sábado, 10 de novembro de 2007

... dois pesos e duas medidas!!!... (antiga)




…dois pesos e duas medidas, atitudes bem diferentes, quando, nos bicos dos pés, se impunha a sua presença, no meio daquelas gentes, lá para as bandas dos Açores…tantas penas, tantas dores, eram quatro, agora são três, um que foi dispensado… abandonado, posto de lado!!!...Por cá, com promiscuidades, com apitos, sem verdades, corrupções aos montões, mesmo assim vão festejando, trinta anos depois!!!...Vi-os, cinzentos, carregados, bem direitos, lado a lado, concertando congeminações, alimentando uma esperança, sonho dum defunto passado…um governo, um presidente, uma maioria!!!...Coitados, não se lobrigam, não se avaliam, tal estão, mais que convencidos…tristes manias, pensamentos deturpados, vão em frente, mais que alapados!!!...

…o Povo tem memória, não esquece, tem gravado, o péssimo, ruim estado, desta situação caricata…a abissal diferença, dos que bem situados, não dão pela recessão…antes, pelo contrário!!!...Que estarão a comemorar, passados que são, trinta anos, pois então, vinte dos quais, sob a direcção profunda e…pouco sabedora, destes senhores, bem colocados de vida, claro!!!...

…quais serão as suas razões???...Desde que os conheço que sei, tal como todos vós, de escândalos relacionados com dinheiros, com incompetências, com incapacidades, muitas e várias, de imunidades e impunidades!!!...Ultimamente, a corrupção e a promiscuidade abundam, quando nos outros, um desastre, quando neles, um abafo, um esquecimento, uma solidariedade tremenda…compreensão de companheiros!!!...A amizade, o compadrio, nos ditos, é assim!!!...Haverá razões para comemorar os fogos do ano passado, as promessas que se fizeram, as que se não cumpriram, as grandes negociatas, à socapa, em catadupa, o desemprego aviltante, que aumenta, não pára, a vida, cada vez mais cara, os aumentos dos combustíveis, a congelação dos vencimentos, o défice, que se mascara, o ensino deficiente, o abandono escolar, a saúde que se privatiza, o Poder dos órgãos de comunicação, concentrados, em boas (???...), mãos, as conversas em família, dos papagaios, sempre os mesmos, os futebóis com apitos, dourados ou não, sem solução, os inquéritos que se levantam, que nos admiram e espantam…quando, espremidos, não dão nada, as crianças abusadas, num processo que se arrasta, a Moderna, escândalo tamanho, atamancado, arrumado, a precariedade, mais que muita, a falta de esperança, a desconfiança, a que campeia, a incompetência, a incapacidade, a falta de verdade, a guerra que não quisemos, os GNR do Iraque, as sevícias dos aliados, os do outro lado do charco, a arrogância, o desprezo, a perseguição constante sobre os mais carentes, as outras gentes…as postas de lado!!!...

…com maiorias constantes, só sabem legislar, multar, proteger o que está protegido, virar costas ao infeliz, sacar impostos aos que sempre pagaram, fechar os olhos aos que sempre souberam fugir…como se nada!!!...Tudo isto com muitos Milagres, na ribeira do mesmo nome, com porcarias em fartura, que há tanto tempo duram, com alguns milagres de Fátima, cantigas, tristes fados, futebóis, como bandeira, num País…sem eira, nem beira!!!...Mas, quem sou eu???...Abraço do Sherpas!!!...

... é o País que temos!!!... (antiga)




…é o País que temos, afirmamos, quando rematamos conversas relacionadas com o que vai mal, com o que não se endireita e…ficamos por aí, simplesmente!!!... Muitas vezes, escolhemos a melhor atitude, a mais cómoda, alheamo-nos, tornamo-nos indiferentes, gentes que se aquietam, que se não importam…faça chuva, faça sol!!!... Tanto num caso, como no outro, quanta irracionalidade, quanta ignorância, quanto caos…ajudamos a construir, quando entregues, como estamos, nas mãos dos políticos que temos, de todos os quadrantes, de todas as famílias (…políticas, claro!!!...), com excepções, os que, ainda, nos tentam, nos prometem algumas ilusões!!!...

