sábado, 19 de janeiro de 2008

... quando1!!!... (antiga)



…quando, por ali… passo, nas ruas estreitinhas, ladeadas por casas velhas, arruinadas, muitas delas, com rachas bem avultadas, descoloridas, sem tinta, no osso, pouco vejo, pouco oiço mas, com insistência, com mais permanência, com atenção redobrada, consigo lobrigar…pessoas idosas, enrugadas, com brancos, alquebradas, curvas, desgostosas, isoladas…tal como as casas, abandonadas!!!...Não se escutam músicas, não se ouvem barulhos de rádios, de televisões, não se ouvem ruídos de crianças, tal como as ditas…os moradores, aguardam, de pé, esqueléticos, herméticos, sombras do que foram, no passado, alquebrados pelos muitos anos, débeis…quase apagados, postos de lado!!!...Pouco comem e, o que consomem…não é o mais indicado, pela mísera reforma, minguada, quase nada, pela saúde…um fogacho, uma faúlha, trémula, periclitante!!!...Vezes por outras, lá vem uma carrinha da assistência, com alguns tachos, algumas panelas, com pessoas… mulheres novas, fardadas a preceito, que entram nalgumas daquelas casas, daquele bairro degradado, rachado, arruinado…descolorido, sem viço, saindo, passado pouco tempo!!!...Morre o bairro, definham as casas, fenecem os seus moradores, pobres sombras do que foram, no passado!!!...Sem um riso, sem ruído, com um fardo, bem pesado…o da velhice, sem dignidade, tão longe da realidade, duras penas, pobres almas… que condenas, País este, que te contradizes!!!...

…quando, por ali… passo, naquele velho jardim, viçoso, sombreado, com umas mesas de pedra, gastas, pela idade, com uns bancos, de material idêntico, à roda, à volta, sedentos de quem os ocupe, por momentos, durante horas…esquecidas, por idosos desocupados, já reformados, em partidas de cartas, intermináveis, à bisca ou outras modalidades, porque nisto de cartas…há muita imaginação, muito jogo, muita tradição, contradição, muita aposta, muito gosto, muita ocupação, numa de perdidas, numa de ganhos…de vitórias que se anotam, num papel sujo, tosco, com um lápis rombo, um pedaço…já gasto, como gastas as cartas, daquele baralho, que se baralha, uma, duas, trinta, mil vezes e mais, em tardes que se repetem… em tardes quentes, em tardes frescas, mais agradáveis…numa conversada, num relembrar de quando novos, quando eram gente…antes de pararem, antes de se arrumarem, naquela mesa, naqueles bancos, com um baralho de cartas, velhas e gastas, como eles…sem préstimo, sem cheta!!!...Profunda humilhação, de quem assim trata…os maiores, os mais idosos, os que se arrumam num canto, dum jardim qualquer!!!...

…abraço do Sherpas!!!...

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