segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

... dormir!!!...




… dormir, é morrer um bocadinho, todos os dias,
é recuperar, carregar baterias,
é dar descanso, sossegar, fechar portas,
é abstrair do que nos rodeia,
é ir mais além, ficando mais aquém,
é cortar as amarras que nos prendem,
é pensar, profundamente, no que se anseia,
é libertarmo-nos do que nos retém,
por caminhos diferentes, por travessas tortas,
por encruzilhadas confusas, difusas,
miragens fugazes, translúcidas,
relâmpagos repentinos de lucidez,
ambições e desejos, com avidez,
quando, embalados, no Mundo do sonho,
dormindo, sorrimos embevecidos,
confundindo espaços tão diferentes,
nesse recanto privado, o do sono,
na nossa cama, no nosso quarto,
quantas vezes, me ponho,
alegre e feliz, como criança despreocupada,
amargo e tristonho, depois de pesadelo,
noite, sem descanso, prolongada,
tormento que se alonga… desterro!!!...

… quando mais velhos, cansados e gastos,
pouco dormimos, pouco sonhamos,
vamos fingindo, quando parados,
estendidos na cama, quando fechamos
portas, janelas, persianas,
a luz dos nossos olhos, quando cerramos,
por momentos escassos, esparsos,
esta loucura, que se não procura,
realidade dura,
sono completo, visões tamanhas,
doces remansos, grandes descansos,
tão afastados, que nos são negados,
feéricos, só imaginados,
períodos bem curtos, tão repartidos,
não descansados… pouco dormidos!!!...

… consequência de quem muito viveu,
de quem tem muito que aproveitar,
sono de velho, sono já gasto,
quando se pensa, quando se dorme,
um pouquinho, de cada vez,
quando ainda se não morreu,
quando nos agarramos, querendo ficar,
vivendo, de olhos abertos, no mesmo espaço,
temendo as sombras, a noite que nos consome,
fazendo maior, aquilo que Deus nos deu,
a vida que se consumiu, se desfez,
num ápice, quando se olha para trás,
sem sono, num pesadelo atroz, não satisfaz,
pensamos que, quando dormimos,
vamos morrendo, um bocadinho,
todos os dias, numa voragem,
prevendo o fim da caminhada… da viagem!!!... Sherpas!!!...

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