…o partido da alternância, o que, pela sua dimensão, é oposição, de facto…com a falta de líder, ultimamente, não tem cumprido o seu papel, mantém-se amorfo, apagado, com guerrinhas internas que se justificam, por enquanto e…para nosso mal, temos estado entregues ao profundo desnorte dum partidozeco, representativo de 1,9%, ou menos…quiçá, de intenções de voto dos portugueses, consoante as últimas sondagens, pequena fatia do que somos, como população, como País!!!... Digo que temos estado entregues a estas excelências porque, como todos sabem, melhor do que eu, nos Ministérios mais importantes, decisores…temos gentes desta Amostra de partido que tem abalado este cantinho, com negócios de treta, com colocações de favor, com decisões mais partidárias e políticas do que…governativas!!!... Como origem…aquela cabecinha pensadora, a do líder mais polémico e extremado, para as direitas, que alguma vez pertenceu a um elenco do Poder!!!...

… a estratégia, estou farto de o escrever, tanto que…já chateia, extorquir o máximo de dinheiro possível aos que sempre foram extorquidos, beneficiando os de sempre, os do cimo!!!... Por estas políticas erradas e erráticas, vamo-nos degradando, cada vez mais, a olhos vistos…em todos os sectores, os públicos, com desculpas esfarrapadas!!!... Agora são os computadores que pagam as favas!!!... As culpas morrem solteiras, somos uma democracia estranha, pequena parcela duma Europa esquisita, com doses cavalares de…solteirões, para não lhes chamar outros nomes!!!... Gosto de ser moderado!!!...

…auto-elogiam-se, quando erram, conformam-se a eles próprios, quando pecam, desculpam-se, com desfaçatez mas…mantêm-se, para nosso mal!!!... Agradecidos que estamos a Sua Excelência…pela continuidade, na trapalhada!!!... Ainda os oiço afirmar que o Estado, somos todos, que somos, como Estado…uma pessoa de BEM!!!... Discordo, em absoluto!!!... No meio de nós, disfarçadamente, pululam os maus pagadores, seres aberrantes e parasitários, os fujões, bem de vida, com muito pastaréu, os que não pagam impostos, de acordo com as suas mais valias!!!... Em contrapartida, a carneirada, a controlada…é esmifrada, cada vez mais, com requintes maquiavélicos, quiçá!!!... Além de pagar e bem, ainda por cima, quando paga indevidamente e pode recuperar algum do que lhe foi retido, mediante requerimentos, exposições, telefonemas, romarias sem fim…por repartições estatais, esbarra, sistematicamente, com obstáculos inverosímeis, difíceis de ultrapassar!!!... Sou testemunha disso porque, há mais de três anos que tento, por todos os meios, recuperar dinheiros a que tenho direito!!!... Como eu…quantos milhares de incautos, de vítimas???... O que está a dar, para acautelar, para justificar o que não dão…desculpa esfarrapada, valha-me Deus, ao que chegámos, a já célebre falha informática!!!...

…pergunto se, para sermos governados como estamos sendo, necessitamos de Governo???... Ele não existe em relação aos cidadãos!!!... Só se personaliza, se mostra, nas grandes negociatas, nas colocações de favor, nos brutos ordenados e reformas que se proporcionam a eles próprios!!!... Tão parasitas, como os fujões…da mesma espécie, da mesma extirpe!!!... Estamos entregues…à bicharada!!!... Sherpas!!!...

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

... foi crescendo!!!...

… foi crescendo naquele ambiente,
fez-se formosa, fez-se gente,
poucas letras, suficientes,
escola de rua, com indecentes,
mal de família, filha de prostituta,
vida indigna, tão devoluta,
vazia, sem sentido,
a mesma sina, mesmo destino,
numa passagem, caminho traçado,
meio votada ao abandono,
tal como cão sem dono,
entorno de quem vende o que tem,
de quem vende o que possui,
de quem se vende a alguém,
de quem não pensa, não intui,
descarada, devassa,
filha de peixe, a mesma raça,
não caiu em desgraça,
quando nasceu… já lá estava!!!...


