sábado, 5 de setembro de 2009

... era uma vez!!!...




… era uma vez,
num cantinho de lazer,
uma figura que… se fez,
um ter de ser,
não levava nada a mal,
brincava, cantava,
figura virtual,
não se vinculava,
não o fazia por mal,
limitava-se, a escrever,
para… se entreter!!!...

… era uma vez,
uma sombra passageira,
misto de coisas, talvez,
mui distintas, diversas,
sem eira, nem beira,
tendo vias… mui dispersas,
sem prisão, sem fronteira,
saltitante… com emoção,
tendo o Mundo na mão,
pensava, prepotente,
triste ser… triste gente!!!...

… era uma vez,
uma insignificância,
isolada, convencida,
de tão pouco… jaez,
com alguma jactância,
elevada, diminuída,
numa contradição perfeita,
consoante a própria vida,
já perdida, de vencida,
consolada… quando eleita,
vezes por outras,
virtualidades loucas,
insensatas, ridículas,
caricatas… partículas!!!...

… era uma vez,
deixou de ser, talvez,
entre tanta figura anónima,
mais uma, homónima,
na identidade escondida,
pérfida, ínvia… temida,
controversa,
adversa,
descontrolada, esfuziante,
pensativa, calma… insignificante,
quando se pára, repara,
que não é coisa rara,
que é uma coisa qualquer,
homem, mulher,
quando escreve, prosando,
quando poetisa, escrevendo,
pensando, gozando,
rindo, chorando… gemendo,
passageiro, afinal,
coisa pouca… virtual!!!... Sherpas!!!...

... eixo rebaldeixo!!!...



... é cíclico, acontece após alguns milhares de anos,
sempre assim foi, afirmam convictos,
os científicos,
o eixo imaginário deslocou-se um pouco,
o anticiclone dos Açores já não protege,
foi mais para o Atlântico Norte,
com certezas, com enganos
tentam justificar este Mundo louco,
nas rotações que se sucedem,
nas translações que acontecem,

tal como quem leva um murro nos queixos,
maxilares que se deslocam,

enxurradas que se abatem em Países europeus,
formiguinhas desvalidas,
quantas mortes, quantas feridas,
não há providência de Deus,
cruel destino que tudo arrasta,
sem oração, sem graça,
facto consumado que nos destroça,
quando nos toca, quando nos roça,

não se ajustam, não se colocam,
funcionam com desperfeitos

evidência que apavora,
gritos, lágrimas de quem chora,
alguma indiferença por parte de quem não pensa,
aceitação dum Inverno em pleno Verão,
desde há décadas que se não via tal inversão,

como numa brincadeira qualquer
quanto a eixos, rebaldeixos

eles furam, enterram, exploram,
buscam, sugam, explodem, investigam,
instigam, estudam, analisam,
preenchem compêndios inteiros,
desfazem no que já sabiam,
aprendem novamente,
sabedores, quase certeiros,
pobre daquele que mente,
conhecimentos vagos, falhos,
quantas pragas, guerras, ralhos,
somos assim, somos gente,

fazendo o que se bem quer,
investigando como criança
numa horrível contradança,

temperaturas que queimam,
matam plantas, animais,
humanos também, como iguais,
sopram calores intensos, ingerem líquidos, mergulham
esbaforidos,
sentem-se mal, quase perdidos,
nunca tal coisa se viu,
que saudades do tempo frio,
incêndios avassaladores, ineptos, quando chamados,
bombeiros apalermados,
aviões que espargem águas, desastres,
quedas bruscas, mortes enquanto ajudas, enquanto buscas,
velhos desprotegidos,
vítimas duma situação criada por abusos,
por lucros,

em desarmonia consertada
não ligando mesmo nada,

ganhos duma selvajaria que se chama economia,
produção em quantidades portentosas,
desperdícios, lixos, coisas,
coisas, lixos,
desrespeito pelo que estava perfeito,
atitudes calamitosas,
sociedades de luxo, acomodadas, despreocupadas,
estrépitos, guerras pavorosas,
experimentação do que se esquece,
aproveitação duma energia que se desconhece,
todo um lodo escuro, transformado,
utilizado,
alquimia diabólica
de básicos, engendrando complexos produtos,
podres os frutos,
carnes que consomem carnes,
tumores malignos,
indignos,

dando encontrões em profundidade,
nos cumes mais elevados
ignorando a realidade

desequilíbrio,
pesporrência de quem se julga dono de tudo,
cabeças ocas, sem ocorrência,
crédito absoluto numa ciência,
de acasos que se acumulam,
que desculpam,
eixos fora do sítio, períodos cíclicos,
anticiclone dos Açores,

como numa brincadeira qualquer,

quantas dores,
deslocação provável que ocorreu
mais para Norte do Atlântico,
não protege o que protegeu,
tudo inundou, tudo ardeu,
confusão que gera,
algo se espera,
interrogação permanente,
mal de todos... pobre gente,

quanto a eixos,
rebaldeixos,

quando lhes toca, quando lhes roça,
asneira grossa,
flores que surgem na altura menos própria,
abelhas em desvario,
frutos maduros, pólen inexistente,
estação que passa, gera desgraça,
acomodatícios,
sem honra, sem brios,
seres que acusam, sobrevivem no engano,
conhecimentos que não possuem,
justificações de quem não tem
mão no que lhes toca,
quando lhes bate à porta,

todos de rostos virados!!!... Sherpas!!!...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

... loucura criativa... não é doença!!!... (antiga)


… loucos, excêntricos, políticos e… apensos!!!... Quanta originalidade, quanta criatividade, quanta perfeição… na loucura de verdade!!!...

