segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

... estavam adormecidas!!!...

… estavam adormecidas, quase esquecidas,
tínhamo-las perdido, por uns tempos,
quando soltávamos a vista pelos campos, secos e nus,
cinzentos, castanhos e pretos, poucas vidas,
alguns verdes escuros do arvoredo, nos montados,
inquieto, interrogava memórias idas,
relembrava cenários passados,
tentava dar formas e cores, alguns odores,
zumbidos e trinados, por todos os lados,
colorir tela vazia, quando me pus,
parado, tolhido, pensativo, naquele lugar,
imenso descampado colorido,
inverso do meu pensamento, noutro momento,
agora solarengo, pintura esmerada,
com tons adequados, um primor,
com águas nos ribeiros, verdes vivos… tanta flor!!!...

… com roxos esfuziantes, alvuras imaculadas,
tão densas, espalhadas,
amarelos doirados, bem carregados, vermelhos nas papoilas,
rosmaninhos e alecrins, pelos caminhos,
odores inebriantes, carmesins e jasmins rosados,
por todos os lados,
rosas silvestres, de colorido variado,
tufos de silvados, algumas amoras,
esteva de flor branca, sensível,
giestas de flores caídas, que se derramam,
urzes, com cores aos cachos, incrível,
malmequeres embrutecidos que nos chamam,
que nos gritam suas belezas, quando clamam,
gramíneas e bromélias, lírios,
em qualquer canto… por todos os sítios!!!...


… vidas que brotaram pelos ares, pelos terrenos,
nestes sítios, sempre os mesmos, isolado
do Mundo de betão, urbanidade que me aflige e cansa,
quando me massacra, não descansa, corrida louca,
me isola na multidão, companhia ilusória,
ruídos, caras estranhas que se aproximam, passam,
carros que correm com fúria notória,
destinos díspares, vidas sem estória,
repetição dum filme já visto, gasto… sem préstimo!!!...


… quando olho e vejo, aceito, me afirmo,
embevecido por elas, tão belas,
renovadas pelas chuvas passadas, vigorosas,
esbeltas, aos molhos, quantos tapetes se alongam,
com tonalidades diferentes, matizes esplendorosos,
vivas as cores daquelas flores silvestres, formosas,
descanso meus olhos, pensares se prolongam,
recuos, avanços meus, paisagens, memórias,
vales ondulantes, viçosos,
ponteados, aqui e ali… sentidos, tocados por mim!!!...


… berço, começo, lembranças do tempo,
paragem, renovação, recomeço,
aversão, quando adormecidas, inertes, escondidas,
brotaram, por fim,
cobrindo campos extensos, floridas,
as plantas próprias da Primavera,
a que se adora, que antecede o Verão,
quanta beleza… rara emoção!!!... Sherpas!!!...

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