… continuou o mesmo caminho,
amparo de homens, escaninho,
sem entrega, sem paixão,
modo de vida, profissão,
seguimento do que estava traçado,
logo à nascença, filha sem sorte,
não desejada, simples azar,
mais lhe valera a morte,
dado o lugar onde foi parar,
filha de todos, de ninguém,
repositório de ardores sexuais,
doutros seres, não iguais,
compradores de corpos, de quem não tem,
tal como a mãe… prostituta também!!!...

… um brinquedo, um querubim,
um anjo alado, mais que amado,
criança em risco, perigo constante,
antro de bruxas, vítimas da vida,
resguardada, bem protegida,
lar sem bases, ultrajes e danos,
mimada por mãe, por companheiras,
fáceis de rua, num bar qualquer,
que vendem o que têm, quase sem querer,
sempre assim foram, amargas e duras,
abusadas no corpo, pouco impuras,
perante a candura, menina tão linda,
um raio de luz… flor bem vinda!!!...

… ainda surgiu senhora da assistência,
que tentou, com insistência,
tirá-la dali, daquele lodaçal,
mas, como o bem se quer bem,
tal como o mal,
não houve ninguém,
por forte e audaz, que conseguisse,
tal feito, tal cometimento,
agarradas como tenazes,
de tudo foram capazes,
questão dum amor que persiste,
mesmo na lama, ganho na cama,
carne da sua carne… criada por ama!!!...


… livre e aberta, quando na rua,
ao longo do dia, vadiando,
durante a noite ao abrigo da lua,
noites escuras que se vão prolongando,
a vão criando, por vezes, marcando,
contactos que teve, carícias de rameiras,
exemplos de mãe, de companheiras,
segredos que nunca foram, percepção,
entendimento, aceitação,
corpo perfeito, idade justa,
foi-se para a vida, como uma fuga,
como um destino, fado traçado,
nascida na lama, profissão de cama,
trabalho assumido, um continuado,
não caiu em desgraça
quando nasceu… já lá estava!!!... Sherpas!!!...

... expo!!!...



... andei pelas alamedas sombreadas,
árvores feitas, frondosas,
flores exóticas, chamativas,
espaços bem delineados,
urbanizações estudadas, formosas,
amplas avenidas, projectadas,
recreios, passeios,
crianças bastante activas,
bicicletas, carrinhos,
brincadeiras, caminhos,
ares puros, ribeirinhos,
desenhos arrojados
na construção, um empenho,
cidade que vi crescer
logo após a exposição,

com ou sem especulação,
bom negócio, centro de ócio,
local aprazível, belo,
quando comparo,
reparo,
diferença que faz sofrer,
tugúrios que sempre lembro
na cidade velhinha que tenho
presente, pouco segura,
não tão espampanante, mais pura
no procedimento das gentes,
singeleza que se mantém,
quando a lembras, a sentes,
ao contrário da frieza impessoal
que nos faz bastante mal,
logo aqui,
também em Portugal,

diferença abissal,
modernidade que se estende
no Parque das Nações,
enlevo de quem tem dinheiro,
pavoneamentos, ilusões,
tão natural em qualquer racional,
próprio da vaidade pessoal,
velharias que caem, derrubam,
no centro da capital,
miséria que ninguém entende,
tão pertinho, afinal,

não contrario,
seria burrice, desvario,
aplaudo, espero maior equiparação,
sociedade que desafio,
consciência que se conspurca
quando nela se escondem,
quando nela se escudam
o promíscuo, o corrupto,
numa cruel afronta
aos que nada possuem,
aos que nada perguntam,

quando utilizam o que não lhes pertence,
se engrandecem, soberbos,
quando se mostram inocentes
depois de tantos acervos
impróprios, indecorosos,
paralelos, bem gravosos
à sociedade que desprezam,
assim confessam,

não rezam
porque se convencem, prezam,
sabedores espertos, mui raros
habituados a gostos caros
nas vivendas apalaçadas,
nos esquisitos carros,
duplex,s de muitas valias,
influências... razias
nos cofres de cada um,
riqueza dos menos comuns,

terra de todos, a saque,
enfoco, destaque,
por feitos, más artes,
surripianços em desvario,
fortunas de vulto,
atitudes de culto,
fastio de quem se basta,
se farta,
desespero de quem labuta,
na luta,
foge, se gasta, afasta!!!... Sherpas!!!...

