sexta-feira, 17 de julho de 2009

... até que a morte... os separe???... (antiga)



... contribuí, com o meu esforço pessoal e na altura própria, para o bem de seres humanos, fui produtivo enquanto trabalhador no activo!!!... Mais missão e ensinamento do que esforço físico que dispendia!!!... Pela polivalência envolvida, pau para toda a colher, quando professor primeiro ou primário!!!... Como contrapartida, salário reduzido que me davam!!!... Ensinava tudo e mais alguma coisa, primeiras ferramentas que contribuiam para a formação integral da criança que me entregavam, quase sempre com as palavras que já eram norma “professor, só lhe quero a pele” ainda em altura da palmatória!!!...

... as turmas eram extensas, as carteiras desconformes, os vencimentos reduzidos, os programas enormes, a sociedade era de pedra, tal como o papel, de pedra era o lápis ou esferográfica, ainda quando a caneta com aparo mergulhava num tinteiro de porcelana, dando origem a borrão incomodativo, quando s´usava uma pele de borrego como apagador do giz que s´utilizava no quadro negro, livro aberto, tempo do ponteiro da cana da India, com várias funções, admito, do cuspinho e do pedaço de pano com que se limpavam os arabescos na ardósia, do calção curto nas crianças, dos pés descalços de quase todos, dos “absurdos” que se cometiam!!!...

... lembro as contas a perder de vista, todas as provas e mais algumas, problemas com várias interpretações, tabuadas memorizadas, papagueios ritmados, história dos quatro reinados, geografia abrangente, leitura fluida e corrente, escrita como perfeição, ciências naturais do corpo, das plantas, dos animais, com exames no terceiro e no quarto anos realizados por júris que se deslocavam doutras escolas, quase todas do plano dos centenários, rudes, agrestes, rústicas e pesadas!!!...

... anos de formação para a maioria da população, uma quarta classe bem feita, com diploma e fotografia era um atestado de valia... naqueles tempos!!!... As coisas evoluiram, modificaram os procedimentos em relação aos alunos, a sociedade tornou-se mais permissiva, outros valores surgiram, utensílios que se deitaram fora, os velhos compêndios, livros únicos, foram-se colorindo e variando, maior oferta, negócio rendoso, o velho mestre-escola foi-se actualizando, servindo com brio e profissionalismo, sendo mestre, sendo exemplo, praticando uma missão, um trabalho, respeitando e sendo respeitado!!!...

... actualizando sempre, acompanhando os tempos, inclusive nos vencimentos, na reforma das práticas docentes que s´iniciou, que continua, pelos vistos, praticando o meu trabalho, tarefa que fazia com gosto... não físico, sendo também, continuando “pau para toda a colher” vendo transformar os programas em “elásticos” porque mais curtos mas que se podiam esticar, consoante gosto de quem os interpretava, obtendo resultados, regando jardim, vendo-o viçoso, forte de tal modo que, quando os entregava para outro grau, o “ciclo” não necessitavam muito de se esforçar porque o que lhes ensinavam, já sabiam!!!...

... satisfação que me preenchia quando... passados anos, tomava conhecimento dos êxitos obtidos pelos que me foram entregues no “primário” ou primeiro ano de vida escolar!!!... Como tudo... fui envelhecendo, chegou a altura, arrumei as botas e parti, com sentimento redobrado de dever cumprido, para a situação de reforma, não, sem antes, ter tomado contacto com computadores, inciar, iniciando ainda alguns discentes nesta portentosa valência, conhecimento mais fácil, futuro promissor, tempo tão diferente dos meus primeiros passos numa profissão que realizei, gostei... enquanto trabalhei!!!...

... não me sinto arrumado, faço o que gosto... com gosto, escrevo como gosto, delicio-me com algumas coisas que vou lendo, tento brincar com as palavras, amigas do peito, amigas de sempre, zelo, à minha maneira, pelo cadinho que me pertence, conquistado a duras penas, critico e sempre criticarei aproveitadores dos trabalhos dos outros, velhos e encarquilhados que estão agarrados, quando babosos e deslumbrados com eles próprios, tentando impor ideias, comportamentos, acumuladores d´impérios piramidais que, por capitais, se reduzem e tentam confundir, impeditivos do que é natural, tal como o caudal dum rio, barragem ou paredão que... não interrompe, não, faz parar a água por momentos, depois vai por aí buscando e abrindo caminho, sem qualquer tipo de contenção!!!...

... lembro políticos que deveriam estar arrumados.... praticando a nobre arte da pesca ou da caça, escrevendo livros d´encanto, com ou sem memórias, lembro velhíssimos empresários que, donos de tudo e de muitos, julgam que não acaba, reconheço parasitas de regime, açambarcadores de milhões, indevidamente, não exalto redutores d´ideias... mesmo nos cargos mais elevados, contesto-os, não os respeito, acumuladores do que poderiam dividir pelos mais necessitados, lembro teias que tentam atirar para mentes mais jovens e lamento-os profundamente!!!...

... cada galo com seu poleiro, a tempo inteiro, na hora certa, mente desperta!!!... Quando “caducos”... arredados com dignidade, dando lugar a outros, não tentando marcar posições, reformados ou aposentados, se possível, mais calados ou resmungando, como eu, opinando, opinando, deixando fluir com normalidade, sem ofensas ou impedimentos!!!...Os que foram “vedetas”... deixam de ser, mais tarde, mais cedo!!!... Há que aceitar o que é natural!!!... Enfim!!!... Sherpas!!!...

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