… políticos originais, outros artistas mais… precisam-se, com urgência!!!...

… loucura criativa não é doença, menos valia, não é negação, descrédito, aberração, não é ofensa, não é ferrete… antes pelo contrário, é como o amor de Camões, é um querer que não quer, é um sentir que preenche, é um desassossego constante, é um empurrão repentino, um desatino repleto de surpresas, um desafio, uma montanha bem alta que se tem de subir, muitas vezes, sem forças, sem vontade, uma incomodidade pouco normal, diferente, aloucada, um quase nada, um tudo, algo que se tem de sobra, que se tem de deitar fora, que se tem de concretizar, custe o que custar!!!... Essa a verdade, a realidade de quem é louco, um pouco, de quem cria, de quem faz alguma coisa de novo, com ou sem estética, muitas vezes, em desacordo com o que está instituído, usando, em liberdade, o que o aflige, o que o acicata, o que o persegue, sendo sempre, como é… igual a si próprio, inquieto, arrebatado, numa confusão boa de sentir, apresentando, a quem se considera normal… loucuras, loucuras!!!...

… génios no presente… loucos, do passado!!!...

… sujeito a muitos saberes, a conhecimentos excelsos, confessos, julgado até ao tutano… indiferente, como gente pouco normal, segue em frente, como sente, na loucura que o afaga, que o percorre, da cabeça até aos pés, causando-lhe calafrios, suores frios, alívios e acalmias, quando deita para fora, quando coloca no sítio todos os fantasmas interiores, suas visões, utopias, ao princípio, fantasias que deixam de ser, quando se podem sentir, se podem ver!!!... Criatividade, diga-se a verdade, espaços e traços, clarividências, de momento, tão próxima da loucura, quando não compreendida, aceite, pertença de indivíduos tão diferentes, anormais, repletos de… loucuras, loucuras!!!...

… loucos, no passado… génios no presente, depois de aceites, compreendidos!!!...

… que maior loucura, a de viver o dia-a-dia, a de esticar a corda, a de alongar o sonho, por vezes… pesadelo, no Mundo dos normais, não sendo, parecendo somente, porque diferentes, quando tocados, de mansinho, como quem não quer a coisa, por aquele toque mágico, aquele dom que Deus lhes dá, aos loucos, bastantes, não poucos… os que alegram esta passagem, com rasgos de criatividade, os que deixam marcas bem profundas, através de obras que realizaram, que os massacraram, os perseguiram, os não deixaram dormir, sequer… enquanto se não materializaram!!!... Quantos exemplos, quantos génios loucos, quantas loucuras, quantas aventuras!!!...

… aventuras, são loucuras… experiências que resultaram, tal e qual!!!...

… outras, bem mais negativas, casos para esquecer, loucuras de remate!!!... Quando apreciadas, comentadas, vistas e admiradas, rumos e objectivos bem definidos, bem compreendidos, compradas… pagas a peso de oiro, geram fortunas colossais, as loucuras criativas, é evidente!!!... Daí, ao comportamento excêntrico, é um passo… como assistimos, como sabemos!!!... Tudo estragam, quando se babam, quando se contorcem, se banalizam, depois de bem vendidos, de comprados… o inverso do louco criativo, libérrimo, sem amarras, sem necessidade de se transformar em palhaço forrado, abastado!!!... A excentricidade avulta, ridiculariza o artista, o arquitecto, o pintor, o músico, o escultor, o poeta, o escritor, o político… o fazedor de maravilhas mil, caricatura do que foi, pelo malfadado, pela redundância, pela abundância de dinheiros, de capitais!!!... A loucura criativa deixa de ser o que é… passa a ser, para mal deles, pobres coitados, pura excentricidade!!!... Respeitando pareceres diferentes, assim penso!!!... Sherpas!!!...

... esgar!!!...



... era um sorriso, quase esgar aflitivo de quem não pode,
gesto tão simples, trejeito d´acaso,
pessoa tão triste, corpo com fome,
magreza pouco normal, quase certeza,
agruras que são cúmulos, quase vergado,
todo dobrado,
roupa puída, face sem rosto,
barba tão densa, vida que foge,
cabide num morto, esqueleto tão torto,
carnes sem músculo, flácidas, poucas,
mais pele, mais osso,
sombra na rua, olhar oprimido,
sem estar, ocultado, quase escondido,

dobra da rua, esquina da frente, refúgio de gente,
buraco, caverna, seiva tão gasta, pouca luzerna,
deserto tão perto, ilha que se esvai,
tem-te que não cai,
sorriso amorfo, sobra que se esmaga,
não cuida, não trata,
vivo bem morto, esgar d´acaso,
um Cristo, um passo,

sofrimento de quem sofre, gozo nas alturas,
pavor de quem corre, não olha sequer,
esquece, não pensa, na morte de morrer,
palavra, sentença,
escape inocente, tão pobre na Páscoa,
na época que lembra
tão gente que escoa,

cova tão escura, rua da frente, esquina que entoa
gemidos, às vezes,
sorrisos tão poucos, esgares, revezes,
cidade Lisboa, quadro tão triste,
que viste, não viste!!!... Sherpas!!!...