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

... das três letrinhas... apenas!!!...

… das três letrinhas apenas poderia, se me propusesse,
alterando motes e penas,
escrevendo o que bem quisesse,
continuar por essa linha, sendo lamecha, ternurento,
recordando quem se adivinha,
nesta data, no momento, homenagem que bem merece,
pela renovação da vida, pelo amor que nos tem,
tão cantada, tão sentida, por todos que… ainda a têm!!!...


… origem, inicio, destino do que somos, quando crescidos,
que nos gerou com carinho, enfrentando cravos e espinhos,
ao longo… do seu caminho!!!...


… braço forte, meigo afago,
dedicação com que se desvela,
sorriso espontâneo ou amargo, sofrimento que protela,
que esconde lá no fundo, mesmo que lhe toque a ela,
incentiva filho doente,
levando sempre em frente,
todas as cruzes do Mundo, padecimentos que carrega,
que sofre, como sendo seus,
pedindo aos Santos… a Deus!!!...


… canseiras, amor, paixão que dá de coração,
quando se revê nos filhos,
seus pedaços, seus cadilhos,
quando se nega, se entrega, com sorriso doce, amigo,
que trago sempre comigo,
em tempos de acalmia, de sensatez, de alegria,
em dias de felicidade,
orgulho, preceito… vaidade!!!...


… enquanto o tempo passa, envelhece, fortalece,
sua razão, sua existência,
seu querer desmedido, mão no ombro de quem padece,
do filho amado, essência,
já débil, fraca, sem forças, anos que vão pesando,
experiências que acumula,
mãe com todas as forças, que tanto nos vai amando,
quando nos dá, nos empurra, aos filhos de todas as horas,
que sofres… quando choras!!!...

… mães, corpos de nós, foram jovens, são avós,
protectoras diligentes,
mães de todas as gentes,
de todas as raças do Mundo, de credos bem diferentes,
rasgos, sofrimentos,
céus abertos, luminosos, risonhas frontes, intentos,
caudal de pensamentos,
sorrisos bem caprichosos,
fonte inesgotável de amor, amplo jardim, uma flor,
regaço que nos embala,
que tudo sente, tudo cala,
compreensão que nos abraça, que nos protege, que não passa,
se recorda, se pretende,
nos baixios da caminhada,
feliz de quem a sente, já velhinha… adorada!!!... Sherpas!!!...

... cão abandonado!!!...





… cão abandonado na rua, olhos baixos de enjeitado,
tanta tristeza sinto, amargura, já foi querido, desprezado,
pêlo sujo, magro, faminto, deambula, sem destino,
rabo entre as pernas, encolhido, pára aqui, vai em frente,
olha, desconfiado, para toda a gente, brinquedo, companheiro,
animal de casa, a tempo inteiro, com alimentos na hora, cuidados mil,
protegido, sem canil, com donos prestimosos,
dóceis, carinhosos, uma afeição, uma loucura,
uma graça… uma travessura!!!...


… ganidos de contentamento, com o rabo a abanar,
vivo o seu olhar, muito antes daquele momento,
na rua da amargura, vida dura,
depois de enjeitado, cão perdido… abandonado!!!...

… é crime hediondo, grave pecado, atitude desprezível,
nem pensando, nem compondo, me parece mal incrível,
quando se atira, dispondo, para o incerto, para a rua,
uma vida dependente, um ser tão inocente,
um animal tão meigo, afável,
um cão de… companhia!!!...


… considero detestável, uma fraude, uma agonia,
um sofrimento atroz, de quem se considera gente,
de quem não critica, de quem consente,
de quem olha um ser sem voz,
que já foi companheiro, que deu alegria, a tempo inteiro,
com olhar duro… indiferente!!!...

… olho, lembro sempre, aquele meu cão de trela,
que não gostava nada dela, quando fugia, num repente,
em busca da liberdade,
enquanto eu ria, compreendia, digo-o com verdade,
quando o via livre, sentia, felicidade, cão sem trela,
protegido, sob o olhar atento, quando se via livre dela,
ao invés do desprezado,
pobre cão… abandonado!!!... Sherpas!!!...

