faço-o como ninguém… sou o melhor (!!!...)

… no meio da palheta de ocasião falei-lhe na vila da Arrentela… lá me esclareceu que também tinha jogado na equipa de futebol dessa terra!!!... Há pessoas como esta que… apesar da idade, pela fibra e rijeza que possuem, mais me convencem que vivemos num País de gentes extraordinárias, mesmo sem dinheiros e extravagâncias, ganâncias mil, nas suas vidas tão completas e repletas de feitos passados, presentes…ainda!!!... Um homem extraordinário, apesar dos seus oitenta e seis anos de idade, por aqui… no Seixal, sem Badajoz à vista, tal e qual!!!... Sherpas!!!...

... farsa!!!...




... farsa que se disfarça,
simples emenda, chalaça,
retrocesso no progresso,
retenção no que se não tem,
entretenimento por acaso,
alvorecer depois do ocaso,
sol brilhante, repentino,
desafio, desatino,
ocultação com engano,
desfasamento propositado,
posto em cena, organizado,
jogada de ocasião,
intervenção apropriada,
mediana intervenção,
continua a macacada,

sonolento, preguiçoso,
espremido tal fruto maduro,
suco que cai em jorro,
recipiente que recebe
quando contém com gula, sequioso,
ingere, prestimoso,
máquina calculadora em punho,
enfiando tremendo gorro,
espargindo suave verve,
situação que se instalou
perante quem se calou,
consente, aguenta, não geme,
adorna um pouco, não teme,

suporta como verme,
sem vontade interior
encolhe ombros, indiferente,
perante seja o que for,
causticado, quase não sente,
vai-se rindo, vai dizendo,
mordaz, quando é capaz,

mais moderno, actual,
sem cariz, muito estranho,
sem via, mas com engano,
algo vai mal, tal e qual,
sujeitos ao capital,
massa informe, desfeita,
classe que se desfaz,
Estado que não é capaz,
conquistas comezinhas
mantendo quadro geral,
ricos de rebentar,
miseráveis que passam fome,
abusos que não têm nome,
espectáculos degradantes,
tanto agora como dantes,

farsa que se disfarça,
simples emenda, chalaça!!!... Sherpas!!!...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

... as gordas com... burlas de milhões e milhões!!!...

... estavam adormecidas!!!...

… estavam adormecidas, quase esquecidas,
tínhamo-las perdido, por uns tempos,
quando soltávamos a vista pelos campos, secos e nus,
cinzentos, castanhos e pretos, poucas vidas,
alguns verdes escuros do arvoredo, nos montados,
inquieto, interrogava memórias idas,
relembrava cenários passados,
tentava dar formas e cores, alguns odores,
zumbidos e trinados, por todos os lados,
colorir tela vazia, quando me pus,
parado, tolhido, pensativo, naquele lugar,
imenso descampado colorido,
inverso do meu pensamento, noutro momento,
agora solarengo, pintura esmerada,
com tons adequados, um primor,
com águas nos ribeiros, verdes vivos… tanta flor!!!...

… com roxos esfuziantes, alvuras imaculadas,
tão densas, espalhadas,
amarelos doirados, bem carregados, vermelhos nas papoilas,
rosmaninhos e alecrins, pelos caminhos,
odores inebriantes, carmesins e jasmins rosados,
por todos os lados,
rosas silvestres, de colorido variado,
tufos de silvados, algumas amoras,
esteva de flor branca, sensível,
giestas de flores caídas, que se derramam,
urzes, com cores aos cachos, incrível,
malmequeres embrutecidos que nos chamam,
que nos gritam suas belezas, quando clamam,
gramíneas e bromélias, lírios,
em qualquer canto… por todos os sítios!!!...


… vidas que brotaram pelos ares, pelos terrenos,
nestes sítios, sempre os mesmos, isolado
do Mundo de betão, urbanidade que me aflige e cansa,
quando me massacra, não descansa, corrida louca,
me isola na multidão, companhia ilusória,
ruídos, caras estranhas que se aproximam, passam,
carros que correm com fúria notória,
destinos díspares, vidas sem estória,
repetição dum filme já visto, gasto… sem préstimo!!!...


… quando olho e vejo, aceito, me afirmo,
embevecido por elas, tão belas,
renovadas pelas chuvas passadas, vigorosas,
esbeltas, aos molhos, quantos tapetes se alongam,
com tonalidades diferentes, matizes esplendorosos,
vivas as cores daquelas flores silvestres, formosas,
descanso meus olhos, pensares se prolongam,
recuos, avanços meus, paisagens, memórias,
vales ondulantes, viçosos,
ponteados, aqui e ali… sentidos, tocados por mim!!!...


… berço, começo, lembranças do tempo,
paragem, renovação, recomeço,
aversão, quando adormecidas, inertes, escondidas,
brotaram, por fim,
cobrindo campos extensos, floridas,
as plantas próprias da Primavera,
a que se adora, que antecede o Verão,
quanta beleza… rara emoção!!!... Sherpas!!!...

... avalancha!!!...



... local aprazível, Éden na Terra,
uniformidade nas querenças,
equilíbrio que deslumbra, não cerra,
sorrisos permanentes, aceitação do que pensas,
diversos que fossem naquele ermo imenso,
brancuras tão extensas,

mantos de alvura por montes, por vales,
penhascos cerrados, abismos de medo,
tendas montadas, mais abrigados,
comidas sofridas, pequenos os males,

gosto de quem gosta,
quase segredo,
bocas que sopram hálitos gelados,
céu carregado, tão próximo do alto,
rugido do vento,
agrura que sobra,

estampido que soa, raio que cai,
pedra que solta,
que cai, rebola,
rola,

quando desce
se torna maior,
arrasta a brancura, desmanta seu manto
da serra que desnuda,
cor que muda,
são rolos enormes, barulhos de horror,
conversa que cessa, ideias iguais,
tão débeis, tão trémulos,
se enovelam,
caem,
tão cheios, na sua pequenez, de pavor,

não pronunciam sentenças,
falhos nas certezas,
nivelam sentires tão grandes
perante manifestação tamanha,
tão fera, feia e ancha
p´ró vale se abalança,
grande manta branca que se desmancha,
tapa,
como temerosa avalancha,

arredores,
seres imóveis,
sossobram características anteriores,
provoca paisagem diferente,
repentinos previsíveis,
consequência de raio que se solta,
vida que se esvai,
não volta,

se abate sobre quem está,
decisão que se não toma, não dá,
silêncio sepulcral,
maldição colossal!!!... Sherpas!!!...