domingo, 1 de março de 2009

... banquete!!!...




... caminhando sobre tapete vermelho,
que espelho,
como quem desliza, não pensa,
segue como em procissão,
que perfeição,
nem um argueiro no olho, uma prega,
um pedaço de poeira, um cabelo,
pose estudada com anterioridade,
assessoria adequada,
interrogações que me interrogam
perante tal realidade,
imagem quase parada,
espanto no desencanto que se esconde,
que alteia, quase foge de mansinho,
ao som do hino,

força com traje de gala, perfilada,
vozeirão de comando que soa,
entoa,
tacões que batem uns nos outros,
fazem eco,
são poucos,
armas seguras frente aos rostos,
bem postos,

dia de festa na rua, frente ao Palácio,
banquete que se apresta,
cozinha plena de cheiros,
diferença no que se mostra naquele espaço,
amplos salões,
gentes de muitos milhões,
finuras, salamaleques, com queques,
pastéis, salgados circulando,
fase de entradas, canapés,
de champanhes Mouet Chandon,
para os que vão chegando,
pratos frios, alguns souflés,
servidos, com jeito, por um que outro “garçon”,

aperitivos que se bebericam,
sorrisos que de quem gasta numa festa,
contenção nos gestos primeiros,
viveiros,
os que chegam, os que ficam,
raça de pura casta, comensais,
figuras gradas, quão diferentes das demais,
por obras, por dinheiros,
aguardam regresso do excelso
que cumpre ritual menos caseiro,
dando-se ao Povo, por inteiro,

agitação misturada com alguma emoção
de quem se revê naquela figura,
criatura que não descura postura,
domesticada até à exaustão,
presente a televisão,
guarda boneco para mostrar,
para mais tarde recordar,
País que brilha, retoma caminho, acerta rumo,
que aprumo,

palavras escassas, anterioridades,
escritas com desvelo, muito empenho,
por quem lhe fornece aquelas pistas,
bem escritas,
melhor ditas,
comentadas por quem as ouve, aplaude, convence,
que bem se sente,

que frete,
mais um queque,
pastel com recheio de bacalhau,
alvarinho gelado,
tempo curto, parado,

estardalhaço que continua,
na rua,
gaitas, cornetas, tambores,
cavalos que passam
chacinam pedras da calçada,
ferraduras que resvalam,
ruídos que se juntam, nomeada,

o tempo passa e quando perpassa pelas tropas em parada,
sorrisinho lhe assoma no rosto,
mais composto,
quando pensa no repasto,
naquele prato,
escabeche frio, alguns patés,
vidigueiras brancos de reserva,
vinho especial, rebuscado, raro,
doçarias conventuais,
logo seguidas de café,
comensais divertidos, boçais,
“vintage” de muitos anos que o delicia,
hora do brinde, do Porto de honra,
que desonra,
quanto brilha, aprecia,
comentário que preserva,
graçola que ouve,
casquilhante quando observa
alvo que apontam no que lhe coube,
ricaço redondo de rebentar,
presença obrigatória, ridícula, não saber estar,
outra conversa, outra estória,
bom bocado,
dia festivo, recordatório nacional,
acontecimento com banquete,
bem comidos em salões...
obrigações
em dia de monta que se apronta,
já corrido, já passado!!!... Sherpas!!!...

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