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

... águas passadas!!!... (antiga)

…porque haverá quem queira, apagar o que foi história???...Porque haverá quem tema, ostentar um cravo encarnado???... Porque haverá quem teime, em alterar a Constituição???... Porque haverá quem vire costas, a mais de metade do Povo???... Porque haverá quem se julgue, mais papista do que o Papa???... Porque haverá quem tente apagar, a nossa memória futura???... Porque haverá quem se julgue, mais português do que outros???... Porque haverá quem pretenda, avivar a memória passada???... Vivemo-la, pois então, não a podemos esquecer mas, males que se esquecem, são males que não magoam!!!... Houve tanto abuso, houve tanta prepotência, houve tanta crueldade, houve tanta perseguição, houve tanto embrutecimento das massas, houve tanta ditadura, houve tanta fome, tanta miséria, tanta emigração, houve tanta teimosia colonial, houve tantas mortes em tantas guerras, houve tanta repressão, houve tanta exploração, houve tanta COISA digna de se esquecer que, por mim falo, faço por isso mesmo!!!...Na história mais recente, a de 1974, a do Abril, a dos cravos, a da revolução, nesse mês das águas mil, na época das cantigas de intervenção, com baralhadas de momento, com asneiras ao montão, não podemos esquecer o que nos ofereceram de mão beijada, a liberdade de expressão, a do voto, a do fim das guerras sem sentido e outras liberdades fundamentais para qualquer ser humano que se preze!!!... Porque será que haja quem, com o pretexto da Constituição ser demasiado esquerdista, (um partidozeco de mínima expressão eleitoral) a queira modificar???... Para que lado???... Com que intenção???... Ele há COISAS que, por mais que tente, não consigo entender ou… entendo, bem demais!!!... Ai Abril, Abril das águas mil, dos cravos na lapela, do fim da ditadura, Abril da história dum passado recente, Abril da memória futura!!!... Porque haverá quem teime, em alterar a Constituição???...



No mês de Portugal/no Abril da revolução/na época em que, afinal/se propagou a canção/espalhada pelo Mundo/que nos toca o coração/bem dentro, cá no fundo/com imagens de ilusão/para turista entender/numa de convencimento/e, mais fácil, receber/o cheiro, a cor, o vento/a hospitalidade fraterna/a beleza deste pedaço/desta terra cálida, terna/junto ao mar, pouco devasso/manso, largo, azul/pelo céu que, o vai pintando/desde o norte até ao sul/numa acalmia de encanto/de bonomia tão prazenteira/dum povo bom, discreto/único na Terra inteira/diligente, sempre honesto/tristonho, pensativo/que, por vezes, se altera/se mostra bem mais vivo/pelo tempo que ele espera/noutra altura, noutra estação/que lhe modifica o sentir/porque lhe toca na produção/pondo em risco o porvir/dele, dos seus, da Nação/neste mês, no de Abril/de poucas águas ou águas mil!...

…lá terão as suas razões, para mim, poucas, mui poucas, porque o que os tempos enterraram, o triste passado da lavoura, da miséria, do analfabetismo, da prepotência, do colonialismo, da soberba, da jactância, da ditadura sem controlo, irracionalmente demoníaca e perversa, está enterrado!!!... Só alguns convencidos deslumbrados e bacocos aguardam, esperançosos, que o tempo volte para trás!!!... É o pensar dum vulgar cidadão, insignificante, tão anónimo, como os anónimos deste País, que ainda mantém uma réstia de esperança em relação ao porvir de Portugal que…merecia mais e melhor do que lhe estão dando!!!...Um abraço do Sherpas…

... ídolos passageiros!!!... (antiga)

