segunda-feira, 22 de outubro de 2007

... o Alentejo... no mês de Agosto!!!...


… o Alentejo, meu amigo,
ao longo do mês de Agosto,
assim o penso, assim o sinto,
só depois do sol posto!!!...

calma que se espalha, lentidão,
tarde quente de Verão
na rua deserta da vila alva como linho,
branco ligeiramente desmaiado,
sombra reconfortante, cigarra que soa seu hino,
barulho repetitivo que convida
a um cerrar de olhos, sonolento,
atirar dum corpo descuidado,
banco de pedra fria,
adormecido,

até ele sofre calor intenso,
quebra-se a fortaleza de qualquer
perante,
liquefaz-se o pensamento,
esboroam-se imagens que adormecem
na modorra que nos sustenta,
esquecidos,
vê-se estampado no rosto
em qualquer mês de Agosto
quando, com valor, se enfrenta,

recordam-se coisas diversas,
lembra-se melancia fresca, doce,
recanto doméstico, interior,
portas e janelas cerradas,
lânguido percalço, como se fosse
dia do Juízo Final,

longa tarde quente de Verão
vila branca, desértica,
mantendo tons, estética,
folhagem de árvore que não bule,
azul forte como campânula,
palco gigante dum Sol abrasador,
vedeta sideral,
energia, vida, ponto fulcral,

gaspacho frio na mesa, minha gula,
campos gélidos da Sibéria, meu desejo, pendor,
som arrastado da cigarra
noutra tarde calma
dum Agosto que não este,
ligeira aragem que passa,
tal como eu,
por aqui,
um bocadito diferente
como se quer em toda a gente,
sendo normal como os outros, porque… iguais,
nem de menos, nem de mais!!!... Sherpas!!!...

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