quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

... eternidade!!!...


… existência da morte que se perspectiva,
falência ou vivência depois da vida,
um sorriso duma criança,
passagem fugaz, vertiginosa,
uma luz, laivo de esperança,
curto intervalo, alegrias, tristezas, sobressaltos,
por vezes, atalhada
por vivos incontidos, gente perigosa
que não se visualiza,
uma festa, um gargalhar,
por quererem demais, coisinhas de nada,
ganância enorme, avantajada,
quando se dança sem parar,
ambicionam poderes que não acabam,
obra maquiavélica, macabra,
quando destroçam, quando matam,
uma noite escura como breu,
quando se avolumam com obras doutros,
quando se transformam em monstros,
miríades de estrelas no céu,
deixando rasto, convencidos
que jamais, serão esquecidos,
uma brisa fresca em tarde de Verão,
depois de mortos, também,
amalgamados… no mais além,
um alívio, uma emoção,
aquém,
em fossas, em tumbas, mausoléus espampanantes
com dizeres exaltantes,
o soar dum grilo realista,
aqui jaz, o que de tudo foi capaz,
quando vivo… quando voraz,
no seu buraco, longe da vista!!!...

… momentos sublimes, radiosos,
tão raros, quase escassos,
o desabrochar duma rosa,
única verdade que conheço,
olhando ao redor, quando vivo,
entregas, sentimentos portentosos,
quando se enleva, quando se mostra,
maravilhas que distingo,
partilha com outros tão diferentes,
variedade ilusória, realidade que se esfuma,
aromas inebriantes se espalham,
mortes que se anunciam, sempre presentes,
tornando-nos ausentes,
nos incendeiam coração, afagam,
depois de velhos, gastos, destino final,
estendidos na urna,
sonho, retorno abissal,
arvoredo que, de tão espessos,
sombra que se espalha, se estende,
louvores ao desconhecido,
suas folhas batidas pelos ventos,
entoam, baixinho
são medos que falam,
embalos, vagidos,
renascer dos vividos,
remanso dos vencidos,
esperanças tão vãs
cabisbaixos, entristecidos,
dos que ainda são, deixam de ser… foram nascidos!!!...


… pelos feitos bem desfeitos, razias cometidas,
rejeitadas, aplaudidas,
estátua que eterniza, que assombra,
disfunção mental que predomina,
insanidade que se abomina,
bruta fera, vontade férrea, peçonha,
que provoca dor, causa dano, quebra caminho,
que irrompe, como voragem assassina,
em qualquer recanto,
no Paraíso
onde vivo, onde me abrigo,
abraço fraterno, sempre benquisto,
porque existo,
ligação que se irmana, compreensão,
da vida que brota, uma efusão,
não sou eterno, logo serei morto,
pó que se juntará ao pó naquele horto,
depois de extinto,
assim o sinto, enquanto desmereço
o que não peço,
consequência do que é inevitável
após este breve milagre,
tão pujante, tão belo… inacreditável!!!...

… sublimes momentos,
penso,
tão harmoniosos, tão singelos,
encantos, desencantos, contra-senso,
água do rio, turbulenta,
montanha onde nasceste,
pradaria onde se estende,
mais calma, tão lenta,
sucessão de acontecimentos
na parcela que nos cabe,
se guarda, enaltece,
engrandece,
que nos sabe bem,
tão concreta, quando se tem,
enquanto dura, não se acabe,
nuvens em turbilhão, brancas e densas,
início do que intentas,
carregadas, de maus augúrios, negras, escuras,
ventanias, fúrias,
devassidão,
rugido, destruição,
bem longe de martírios, sofrimentos,
guerras, mortes,
outras sortes,
longe das dores,
tristes pavores,
sorriso, canção, dança que evolui,
rodopio, silêncio que se não ouviu,
matanças provocadas,
crueldades impensadas
numa harmonia que se deseja,
entrega total, compreensão perfeita,
que se ajeita,
que também faz parte, quando entendida,
simples elemento, mais uma vida,
decadência, logo à nascença,
marcando presença,
com um objectivo, enquanto vivo,
morto confesso,
assim entendo, assim professo,
postulado absoluto
em todo o Mundo!!!...

… bênção, apologia que faço
quando desmereço este lapso,
quando me extasio perante o que admiro, respiro,
embeveço,
não esqueço,
escrevo, descrevo,
maravilhado pelo sol resplandecente,
pela chuva miúda que se torna rosácea,
multifacetada,
arco-íris incandescente,
vivos como eu, imensidade de seres diversos
tão dispersos,
intermitentes, mais rápidos na falência,
alimento doutros, curta existência,
formiga que se esmaga com o pé,
ave que esvoaça, que é morta até,
depois dum estampido seco, tiro de quem caça,
não escapa,
quanta graça,
diversão, extinção provocada,
alimentação,
fauna tão complexa, flora que nos rodeia,
que nos premeia,
não nos pertencem,
enriquecem esta visão,
realidade, doce ilusão,
período tão curto,
encarnação!!!...

… era verde o meu vale, florido o descampado,
mil insectos, plantas multicores,
um chilreio, devaneio,
quanto encanto aquele prado,
com labaredas pelo meio,
jaz, acinzentado…
breve ressuscitará,
lendas passadas, não creio
na Fénix que nos assombra, quando nos faz sonhar,
na vida que há-de voltar,
interpretação de quem se não julga perene,
que ama, com egoísmo, entorno que pretende manter,
que se delicia com tudo, que come, tudo bebe,
quer viver,
não matando, tendo que morrer!!!...


… quando me tocar, já gasto, tão farto
do que descarto
humildemente,
como simples poeira que por aqui caiu,
pobre gente,
como outra qualquer,
diferente,
quando se não quer matar,
que foi estrela, foi universo,
deixou de ser, quando acabar
terá de morrer,
deixará de ser tropeço,
porque o tempo é implacável
quando destrói, sem gozo,
um vivo que fica morto,
obra feita, desfeita… esparso esforço,
intento inglório, não meritório
quando no envoltório,
momento desaproveitado,
desperdiçado… depois de acabado!!!... Sherpas!!!...

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