...os que pela fama se embebedam, os que se não cuidam e se não aceitam como são, simples pedras, pequenos itens, neste xadrez, neste texto tão longo e extenso, o da vida, são mais fáceis de dar em loucos, mais difíceis de aceitar o inevitável, o passar dos anos, o escorrer rápido, seguro, implacável do tempo, a passagem meteórica dessa maravilha que embriaga, tão fugidia, tão fugaz, tão efémera...pobres coitados, infelizes, que pena tenho deles, como os choro, quando, já ultrapassados, com custo, porque teimam, não se convencem que foram, já eram, já não são...que grandeza de alma, a dos bem formados, a dos não deslumbrados, a dos não convencidos, a dos vulgares, dos insignificantes e anónimos cidadãos dum País qualquer, deste País, que, como autênticos heróis, encaram, com trabalho e sacrifício, a luta do dia a dia, sempre difícil e custosa, não passando daquilo que são, vítimas dum sistema que não lhes paga o devido, antes os explora sistematicamente...destes, da grande multidão anónima, por habilidades nos pés, na voz, na arte de enganar (políticos), ou nas artes, mais artes, as de sempre, passando e ultrapassando a sétima, os que escrevem, os que cantam, os que fazem e entoam boas melodias ou músicas inovadoras que nos arrebatam, os que representam, nos palcos ou nos ecrãs gigantes dos cinemas, os famosos, os que pelo esforço físico, ultrapassam tudo e todos, os extravagantes, os diferentes, os que se distinguem, por feitos e obras, auferem, num curtíssimo espaço de tempo dum estatuto especial, o de ídolos, adulados e seguidos, por fãs ou fanáticos que, tudo lhes dão, (bens materiais, até à exaustão) enquanto, como vedetas, os consideram:



- Num Mundo de sensações/de histerias apocalípticas/de coléricas emoções/de líderes, de políticas/de ídolos de pés de barro/de campeões passageiros/seja em casa ou no carro/adulamos sempre os primeiros/que pomos num pedestal/nas corridas, no futebol/nos congressos, na canção/nas religiões, no andebol/em qualquer competição/manias de clubismo/adoração da camisola/espécie de fanatismo/desde que se sai da escola/torcemos, discutimos/fazemos gestos vários/descontrolamos, aplaudimos/damos urros, comentários/somos heróis do falatório/gastamos massa, inutilmente/seja-se humilde ou finório/porque nos dói o que se sente/pela emoção, pela histeria/pela paixão por um clube/pela sensação, pela alegria/pelo líder que se adule/pelos que nos fazem tresloucar/que consideramos os maiores/desta amálgama de encantar/desta mania dos melhores/gente pouca, pouca gente/que se esforça, alcança/que nos torna fanático, doente/porque se distancia, avança/se torna o melhor de todos/o primeiro, entre os primeiros/neste Mundo de tantos loucos/que gastam sentires, dinheiros/numa histeria colectiva/ política, melódica, desportiva!...

...ter os pés bem assentes na Terra, é fundamental...não nos irmos em cantigas, é necessário...não nos deslumbrarmos, é de homem honesto e digno...não nos convencermos, é de gente sábia...aceitarmo-nos como somos, é de transparência connosco próprios...como o Mundo seria melhor se, por uma questão de organização universal, divina, direi, os maus caracteres fossem, logo de início, encaminhados para uma Galáxia distante, muito própria, onde em harmonia uns com os outros, se sacaneassem mutuamente, entre eles, sem fazerem dos outros, os deste nosso planeta, burros apáticos e...tontos!!!... Sherpas!!!...

terça-feira, 6 de novembro de 2007

... bardadi i suma malgeta!!!... (antiga)

Bardadi i suma malgeta: i ta iardi; (ii) Bardadi i malgos, ma i sertu (= a verdade é como a malaguete: ela arde)

… fui expedicionário, não por vontade própria, como já o tenho escrito bastas vezes… impuseram-me dois anos de estadia na Guiné, em tempo de colonialismos, não participei na guerra, não dei um tiro, sequer, não fui herói forçado, como alguns, simples furriel miliciano, acantonado em determinado local, fazendo parte da engrenagem da altura, cumprindo com o dever que me foi ofertado, obrigação, aflição… maldição, falta de informação, tal como tantos, quase todos os da minha geração!!!... Por lá estive, por lá me mantiveram, de mim… fizeram o que quiseram!!!... Enquanto estive, fui vendo, fui avaliando, fui estudando o ambiente local, as gentes, os costumes, a vida pequenina dos donos daquelas terras, sem vida nenhuma, insignificantes, reduzidos ao mais ínfimo, como nascidos e criados, possuidores naturais… postos de lado, utilizados pelos senhores, os ocupantes, os descobridores do que já existia, abusados até à exaustão, uns… revoltados, os turras ou terroristas, outros… coniventes, por conveniência, por pobreza, por comodismo, subserviência, simplesmente!!!...

Bibus na cora, ki-fadi mortus (se os vivos choram, que dizer dos mortos)

… por vezes, quando parado, perante determinados factos, os noticiados, os exaltamentos que saltam para as páginas dos jornais, provenientes de certas gentes, apelidadas de nacionalistas, simples e feros xenófobos, réstias de todo um passado de má memória, nódoa aviltante da nossa história, sou levado a recordar, como se nada!!!... E, lá do fundo, recordo, como se fora hoje… com clareza, com discernimento, figuras com as que me cruzava, com quem falava, pessoas como eu, de cor diferente, com pior sorte, povo oprimido, calcado, de várias etnias, com suas crenças, com seus modos de vida, tão nobres, tão distintos dos nossos… empobrecidos, ultrajados, mais que abusados, na altura!!!... Nunca fui de humilhar, sempre respeitei, sempre gostei de falar, de me enriquecer com os conhecimentos de outros, especialmente dos que, de raças distintas, mais me podiam oferecer!!!… Ainda hoje, quando tenho ocasião, faço-o com gosto, dá-me satisfação… tal contacto, não o rejeito, agradeço-o, naturalmente!!!... Não sou, nunca fui racista, não me considero superior, nem inferior… simples ser humano, ao mesmo nível, tal e qual!!!...

Bolta di mundu i rabu di punba (=as voltas que o mundo dá são como as asas da pomba)

… aquele pobre negro, já idoso, magro… com uma tesoura de cortar relva na mão, sentado numa lata de cerveja, todos os dias o via, no mesmo sítio, naquele relvado que o ocupava, que teimava em crescer, como obsessão, como ocupação, profissão dum elemento, do grupo dos coniventes, dos acomodados, dos mais pobres… não revoltados, pela idade, pela miséria, dependente, como tantos outros, imagem que se não esfuma, que teima em me assolar, que me persegue, desde quando tinha vinte e poucos anos, expedicionário, forçado… por terras da Guiné/Bissau, ao longo dum mau bocado, ainda o recordo, me lembro das conversas mantidas com ele, numa mistura de dialectos com um português arrevesado, mal compreendido, mal falado pelo dito, intentado por mim, no conhecido crioulo… melhor meio de transmissão de pensamentos, de palavras, nas muitas e muitas conversas com ele, com outros compatriotas dele, numa fome incontida de saberes, são passados tempos imensos, os que me impeliam a isso, ao respeito, ao entendimento, à compreensão, à exaltação daquele povo amigo, irmão… agora, emigrantes em Portugal, tal e qual!!!...
Burguñu i ma morti (=a vergonha é pior do que a morte)

… ainda recordo, quando com a voz embargada pela emoção, o tal velhote, o que cortava relva com uma tesoura enorme, sentado numa lata de cerveja… ripava duma carteira velha e gasta, como ele, mostrava… com laivos de orgulho, (???...) com humildade, com subserviência, o cartão de cidadão português, de segunda claro, imitação barata do B.I. do português Continental, tal como o dinheiro, tão diferente, como tantas outras coisas mais, tempos de Amílcar Cabral, de Nino Vieira, revolucionários e guerrilheiros, terroristas a tempo inteiro, com caminhos nossos conhecidos, um… assassinado, outro… Presidente, expulso, em bolandas, com intenção de… novamente!!!...

Dinti mora ku lingu, ma i ta daju i murdil (= os dentes moram com a língua, mas às vezes eles a mordem)

… recordo os homens grandes, as músicas cabo-verdianas, as coladeiras, as mornas, as festas nas tabancas, os batuques, (… roncos!!!...), os Balantas, os Bijagós, os Fulas, os Mandiga, os Mandjaco, os Papel… entre outros, que nunca me maltrataram, sempre me aturaram!!!... Não fui guerreiro, não senti ódio, não fui opressor, fui expedicionário forçado, de mim… fizeram o que quiseram, como curioso, convivi, vivi, aprendi, compreendi, aceitei como iguais, nada mais!!!... Recordo as paisagens, o mato, a bicharada variada, os trovões, as chuvadas, as carências imensas daquelas gentes, o paludismo que sofri, a mosquitada, a humidade intensa, os frutos tropicais, a colónia mais miserável… entre todas as outras, com guerra, sem ser guerreiro… nunca dei um tiro, sequer… recordo as minhas pequenas tolices, próprias da idade, quando fardado!!!...

BICO FINO É SÓ PA NHÓS - Coladeira
(Vuca Pinheiro)
Story of a Capeverdean immigrant that still prefers the
quiteness and the simple life of the Islands as oposed
to the wildness and the uniqueness of the imigration.

LUTCHINHA - Voz
ZÉ RUI - Voz

Ami sintado na baranda
na ‘squina d’nha pensamento,
num silêncio simâ convento,
ta contâ voltas di catavento.

Coragem irmon, é si quês flâ’m,
ba pa ‘strangêro vivê bo vida,
aventura ‘m tem na sangue,
coragem ca ta faltâ’m.

Li na ‘strangêro
ês montâ’m, ês pô’m barbitcho,
Destruí’m nhas fantasias,
fazê’m cêga co dinhêro.

Bendê’m nha sangue,
ês chinâ’m flâ quel quê torto,
ês dâ’m padja, ês bacinâ’m,
bico quente ês pô’m na môn.

Nhôs cu nhôs nhôs djuntâ mom,
nhôs falâ, nhôs culbitâ,
gato ‘scaldado na lume
tem medo di água quente.

Nhôs tirâ, nhôs pô mas tcheu,
nhôs temprâ, nhôs cozinhâ,
bistí saia di ‘scocês,
paladar di marciano.

Lebâ’m nha terra,
ca bo dexâ’m na ‘strangêro,
nem co Guilda nem co Dollar
djâ’m ‘stâ farto di riola.

Adeus nhas guêntis,
camaradas e patrícios,
quêl groguinha é quê di meu,
bico fino é só pa nhôs.

… outros tempos, aqui recordados… um pouco!!!... Sherpas!!!...

... apanágio do meu... regozijo!!!...

… apanágio do meu regozijo,
recreio,

meu devaneio,

oceano de águas paradas,
imensas,

quando pensas,

dias sempre iguais,
tão normais,
casa, emprego,
apego,
família, amigos,
continuidade rotineira,
tempos idos!!!...

… chão molhado, dias de Outono,
chuvada que veio,
quando observas, analisas,
quando intentas,
tristonho,
tal como o tempo,
carregado de sombras escuras,

quando auguras,

ruas estreitas sem saída,
becos tortuosos,
caminhos interrompidos,
bosque cerrado,
pejado de obstáculos,
de feras,

quando menos esperas,

tempestade que se desenvolve,
que assusta,
que amedronta qualquer,

quando busca,

uma saída para a vida que faz sofrer,
melancólico,
soturno,
tão rasteiro,
capacho dos que o relegam,

desespera,
um vazio enorme,
quando lhe negam
a sua terra!!!...

… emprego que acabou,
falência que abate,

atmosfera,

soluços que sufocam,
apoucam,
sem sentido,
Inferno que cerca,
que aperta,
cara com que se fica,
destino tão incerto,
tempestade que se avizinha,
tão distinta da vida que tinha,

hecatombe,

quando relegado,
desastre,
sociedade com defeito,
sem arte,
mais um posto de parte,
qual a culpa,
qual o pecado,
oceano imenso de disparates,
nuvens negras que encobrem,
bosque cerrado,
caminho com socalcos,
quando partem,
destino incerto,
sem regozijo,
sem devaneio,

não é recreio,

labaredas que queimam,
destroem,
deixam… neste desterro,
incendeiam,
ferem, quando despedem,
machucam,
moem!!!... Sherpas!!!...